CAPÍTULO 7

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-E por que diabos estão aqui? - Retrucou Zarik, franzindo ainda mais o cenho, que já era bem marcado naturalmente.

-Eu as encontrei. Estavam numa situação difícil na terra de Sempre-dia, prestes a virarem comida de Urroch, então resolvi dar uma mãozinha. - Mamont mantinha uma conversa casual com os três senhores, mesmo quando Arzew não ousou falar e não demorou mais que um instante para ir buscar água.

Dei um passo à frente, juntando as mãos e encolhendo um pouco os ombros. - Sou muito grata pela ajuda. Se não fosse pela boa ação de Mamont, estaríamos mortas neste momento. - O olho de Zarek voltou a brilhar. 

-Eu não podia simplesmente deixá-las para morrer. - Um sorriso surgiu no canto da sua boca.

-Como vieram para o nosso mundo? - Zarek já estava recuperando o fôlego, e sua voz estava um pouco mais suave.

-Não sabemos. - Respondeu Lana. - Acordei sozinha na floresta. Pura e eu nos encontramos logo em seguida.

Percebi que sempre que falávamos, a magia brilhava no olho esquerdo de Zarek, enquanto Zarok ainda nos ignorava.

Arzew voltou com um jarro fumegante, e Zarek se ajeitou na cadeira, soltando um pigarro. Aquilo foi um sinal, e todos pareceram entender, encerrando a conversa.

-Aqui está, Arzew. Me traga a água rapidamente. Você demorou tanto que, a essa altura, já deve estar fria. - Zarok pôs a água em uma caneca e mergulhou a bolsa de tecido com as ervas dentro, fazendo uma infusão com as ervas maceradas.

O grilo se agitou dentro da gaiola. - Pelos Deuses, Mamont! - exclamou Zarik. - Você conseguiu mesmo seu ranhento, Lana, certo? Me alcance esta gaiola. - Zarik gesticulou com a mão fina e pálida, e Lana foi ao seu encontro.

-Com isso não precisamos mais nos preocupar. - completou Zarok.

-Mamont, hoje à noite vamos nos reunir no horário do jantar para discutirmos alguns assuntos. No momento, eu e meus irmãos estamos cuidando de Anbeda e precisamos ficar a sós. Arzew ficará para nos ajudar. Prepare um quarto para elas do outro lado do corredor e arranje algo para elas vestirem. Estão deploráveis com esses pedaços de Suintrol por cima. Aposto que foi ideia sua vesti-las com essas peças mal cortadas. - Falou Zarek, fazendo sinal com a mão para sairmos. Logo completou quando nos viramos para a porta: - Fiquem até a janta, meninas. Vocês terão onde ficar esta noite.

Ao sairmos de volta para a sala de entrada, Mamont sentou-se em uma das cadeiras forradas com pelego e nos fez sinal para sentarmos, ao que fizemos sem pensar duas vezes. Afinal, um descanso depois de tanta caminhada era merecido. Meus músculos ardiam do tornozelo às costas.

-Quem é a menina na cama? - Lana perguntou com uma voz calma e preocupada.

-Anbeda, Ela é como uma irmã para mim.

-Ela não parecia estar bem. - Lana comentou.

Eu apenas observava a conversa.

-Ela não está. Está piorando com o passar do tempo. Mas amanhã, quando Garunthe vier, tudo estará resolvido.

-Garunthe? -

-Garunthe, o curandeiro. Ele tem tratado de Anbeda, mas estava enfrentando dificuldades e precisava de ingredientes específicos para uma cura.-

Por isso a gaiola era tão valiosa; aquele pequeno animal poderia ser um dos ingredientes.

-Consegui tudo o que ele pediu, mas nada parecia funcionar, então tínhamos uma última chance. Fui em busca do Grilo-do-dia.-

-O que estava na gaiola que eu trouxe? - perguntou Lana.

-Ele mesmo - 

-E se a gaiola caísse e quebrasse e ele morresse? - 

A Coroa de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora