Taehyung's P.O.V
Monday, 19, April.
03:33Deveria ter saído daqui há algum tempo. Mas ele fica lindo enquanto dorme.
Passando os dedos por seus cabelos de nanquim espalhados pelo travesseiro, assisto em silêncio seu rosto tranquilo, sem linhas de expressão e quieto, como só a paz é capaz de fazer.
Não sei se ele percebe, mas Jungkook costuma carregar uma tensão enquanto está acordado. Uma tensão silenciosa, tão discreta que não é percebida grande parte do tempo. Está sempre tão ansioso, os olhos agitados vindos de uma mente que não para.
Mas enquanto dorme, essa mente finalmente silencia. Seu corpo relaxa.
E é incrível observar esse abandono de suas preocupações. Tira um pouco do peso em meu peito saber que está descansando, e talvez também seja por isso que ainda não deixei seu quarto - para garantir que sua mente lhe deixe em paz ao menos durante o sono.
Eu vacilei.
Foi por um instante, fechei os olhos por um instante... A exaustão me levou além de um simples cochilo. Parei de sentir a mente de Jungkook quando a minha desligou, não captei os sinais daquelas manchas voltando. No instante seguinte, Jungkook estava alucinando em minha cozinha.
Ele estava tão assustado...
Me surpreendeu que dessa vez ele tentou reagir. Cheguei a ficar contente ao vê-lo tentando atacar; pude sentir seu cansaço de estar indefeso começando a frustrá-lo. Sei que teria feito um estrago maior se tivesse encontrado o faqueiro que ando escondendo nas últimas noites - por precaução. Se fosse um pouco mais treinado, teria conseguido se livrar da contenção... e sem se ferir no processo.
Mas felizmente foi rápido para que voltasse à realidade, me permitindo bloquear qualquer visão perturbadora que pudesse estar tendo enquanto deixava que o embalasse em mim.
Se lembraria de mim?, ele perguntou mais tarde, antes de ceder ao sono que discretamente induzia nele para que pudesse dormir sem os incômodos dos sonhos ou pesadelos.
E que bom que dormiu. Detestaria que tivesse visto os estilhaços em meus olhos, um reflexo do coração quebrando. Jungkook ainda duvida...
Mas não posso culpá-lo por isso. Sei que lhe frustra, mas não posso deixar que veja o turbilhão que anda causando em mim. Admitir seria abrir uma brecha para que invada ainda mais esses sentimentos e se envolva além do que serei capaz de consertar depois, e não posso fazer isso com ele.
Park Jimin me lembrou bem disso.
Fora a primeira manhã de Jungkook aqui. Não imaginei que ele fosse acordar tão cedo depois da noite agitada que tivera, então tirei o início da manhã para me aquecer. Mas ele acordou, e receio que tenha se surpreendido ao me ver. Lembro vívidamente demais de sua imagem saindo para o jardim, encolhido em timidez dentro das minhas roupas. Quis rir do quão nervoso estava, e ao mesmo tempo achando adorável.
Claro que notei sua relutância em me olhar, as bochechas vermelhas e olhos lutando para não grudarem no que sabia que Jungkook queria observar. E ali eu quase mandei a compostura de volta para os buracos mais escuros do Inferno. Os deuses sabem o que passou em minha cabeça ao ver Jungkook tão acanhado em minha frente, não sabendo para onde olhar, as bochechas vermelhas e os olhos exalando não só surpresa, mas calor, fascínio. Desejo. Tantas formas de levar seu acanho ao limite, e então quebrá-lo...
Mas então o Park abriu a boca, arrancando qualquer tipo de idealização como se arranca o curativo da ferida.
– Por que está fazendo isso? – Foi seu cumprimento. De imediato soube que não podia deixar Jungkook ouvir, e precisei me esforçar para dar as costas àquela visão tentadora.
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Love is a Sin
Fantasy"Não pode ser real. Não pode ser real, mas Jungkook está me dizendo que é. Ele está bem aqui. Está me abraçando, está dizendo que está aqui e que vai ficar tudo bem e que vamos conseguir e que é real. É real, é real, é real. Não pode ser real, porqu...