Segredos

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Kıvılcım deu alguns passos para trás após o baque da informação, apoiando-se na pilastra ao seu lado. Não sabia o que a derrubava mais: Ömer ter omitido uma informação tão importante quanto Görkem ter sido sua amante, ou que os resultados de suas ações estavam aparecendo. Ela refletiu sobre toda aquela nova lua-de-mel que estavam vivendo, o apoio de sua família, a chegada de um novo bebê... E como tudo aquilo havia sido arruinado. Poderia Ömer ter sido tão descuidado daquele jeito? E com quanta coragem havia se deitado com ela na mesma cama onde a outra possivelmente havia estado também! Sentiu seu estômago revirar, e lembrou-se de que precisava manter a calma. A morena voltou para dentro da casa, de onde esperaria alguns minutos até sair novamente ao encontro de Ömer.

- Você está mentindo. Não pode ser. - Ömer rebateu.

- Como posso estar mentindo? Você sabe muito bem o que fez. Não coloque a culpa em mim. Trate de pensar sobre seus próximos passos, Ömer. Não se esqueça que a vida do seu filho... - Görkem apontou para a própria barriga. - ...está em jogo agora. E, a menos que você queira ver ele crescendo chamando o seu sobrinho de "pai", acho melhor você fazer algo a respeito.

Görkem foi em direção ao próprio carro, deixando para trás um abismado Ömer. Como poderia ter sido tão estúpido? Ömer inspirou fundo, numa tentativa mal-sucedida de se acalmar. Não poderia deixar nada transparecer a Kıvılcım agora. Deu meia-volta e seguiu até a porta da casa, onde Kıvılcım o esperava.

- Achei. - As palavras quase não saíram da garganta sem voz da morena. - O celular estava em cima da mesa.

- Que bom que achou. - Ömer enlaçou o braço ao redor dela, e por um instante, Kıvılcım teve vontade de chorar. Mas poupou a si mesma de cometer tal ato em frente àquele homem.

O caminho de volta para casa foi, em sua maior parte, silencioso. A mulher respirava mais sonoramente que de costume, e Ömer sentiu que algo estava errado.

- Você está bem, Kıvılcım? - Ömer perguntou. Por um instante, pensou que ela pudesse ter ouvido seu embate com Görkem. Mas ela estava dentro da casa, e seria impossível sair sem falar nada. Lembrou-se, então, dos exames. - Você não me falou quais foram os resultados dos exames. Fiquei preocupado.

Kıvılcım gelou ao ouvir o questionamento. Por um momento, tão envolvida na gravidez da outra, esquecera-se de que ela própria também estava grávida. Tudo fez sentido. Recordou-se de seu encontro com Görkem na loja de roupas infantis, e de como ela havia comprado os mesmos pares de sapatos brancos para anunciar que estava grávida. E do mesmo homem. Kıvılcım inspirou fundo, segurando as lágrimas. Ela não merecia sofrer daquele jeito. Seu único crime havia sido amar demais, e ser ingênua de acreditar em Ömer. Mas... que culpa tinha Ömer?  Eles já estavam divorciados na época, e Kıvılcım estava com Ertuğrul. O homem fora descuidado apenas. E depois omitiu tal informação. E agora estava levando-a para casa como se nada estivesse acontecendo. Realmente, Ömer tinha muita culpa.

Respirou novamente. Apenas alguns segundos de silêncio se passaram, mas ela sentia como se estivesse dentro do carro há dez mil anos. O nó na garganta já não apertava mais, e ela acreditava que era capaz de segurar o choro até chegar em casa, entrar em seu quarto e trancar a porta. Já poderia responder Ömer sem correr o risco de que sua voz falhasse, denunciando o estado deplorável de sua mente.

- Estou anêmica. Essa foi a causa do enjoo que me fez desequilibrar e cair da escada. A tomografia mostrou que não houveram ferimentos graves na queda. - O tom de voz jornalístico e impessoal que Kıvılcım usara para respondê-lo causou uma certa desconfiança em Ömer. Algo estava errado, mas ele não poderia pressioná-la no momento. Precisava dar um jeito na situação de Görkem e pensar em um meio de contá-la à mulher ao seu lado.

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