Amores Paralelos

Decisões

Ömer estava acomodado no melhor restaurante de Istambul, mesa para dois, rosas vermelhas no vaso ao centro da mesa. Ali, aguardava a ex-esposa e presente namorada, que ligara para ele mais cedo dizendo que tinha algo para contar. O homem, em resposta, disse que também tinha uma notícia importante que ela precisava saber. Ömer não sabia como dizer a ela que Görkem iria seguir com a gravidez, e que ele estava decidido a assumir seu filho. Ele poderia ser um homem de muitos defeitos, mas não teria coragem de deixar alguém destruir a vida de seu sobrinho e de uma criança que ainda não havia nascido por puro capricho.

Quando Kıvılcım entrou no restaurante e se dirigiu à mesa, o coração de Ömer começou a bater mais rápido. Aquela mulher, sua deusa, seu porto-seguro, parecia um pouco mais radiante naquela noite. Trajava um vestido vermelho e longo, e suas madeixas cor de chocolate estavam presas em um coque elegante. Não estava usando maquiagem alguma além de um batom vermelho-carmim que combinava perfeitamente com o tom de seu vestido, e seu maior acessório era um sorriso que iluminou todo o recinto, um sorriso que ela deu só para ele. Mas havia um brilho nela que Ömer não conseguia decifrar de onde vinha. E, de repente, estremeceu ao perceber que aquela radiância chegaria a um fim quando ele anunciasse que assumiria o filho de Görkem. Quanto mais ele pensava, mais ele percebia que ela não merecia que ele a fizesse passar por aquela situação. E, conforme ela se aproximava, mais incertezas sobre qual seria a reação de Kıvılcım nublaram a mente de Ömer.

- Você está divina. - Ömer soltou assim que ela estava próxima o suficiente para ouvi-lo. Ele não conseguiu evitar e cumprimentou-a com um selinho, de modo que seus lábios ficaram um pouco manchados de batom, mas ele não se importava. Aquela era a mulher mais linda da noite, e sua vontade era enchê-la de beijos. Puxou a cadeira para ela se sentar, num ato de cavalheirismo típico, antes de tornar a se sentar também.

O garçom apareceu imediatamente e Ömer não perdeu a oportunidade de solicitar o vinho mais caro do cardápio. Enquanto ele fazia o pedido, Kıvılcım suou frio ao se lembrar de sua condição. Teria de se manter longe de qualquer tipo de álcool por mais oito meses.

- E então, o que você tem para me dizer? - Ömer perguntou assim que o garçom se retirou. - Estou curioso.

- Ömer... - Kıvılcım respirou fundo. A garrafa de vinho foi colocada em cima da mesa, e as taças foram enchidas. Ela refletia como poderia contar a ele que estava grávida e que Rüzgar a impedira, ainda que indiretamente, de abortar. E que planejava aceitar a proposta de emprego no exterior e levá-lo com ela para a América ou qualquer outro país para onde a enviassem, e assim os dois poderiam recomeçar e criar seu bebê longe de toda a loucura da família Ünal. - Eu recebi uma espécie de promoção no trabalho.

- Que maravilha! Você sabe que torço muito para o seu sucesso. Vamos comemorar. - Ömer segurou sua taça para um brinde, e o tilintar dos vidros ecoou nos ouvidos de Kıvılcım. Ela fingiu tomar um gole de vinho, e baixou a taça assim que Ömer se distraiu com a sua própria.

- A diretoria do canal quer me enviar para uma emissora de televisão na América. - Kıvılcım pronunciou as palavras calmamente, tomando cuidado com a reação de Ömer. - Ömer, eu te amo. Você é a minha vida. E eu quero que você vá comigo para a América. Precisamos de um recomeço. Existem muitas coisas acontecendo agora, e eu preciso de você ao meu lado. Nós vamos formar nossa pequena família na América, e Doğa, Çimen e Metehan poderão nos visitar sempre que quiserem. Seremos muito felizes, Ömer.

Ömer engoliu seco ao ver a animação da mulher à sua frente.

- Kıvılcım... Eu tive um problema com Görkem. - Ele falou, a voz falhando com o nó que se formava em sua garganta. Os olhos umedeceram, e ele sentiu que não conseguia respirar. - Ela quer prosseguir com a gravidez e mentir para Fatih sobre ele ser o pai. Eu não sou capaz de deixá-la destruir a vida do meu sobrinho como se não fosse nada. Preciso assumir as consequências do meu erro.