Balões, Donuts e Cupcakes (Agatha Volkomenn)

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(Happy Valentine's Day atrasado!)

A chuva era fina, insuficiente para causar uma enchente ou abrir um guarda chuva, mas suficiente para enganar o primeiro trouxa que tentasse andar sem se molhar.

Você tentou. A roupa molhada, os pingos caindo no cabelo finalizado que agora já nem importava mais. O casaco de frio era inexistente já que em alguns segundos atrás, o Sol era forte e quente.

Segurando aqueles balões. Balões que em alguns segundos atrás seriam para a pessoa que você estava se relacionando. Não que fosse um presente caro como um jantar em um restaurante chique ou uma viagem só vocês. Mas era do coração.

Os corações rosa, agora estavam molhados e faziam o barulho dos pingos de chuva ficarem mais intensos. Embora você não ouvisse os sons ao seu redor, com o coração acelerado dentro de si.

Respirando fundo, você entrou no carro. Fechando a porta, colocando os balões no banco de trás com a delicadeza de uma mula. Seus olhos focaram em sua frente, com as mãos no volante.

O silêncio tomou conta do local por breves instantes antes que o choro escorresse. O peito dolorido, apertado. O choro que deforma o rosto, escorrendo e queimando, levando qualquer dignidade que lhe restava.

— Eu não sabia se o Tutu gostava de donuts de morango, mas eu sabia que se eu levasse chocolate pro velho, ele ia jogar na minha cara. - A ocultista dizia, enquanto entrava no carro. A distração era presente nela, isso não era uma novidade. E felizmente, isso lhe deu tempo de limpar um pouco o rosto enquanto ela colocava o cinto de modo desastrado, ainda segurando duas sacolas cheias de donuts. — Mas eu peguei alguns daqueles roxos que o Balu disse que eram bons, porque ele sempre tem bom gosto 'pra... - Ela diz, parando e olhando para você com preocupação. — Ei! O que foi? Eu peguei seu donuts também, aquele verdinho! Não precisa se preocupar! - A garota tentava te acalmar, passando a mão em seu ombro e por um instante você solta uma risada.

— Não é nada. Não precisa se preocupar. - Você disse, tentando conter as lágrimas e limpando as que podiam, colocando a chave novamente.

— Como não é nada?! Você saiu comprar balões pro dia dos namorados e do nada voltou chorando. - Ela disse, se aproximando e colocando as mãos nas suas. — O que aconteceu?

— Eu vi (ela/ ele/ elu) na padaria da esquina. - Você explicou com dificuldade.

— A que eu fui?! - Você concorda com a cabeça, vendo-a ainda confusa.

— E (acompanhada/ acompanhado/ acompanhade). - A última frase a fez olhar com raiva, parando em seu rosto e desviando para algum canto do carro, enquanto você também desviou, com esperança de que isso parasse o choro que começava a querer descer novamente.

— Eu... Eu sinto muito... - Agatha disse, parecendo pensar em seus próximos movimentos, até você vê-la indo abrir a porta do carro.

— Onde você vai?

— Acabar com (aquele puto/ aquela puta) na porrada. - A garota explicou como se fosse nada, fazendo com que você se assustasse. — Pirou, Agatha?! Deixa isso pra lá! - Gritou, pegando em seu braço.

— Deixar pra lá?! Porra, trair já é ridículo, mas trair no dia dos namorados?! Eu vou lá enfiar a porrada!

Você respirou fundo, sabendo que inflamar Agatha não era uma boa pedida nessa hora. — Agatha, vamos pra Ordem. Eu não preciso disso agora e mais tarde eu termino por telefone.

Ela lhe olhou, parando por alguns segundos e voltando ao banco do passageiro, fechando a porta. — Isso mesmo, idiota se responde sendo idiota também.

Você riu um pouco, percebendo que só seu riso já a fez se acalmar um pouco. O carro foi ligado e com o barulho da chuva, vocês logo chegaram até a base da Ordo.

Ajudando a mesma, carregaram as sacolas de donuts para dentro, colocando na mesa principal e chamando os agentes que foram correndo pegar seus respectivos doces.

Você olhou em volta, pagando seus doces e indo até o quarto. Não é como se você não quisesse estar com eles agora, mas a cena que viu não foi feliz.

Balões sempre foram um símbolo bonito para você. O símbolo de um presente que é passageiro. Ele perde o ar, é amassado, mas o que realmente fica são as memórias. Como uma flor arrancada que não tem um real significado, embora as memórias que serão cultivadas tenham.

E ver a pessoa que você ama ali, com outra na mesa. Ao dia que deveria ser só de vocês, foi a surpresa que você não esperava receber no dia dos namorados.

Algumas lágrimas ainda rolaram, enquanto seu lado mais racional apenas terminou o relacionamento por mensagem. Sem satisfações, sem brigas e discussões póstumas de um relacionamento morto.

Talvez o vazio fosse demorar mais tempo para cicatrizar, mas o bloqueio já era um começo. Comendo seu doce, você se distrai com a primeira série que achou, até perceber que algum tempo já tinha se passado e você precisava levar os pratos até a cozinha.

Levantando da cama, pausando a televisão e pegando os sapatos, você foi até lá, depositando tudo na pia. Seu olhar passa pela sala, onde a equipe se distraia entre papeladas e doces, até perceber Agatha na escada que subia ao terraço, chamando-te com a mão.

(Recomendação da autora: Lover, Taylor Swift)

Você olha ao redor, seguindo a mesma até o telhado. Seus olhos em cada detalhe. Uma toalha pequena no chão, com alguns donuts e docinhos que você não tinha visto antes. O chão recém enxugado e um pequeno amarre no chão em pedras aleatórias, com balões de coração flutuando ao redor da toalha.

Com seu coração batendo forte, ainda em confusão com o cenário em sua frente, você se vira para a ocultista. — O que... O que é isso?

Isso é o que você deveria ganhar em um dia dos namorados. - Agatha dizia, um pouco vermelha, desviando o olhar do seu. — Eu sei que eu não sou (ela/ ele/ elu), mas... - A mesma falou, se aproximando de você, com a mão em seu cabelo, acariciando seu rosto. — Eu posso ser uma namorada melhor que (ela/ ele/ elu). Posso fazer as coisas que (ela/ ele/ elu) nunca fez. E... A gente pode até dividir roupa, você sempre disse que as (dela/ dele/ delu) ficavam desconfortáveis em você.

Você riu com o coração apertado, puxando ela em um beijo leve. Não que você acreditasse em filmes de comédia romântica ou algo do tipo. E não que aquele tenha sido o dia dos namorados mais perfeito de início.

Mas ao fim, tudo o que importou foi o beijo suave, as risadas e o gosto doce dos mais diversos docinhos e Cupcakes que Agatha comprou pensando em seu gosto, incluindo um dos Cupcakes com sua inicial.

Naquela toalha estendida, com os balões presos de modo rápido e aleatório, você percebeu que a chuva tinha finalmente passado.

Ordem Paranormal - One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora