CAPÍTULO 9

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- Mas como isso é possível? - Exclamou Zarek. - Eu venho tentando ajudá-la esses dias. - E a culpa corroeu seu rosto.- É uma doença rara, onde o corpo rejeita a magia e a magia rejeita o corpo - Explicou Garunthe. - Se você usou magia, então ajudou a piorar seu estado.- Pelos céus, o que foi que eu fiz? - Zarek pôs as mãos na cabeça e encolheu os ombros. Eu pude sentir a dor em suas palavras. Algo havia quebrado dentro dele.- Temos o Grilo-do-dia. - Disse Zarik. Sempre rápido e direto com as palavras.- Misericórdia, vocês conseguiram? - Garunthe arregalou os olhos, incrédulo.- Foi difícil. Depois que o encontrei, demorei seis dias para capturá-lo. - Disse Mamont. - Mais tempo do que eu gostaria.Mesmo Mamont, com sua velocidade e desenvoltura, que vi contra o Urroch, demorou seis dias para capturar o grilo-do-dia após encontrá-lo. Fico imaginando que tipo de ser esse pequeno animal seria.- Isso foi espetacular. Diria que já é um milagre você ter encontrado ele. Não sei o que dizer sobre capturá-lo. - Diria que vi uma expressão de surpresa no rosto assustador de Garunthe. - Me passe o Grilo.


Com a jaula em mãos, Garunthe pegou um punhado de ervas em sua mala. Logo elas queimaram em sua mão e viraram fumaça, magia novamente. A fumaça começou a envolver a gaiola, enquanto o grilo dentro dela ficava imóvel, tomado por uma tranquilidade repentina. 


Todos olhávamos tentando ser úteis em alguma coisa. Havia uma apreensão no ar; ninguém ousava falar se não fosse o necessário. Zarek ainda se lamentava com os olhos pesados.Garunthe começou a preparar uma mistura de líquidos em vidros estranhos e macerou ervas em uma vasilha de madeira. Depois, cuidadosamente, arrancou as asas e as patas traseiras do Grilo-do-dia e continuou a misturar tudo.


- Levantem ela, vou precisar fazer com que ela engula isto mesmo desacordada, e façam isso sem magia, suprimam sua magia a zero ou ela não irá resistir. - Garunthe tinha uma forma de falar sem transparecer sentimento. Parece que já viu muitos partirem para não se importar mais com o peso das palavras.


Após um breve momento de pausa, todos respiraram fundo, concentrando-se em suprimir sua magia. O suor escorria de seus rostos, Arzew trocou de lugar com Zarek e ajudou Mamont a sentar Anbeda na cama.


Garunthe concluiu a preparação de seu antídoto, de costas para a cama, enquanto eu e Lana permanecíamos ao lado da porta, do lado direito do curandeiro. Um rápido olhar de esguelha de Garunthe nos alcançou e logo nos ignorou. Lana estava concentrada em Mamont, mas eu, eu vi a magia. A mão de Garunthe começou a brilhar, e de sua unha emergiu um fio de magia que se fundiu com o antídoto, uma magia sutil e cortante, quase imperceptível, mas suficiente para transformar o líquido viscoso em veneno mágico.

Cada advertência dita ecoou em mim: sem magia, ou ela não resistiria. Segurei firmemente a mão de Lana, consciente do que estava prestes a acontecer. Ele iria matá-la.

-O que foi?-, Lana perguntou, notando minha tensão.

Garunthe virou-se e se aproximou de Anbeda com um frasco que parecia brilhar em um tom de azul pálido. Mamont inclinou a cabeça da jovem mestiça e abriu cuidadosamente sua boca. Os passos de Garunthe ecoavam pelo ambiente, um som sólido e seco que enviava arrepios pela minha espinha. Ninguém podia perceber o que eu sabia, e eu não podia permitir que o medo me dominasse. Mesmo tremendo e com os nervos à flor da pele, eu gritei: -Ele vai matá-la!-


Garunthe parou ao lado da cama, e todos os olhares se voltaram para mim. Zarek rapidamente mudou sua expressão de lamento para espanto. Garunthe me lançou um olhar cheio de ódio, faíscas pareciam acender por trás de seus olhos sem vida.

A Coroa de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora