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Olá, cheguei. Devo avisar que vocês sentiram um pouco de raiva da Miranda no começo.

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Miranda Priestly

Comandar um império era extremamente difícil, ainda mais sendo mulher. Elias Clarke havia se tornado a maior editora de Nova York, isso graças a mim. Não sou rogada de negar que sou excelente no que faço.

Claro que pra isso eu pagava um preço e pagava caro, por várias vezes houveram propostas para casamentos midiaticos que certamente atrairiam publicidade pra editora, mas eu sempre recusei. Não, não há a esperança de um romance, eu apenas quero focar minha atenção única e exclusivamente no meu império. 

Aos cinquenta anos qualquer envolvimento amoroso estava fora de questão. Mas a orientação de minha assessora era a de que houvesse ao menos um relacionamento de fachada, assim melhoraria minha imagem.

Resolvi sair e beber um café na cafeteria em frente a revista, lá era um lugar calmo e praticamente apenas os membros da Clarke frequentavam o local.

Me sentei em uma mesa afastada, dali podia ouvir claramente a conversa de Richard e mais alguns membros da diretoria.

Como eles estavam atrás de mim não podiam me ver. A princípio a conversa não era interessante, até que ouvi a voz de Richard

ㅡ Eu preciso de dinheiro, e bom, Andrea já tem 21 anos, quem a comprar terá sorte, ela está acabando a faculdade, nunca teve um namorado.

Aquele energumeno está vendendo a própria filha? Que espécie de pai faz isso?

Continuei ouvindo a conversa, a cada detalhe eu sentia meu estômago embrulhar. Segundo o crápula ele faria um jantar em sua casa, assim conheceriam a jovem e veriam se o negócio valeria a pena. Nojentos.

Voltei para a empresa e por mais que quisesse não conseguia esquecer tudo que ouvi.

ㅡ Emily, quero Richard Sachs na minha sala em cinco minutos, isso é tudo! - A vi correr rapidamente.

Quando ele entrou em minha sala pedi para que Emily fechasse as portas. Não conseguia esconder minha repulsa.

ㅡ Sente-se, o que tenho pra falar não diz respeito a empresa, mas não deixa de ser um assunto bastante sério. Soube que está vendendo sua filha.

O homem parecia que teria um ataque, afrouxou a gravata e suspirou.

ㅡ Onde ouviu isso?

ㅡ Na cafeteria, o que eu quero Richard, é que saiba que ninguém nessa editora, quiçá nessa cidade tem mais dinheiro que eu. Quanto quer?

ㅡ Não está cogitando comprar Andrea, está?

ㅡ É claro que estou, você precisa de dinheiro e eu de uma esposa. Seria vantajoso para ambas as partes.

Era claro que ele relutaria, na cafeteria Irv Ravitz demonstrou súbito interesse na jovem, e qualquer ser humano com o mínimo de empatia faria alguma coisa para impedir isso. Afinal, Irv era a personificação de um homem medíocre.

ㅡ Não concordo com isso, você é uma mulher, minha filha deve ter um homem respeitado.

ㅡ Alguém como Irv? Não seja patético, se tem um pingo de amor por sua filha não a venda como um saco de batatas para aquele imprestável. Eu irei nesse jantar e assim como os outros poderei ver sua filha, mas saiba que para tê-la eu pagarei qualquer preço.

Era fato que humilhar Ravitz era a minha maior motivação, mas também não poderia deixar uma garota ser tratada como um objeto de troca,  não sou o monstro que todos pensam.

(...)

O jantar aconteceria na quinta, e como hoje ainda era terça resolvi ir a um bar próximo à editora. Eu tinha muito para pensar e refletir, e só fazia isso mediante alguns copos de Whisky.

ㅡ Quer dizer que vai comprar a filha de Richard apenas para livrá-la de Irv? - Nigel me questionou enquanto bebia um Martini

ㅡ Óbvio que não é apenas isso, humilhar Irv será maravilhoso, mas ter uma esposa será ótimo para a minha imagem, e pelo que sei a menina até virgem é.

ㅡ Você não dá ponto sem nó, quer dizer que quer se casar com uma virgem?

ㅡ Pare Nigel, sabe que minha fama de cafajeste está acabando com a minha reputação. 

Era isso, eu salvaria a pequena Sachs e melhoraria minha imagem perante a sociedade.



Save Me - Mirandy Onde histórias criam vida. Descubra agora