Jungkook's P.O.V
Wednesday, 21, April.
23:32Taehyung ainda não lavou a tinta. Está carregando as pinturas desde que o Sol se pôs. Não o vi deitado ou encostado em qualquer coisa, mesmo agora, depois de horas de conversa com Yoongi no pequeno cômodo que serve como uma biblioteca e escritório.
O demônio chegou poucos minutos depois que deixei Taehyung no quarto. Nem ao menos vi seu rosto antes de se enfiarem no escritório, só sei que está aqui porque ouço sua voz e tenho vislumbres toda vez que passo pela porta entreaberta com a desculpa de estar indo para a cozinha.
Estão conversando ao redor da mesa de trabalho. Taehyung apoia as mãos sobre a superfície, encosta os quadris, cruza os braços enquanto analisa papéis sobre a mesa, mas não senta. Diferente de Yoongi, desleixado na poltrona com os pés erguidos sobre a madeira e um copo de bebida âmbar na mão.
Consigo pegar trechos da conversa a cada espiada, mas nada que faça muito sentido. "...vistos no Beco Lázaro...", "...foram pegos...", "...equipes da cavalaria...". Muitos números e nomes de lugares. Quanto mais escuto, mais confuso fico.
Até que canso de pegar só algumas migalhas.
– Os relatórios da Lalisa chegaram. – A voz de Yoongi informa, seguido de sons de papéis sendo jogados. Encostado de braços cruzados na parede contrária da porta entreaberta, espero, longe da luz que a fresta joga no corredor. – Acho que podemos chamar de boas notícias. Vai gostar de ler... – Um tom um pouco mais condescendente.
Um longo tempo de silêncio, então imagino que Taehyung deva estar lendo os relatórios. Mas quando sua voz surge, me surpreendo com tamanha emoção.
– Mais da metade... – O fôlego aliviado de Taehyung suspira, trêmulo. – Eles escaparam...
Imagino de quem está falando para lhe deixar praticamente sem voz.
– Não todos... – Engole Yoongi. – Mas é melhor do que imaginávamos. Depois da batalha, nos separamos demais. Não deu para saber quem tinha escapado. Mas eles estão se reencontrando, Taehyung. Jennie está reunindo o máximo que pode. – murmura, quase acalentando. – E sei que estão resgatando alguns civis que manifestam o desejo de lutar.
– Onde estão se escondendo? – pergunta Taehyung com som de papéis se atritando. – Um grupo tão grande, Lúcifer não deixaria passar batido.
– Lalisa não arriscou dizer. Na última vez que a vi, estávamos nos Portões Rubros. Com certeza estão alocando todos para o mais longe possível.
– Não pode ser qualquer lugar... – Consigo imaginar Taehyung balançando a cabeça, aquele lindo rosto sério enquanto pensa. Gostaria de ver, mas resisto à tentação de espiar e permaneço encostado na parede. – Estão em número grande demais, sabem que Lúcifer vai revirar cada canto até dizimar o exército. Precisariam de um ótimo esconderijo. E grande...
– Acha que desceram de Andar?
– Acho que foram para o Quarto.
Minhas sobrancelhas franzem. Do que estão falando?
– Se lembra das ruínas de Nüwge? Treinamos lá algumas vezes. – Pensativo, Taehyung murmura com um forte sotaque ao dizer o nome, um sotaque que torna seu tom ainda mais grave, quase agressivo.
– Isso já faz séculos, Taehyung. Deve ser apenas pó hoje, não arriscariam ir para lá.
– As catacumbas embaixo ainda estão de pé.
Silêncio.
– Namjoon sabe onde a entrada fica, pode ter informado. Não há muitos recursos por lá, mas é o suficiente. Poderiam sobreviver por alguns meses. E me lembro bem das cidades mais próximas... Acredito que não se incomodariam em ajudar caso fiquem desesperados.
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Love is a Sin
Fantasy"Não pode ser real. Não pode ser real, mas Jungkook está me dizendo que é. Ele está bem aqui. Está me abraçando, está dizendo que está aqui e que vai ficar tudo bem e que vamos conseguir e que é real. É real, é real, é real. Não pode ser real, porqu...