CAPÍTULO 2

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Caminhando pelas poucas árvores em meu caminho me encontrei na vastidão da grama verde apenas com o lago a minha frente, Sem perceber os pássaros voando agitados e os sons abafados que ecoavam entre as árvores, meu único pensamento era saciar minha sede. A simples ideia de água fresca já revigorava meu corpo, tornando o suor e a sujeira insignificantes.

Ao chegar a margem do lago, uma visão tentadora. A água parecia limpa o suficiente, e sem pensar duas vezes mergulhei minha cabeça inteira no lago. Senti a água fresca deslizando pela minha garganta, abrindo caminho até meu estômago. Uma sensação revigorante percorreu todo o meu ser, enquanto eu saboreava cada gota daquela preciosidade líquida. Era pura, doce e refrescante - uma maravilha natural que saciou completamente minha sede. Bebi até não poder mais, bebi tudo que podia suportar.

Emergi a cabeça do lago respirando eufórica sentindo o peso da água no estômago, Tossi e vomitei um pouco de água por ter bebido rápido demais e em excesso, meu cabelo, antes preso em um coque, se desfez, revelando seus fios escuros como ónix, ondulando diante dos meus olhos e obscurecendo parte da minha visão. refiz o coque com um nó apertado, respirei fundo e saboreie a sensação de estar calma de estar em paz e logo voltei minha atenção para as árvores ao meu redor, percebi que estava com sorte. Elas eram frutíferas, algumas das frutas pendiam em cachos, prontas para serem colhidas. Com um pouco de esforço, eu sabia que poderia alcançá-las. Confiei em minhas habilidades e na possibilidade de escalar com facilidade.

Seguindo pela margem do lago as árvores eram fartas, havia muitas frutas que brilhavam com sabor e doçura mesmo estando longe Já era possível sentir o cheiro que pairava pelo ar, a saliva escorria pelo canto da minha boca ansiosa para saborear a doçura das frutas que reluziam à distância. apressada para sentir o doce das frutas meu objetivo era claro: chegar até as árvores e saciar minha fome. Mergulhada nesse pensamento, não percebi o perigo desse mundo selvagem e primitivo. Estava prestes a aprender, da forma mais dura possível, que a natureza pode ser tanto generosa quanto implacável.

As aves alarmavam com gralhares enquanto as moitas ao redor farfalhavam, Algo começava a emergir da vegetação não muito distante, avançando silenciosamente entre as árvores e as moitas pelo meu flanco direito, Eu estava tão hipnotizada pelas árvores que não quis prestar atenção em mais nada e segui caminhando, já na metade do trajeto em direção às árvores, ainda hipnotizada pelo brilho e pelo balanço dos cachos amarelo-esverdeados, Somente quando uma mancha marrom apareceu em meu campo de visão periférica que despertei para a realidade e logo tomei ciência da situação

Eu fui ingênua, como um filhote solitário explorando o mundo pela primeira vez, sem a menor noção do perigo que me cercava. Eu não deveria ter ignorado meus sentidos, diante de mim surgiu uma visão perturbadora: uma criatura desengonçada, semelhante a um javali, mas distorcida em sua aparência. sem o focinho avançado suas presas espreitando de ambos os lados da boca, sua testa encaroçada e suas costas revestidas por uma pele grossa e encrustada quase óssea com pelo grosso marrom escuro, o corpo robusto e musculoso mostrando uma ampla dieta e os olhos gulosos, os cascos do animal começaram a arranhar o solo e os seus olhos traçaram o caminho até mim,

Um grunhido gutural rompeu o silêncio ecoando pelo ar. Seu corpo maciço avançava em minha direção com uma ferocidade assustadora, parecia ter uma tonelada e sua expressão era nada amigável, a cada passo o javali aumentava sua velocidade, sua corrida selvagem era uma manifestação dos seus instintos mais primitivos, uma disparada lenta logo se transformou em uma investida furiosa, com o animal ganhando velocidade a cada momento.

Eu vi o tempo parar enquanto a brisa gelava o suor e a água em meu corpo, não havia tempo para pensar, o medo repentino embaralhou os meus pensamentos e todas as opções se tornavam absurdamente improváveis. Firmei os joelhos e cravei os dedos no chão, uma explosão de adrenalina percorria minhas veias e meu cérebro fervia calculando freneticamente todas as possibilidades ao meu redor.

A Coroa de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora