Brigas

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Ömer continuou a aparecer quase todos os dias na casa de Kıvılcım, sempre inventando algum pretexto para ver a filha. Primeiro, quis levar Defne para comprar materiais escolares. Depois, inventou de levá-la ao pediatra em um dia que Kıvılcım precisaria trabalhar. Todos os dias apareciam novas desculpas. Levava a menina para todos os tipos de programa, desde escolher suas frutas favoritas na feira até criar um dia de leve-sua-filha-ao-trabalho só para que Defne pudesse passar um tempo com ele na empresa.

Defne estava se adaptando bem à escola. Dicle era uma ótima professora e já estavam fazendo progresso com a leitura e a escrita. Todos os dias, Kıvılcım lia uma história diferente para a filha, algumas misturando palavras em inglês e turco, e outras totalmente em uma das línguas. Defne era uma das melhores alunas de sua turma, sempre disposta a ajudar os colegas que possuíam mais dificuldade em aprender, assim como sua mãe.

Seguindo a tradição da família Ünal, Fatih também havia matriculado Aslan na mesma escola e, por terem a mesma idade, ele e Defne estavam na mesma sala. Aslan era tímido e cultivava poucos amigos. Com a chegada de Defne na mesma turma, a professora começou a notar que o menino sorria mais frequentemente. Defne estava sempre o puxando para brincar com os outros colegas, e sua natureza desinibida o deixava mais à vontade para fazer amigos. Pouco a pouco, Defne e Aslan foram virando amigos.

- Aslan estava dodói ontem. - Defne mencionou na hora do jantar, com Kıvılcım e Ömer à mesa. - Ele não foi para a escola.

O homem havia se tornado presença frequente na mesa de jantar da ex-mulher. De vez em quando, nas vezes que o horário de trabalho permitia, Metehan também se juntava a eles. Sönmez já havia desistido de entender a natureza da relação da filha com Ömer, e só aceitou que o homem fazia parte da família de maneira extremamente disfuncional. O importante era ver a neta feliz com a presença frequente do pai em sua vida.

- O que aconteceu com ele, filha? - Kıvılcım indagou enquanto mastigava.

- Ele disse que caiu enquanto brincava. Estava com um dodói bem feio no braço. - Defne respondeu, cabisbaixa. - Espero que tudo fique no passado. Não quero ver ele triste.

Ömer franziu as sobrancelhas ao ouvir a resposta da filha. Será que Görkem teria chegado a uma atitude tão baixa e começado a bater no filho? Ao passo que Ömer se indagava mentalmente, uma mensagem iluminou a tela de seu telefone celular. Era Görkem.

"Falando no diabo..." Ele pensou consigo mesmo.

- Perdoem-me, meninas. É da empresa. Tenho que atender essa ligação. - Ele pediu licença e levantou-se da mesa.

Preciso conversar com você.
Não conte a ninguém sobre isso.
Estarei no jardim da casa
amanhã após o jantar.
7:43p.m.

Ömer começou a suar frio. Sempre que Görkem resolvia falar com ele, algo de ruim acontecia. Ele havia feito um bom trabalho em evitá-la por meia década, mas algo havia mudado. Ömer respirou fundo. Ele sabia que Görkem não o procuraria à toa. Algo estava acontecendo.

Ao voltar para a mesa, Ömer comeu em silêncio. Kıvılcım estranhou o comportamento do ex-marido e esperou Defne se distrair e ir brincar para confrontá-lo.

- Qual é o seu problema? - Ela perguntou. - O gato comeu sua língua?

- Kıvılcım, eu admito que já tomei muitas decisões erradas em minha vida. Mas eu seria um tolo se não aprendesse com os erros do meu passado. Um desses erros foi esconder coisas importantes de você. - Ele começou a falar, sério. - Não repetirei meus erros. Sei que não somos mais um casal, mas preciso contar algo a você.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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