Razões pelas quais você não deve planejar o seu futuro com base em cristais

Capítulo 11 Flertar não funciona com bruxos de 800 anos

Está chovendo e está triste e Nimueh está entediada. O tempo não melhorou nos últimos três dias e são três dias que ela teve que ficar sem seu grupo habitual de seguidores devotados e três dias ela foi relegada a praticar pequenos feitiços dentro de casa. Qual é o sentido de ser uma feiticeira poderosa se ela não consegue ampliar seu poder como deseja? Ela sabe que em sua primeira vida passou anos sozinha, escondida ou sendo caçada, mas é difícil conciliar isso com a experiência vivida atualmente. Hoje ela é uma adolescente, com um corpo perfeito que ninguém bajula há dias e um poder que nem consegue usar. Isso a está deixando louca.

Ir à livraria local é um ato de desespero. É perto o suficiente para que ela não pareça um gatinho afogado, e ela geralmente não se importa em ler, mas é improvável que algum de seus amigos esteja lá. Porém, se a Deusa providenciasse, ela poderia encontrar alguém divertido para brincar. No mínimo, será um conjunto diferente de paredes para se olhar.

Nimueh está alegremente examinando outros clientes tanto quanto lê os livros, quando se vê olhando para orelhas enormes e um lenço vermelho surrado. Sua frequência cardíaca dispara e ela se esconde atrás da seção de autoajuda antes mesmo de reconhecer totalmente o que viu.

Não pode ser. Ela espia cuidadosamente pela esquina e depois se abaixa. É ele. Definitivamente é ele. Ele está de volta, assim como ela. E ele está na livraria local dela. Deusa, ela pensa alto, não era isso que eu tinha em mente quando pedi alguém para brincar . Para que ambos renasçam na mesma área? E assim como ela estava começando a atingir seu auge também. Não é justo.

Ela arrisca um segundo olhar e como ele está de costas para ela, ela olha por mais tempo. É difícil dizer por trás, mas ele parece ser mais velho que ela, um pouco mais velho. Ele está vestindo jeans e camisa de botão e, claro, o lenço em volta do pescoço, mas pelo menos não é tão atroz quanto aquele traje que ele usava quando fingia ser um mero criado. À toa, ela também o acha meio fofo, mas ele começa a se virar e ela se afasta novamente.

Decidindo colocar algumas prateleiras entre eles, ela vai até a seção Infantil e pensa. Merlim. Por que Merlin está na livraria local? Ele sabe que ela está lá? Ele se lembra? Se ele fizer isso, ele é mais velho que ela desta vez. Ele poderia ter tido mais tempo para praticar. Mas se ele não o fizer...

Nimueh se lembra de todo o poder bruto do garoto, de como ela queria usá-lo para seu próprio uso. Ela estragou tudo da última vez, ameaçando seus entes queridos. Mas se ela fosse mais esperta desta vez, se ela encontrasse a tentação certa, especialmente se ele ainda não tivesse recuperado suas memórias... Ela sorriu para si mesma. Ela poderia guiá-lo. Mostre-lhe o caminho. Faça com que ele entregue todo esse poder glorioso para ela. E então ela percebeu como ele gostava de ser expulso desta vida para a próxima.

As memórias nem sempre são fortes; às vezes é apenas um instinto, uma confiança ou maturidade que ela ainda não conquistou, uma sensação de déjà vu, ou algo que poderia ser da vida dela, mas não é. A memória de Merlin puxando um raio do céu e forçando-o através de seu corpo é muito, muito clara.

Mas há uma boa chance de que ele ainda não se lembre. Ela não tinha ideia de sua verdadeira vocação até que a Sacerdotisa veio até ela. Mesmo assim, ela precisava de muitas provas para realmente acreditar e começar a compreender, seguidas de meses de meditação para trazer aquele conhecimento mais antigo o suficiente para que seu eu atual pudesse usá-lo.

Mas valeu a pena, o conhecimento a serviu bem desde então. Ter memórias e esquemas de adulta combinados com o corpo de uma adolescente, e numa época em que ela era livre para exibir a pele perfeita que quisesse? Ela ainda não tinha conhecido ninguém que não estivesse delirantemente feliz por ter a chance de cumprir suas ordens.