Can You Hear My Heart Breaking?

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Breath, Tommee Profitt and Ruelle

Taehyung's P.O.V

18:45
Tuesday, 30, March

Não vejo de outra forma se não como um espelho invertido.

É o completo oposto, e ainda assim idêntico.

Não consigo deixar de pensar no Sétimo Mundo como... um pesadelo do Primeiro Mundo. No lugar de campos de punição queimando e berrando sons de dor, estão praças regadas de árvores das mais vivas cores e fontes de água cristalina. Em troca dos subúrbios e favelas, casarões e prédios de metais e pedras claras tão altos que não enxergo o topo iluminam as ruas - não apertadas e exalando o cheiro do desespero e morte, mas grandes avenidas explodindo de vida e movimentação. Não são almas penadas vagando por aqui, ou espíritos ou demônios e diabretes ou criaturas que fazem correr qualquer um que não seja acostumado com seus rostos desfigurados. São anjos e nephilins e ninfas e espíritos naturais - criaturas lindas e emocionantes de se ver, e que não assolariam os pesadelos de ninguém.

Não são lamentos e choros e gritos que a brisa fresca, e não abafada e pesada, carrega - mas risadas. Conversas. Caminhadas. Trem-balas passando por trilhos altos, cavalos alados batendo suas asas, anjos voando em liberdade de um lado para o outro.

Alliante, a Cidade de Luz.

Sinto rancor toda vez que olho para esta cidade. Representa tudo que meu Mundo não é. Tudo que não podemos ser. Um descaso cruel de todas as oportunidades que foram arrancadas do meu povo quando regeram meu pai como governador.

Todos sofrem no Sétimo Mundo. Muitos porque merecem, não posso negar; é o mundo da punição, afinal. Mas uma parte, uma pequena parcela... Não somos inocentes, porque somos taxados de monstros desde o segundo que somos gerados, e então somos criados como tal. E uma pequena parcela não merece o nome que carregamos.

E esta cidade é um grande e horrível tapa de realidade.

Atrás de nós, está o que viemos buscar. Crescendo no meio de toda a cidade, o palácio é a única coisa idêntica, a não ser pela cor e pela energia, àquilo que está em meu mundo. Quilômetros de área, com jardins e fontes de água, até que chegam no palácio de quartzo branco, diamante e pedra branca. Dezenas de andares, sacadas, parapeitos e mais janelas do que eu jamais conseguiria contar, com sete torres e um pico pontiagudo reclamando o centro.

É como olhar para a versão purificada de minha casa.

Estamos do lado de fora dos portões de ouro que cercam todo o palácio. Jimin nos poupou de uma longa caminhada pela cidade, mas só nos trouxe até aqui. Estamos seguindo para o lugar mais poderoso - e protegido - desse Mundo. É onde estão os líderes, afinal. Tesouros e segredos, magia que dominaria todos os Nove Mundos se escapasse daqui. Não vamos passar dos portões sem escolta, então esperamos um dos quatro guardas terminar de ler a carta de permissão que Jimin teve de entregar - uma muralha de músculos e duas asas brancas nas costas, com os cabelos loiros amarrados em um coque no alto da cabeça. Sua armadura de prata reluzente quase me cega com o brilho que nela reflete, e expõe as runas tatuadas nos braços expostos; a lança na mão esquerda não faz muito para torná-lo mais simpático. Tem a feição de uma pedra, e não parece contente conosco aqui.

Mas ao menos conhece Jimin. O tratou pelo nome, e sei que o nephilin teria entrado facilmente se não fosse por sua companhia: Um membro da Coroa submundana, um demônio com um histórico horrível, e dois humanos. Não somos bem vindos. Não deveríamos estar aqui.

Normalmente eu concordaria. Mas Jungkook é um peso morto em meus braços, as linhas escuras do veneno já estão alcançando seu rosto cinzento. Seu peito agora coberto por um casaco preto demora demais para subir, e me assusta não conseguir ouvir sua respiração começando a cessar.

Love is a SinOnde histórias criam vida. Descubra agora