Planejamentos

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Após muito ponderar sobre a ideia, Ömer decidiu, por fim, seguir o conselho de Metehan e procurar um psicólogo. Após alguns dias de busca, ele marcou uma consulta com a dra. Gülfem Sipahi, referência em seu ofício e com um consultório localizado em uma área onde Ömer sabia que não encontraria nenhum conhecido. Ademais, o prédio aconchegante e discreto não parecia abrigar o consultório de uma psicóloga, e aquela visão o tranquilizava.

O consultório da psicóloga o recordava um pouco da casa de Kıvılcım, com os mesmos itens de decoração moderna. A secretária preencheu a ficha e Ömer aguardou até que Gülfem o chamou para dentro da sala. Era uma mulher com cerca de quarenta anos, cabelos louros até os ombros e baixa estatura. Vestia-se muito bem, até melhor do que se esperaria de uma psicóloga. Trocaram um breve cumprimento e Ömer se acomodou no divã vermelho próximo à cadeira onde Gülfem se sentou.

- Ömer Ünal... o que te traz aqui? - Gülfem indagou.

Ömer contou detalhadamente sua jornada, desde o momento que conheceu Kıvılcım através da escola de Metehan até o dia que registraram Defne no cartório.

- Vejo que você considera Kıvılcım como uma parte muito importante da sua história. - A psicóloga sorriu.

- Não tenho muita escolha. - Ömer deu de ombros. - Todos os acontecimentos da minha vida tiveram algo a ver com ela.

- Claro que teve, Ömer. - Gülfem afirmou, assertiva. - Você é um homem de quarenta e cinco anos, poderia ter escolhido qualquer ponto da sua vida para começar a contar sua história, mas escolheu o momento que conheceu sua ex-esposa. Isso diz mais sobre você do que imagina.

Ömer ficou em silêncio. Em seguida, contou brevemente sobre como o irmão Abdullah havia ajudado na criação dele e do gêmeo, a história de Metehan e o casamento arranjado com Leman. Depois, voltou novamente a Kıvılcım. Tinha muito o que compartilhar. Os sentimentos mistos direcionados à ex-esposa. O medo de ser um mau pai para sua primeira filha. O arrependimento por ter se envolvido com Görkem. Ömer não havia percebido que precisava de ajuda até ser levado a colocar tudo para fora.

- Nossa sessão chegou ao fim, Ömer. - Gülfem declarou após a hora se passar. - Mas espero te ver novamente na semana que vem. Acho que você ainda tem muito o que trabalhar. Minha dica é que você se esforce para manter um bom relacionamento com a mãe da Defne e reflita sobre maneiras de se conectar com a sua filha. Creio que boa parte das suas inseguranças vêm do fato de você pensar que Defne é mais próxima da mãe dela do que de você, o que é algo natural considerando a situação. Cabe a você reagir e mudar isso.

O caminho de volta para casa trouxe reflexões a Ömer, que continuava pensativo após a sessão. Procurou inúmeros modos de se sentir mais próximo da filha, até que finalmente encontrou uma ideia que o agradasse. A próxima demanda de Ömer como pai incluiria um jantar com toda a sua família para apresentar Defne oficialmente como sua filha. Com exceção de Metehan, nenhum Ünal sequer desconfiava da existência da menina. Ömer acreditava, afinal, que Defne possuía o direito de conhecer o outro lado da família.

O homem deu meia volta com o carro e tomou rumo até o prédio de Kıvılcım, onde deu de cara com a mulher descendo do carro corporativo da emissora e prestes a entrar no prédio após um longo dia de trabalho. Ömer correu para alcançá-la.

- Ömer. - Ela disse ao avistá-lo. - A que devo a surpresa da sua visita?

- Não deveria ser uma surpresa. Estou visitando a mãe de minha filha, não uma inimiga. - Ömer falou por entre os dentes.

- Qualquer inimizade aqui é fruto das suas próprias ações. - Kıvılcım respondeu, seca. - Você veio levar a Defne para passar um tempo com você? Acabei de chegar da emissora. Vou colocar uma roupa nela, você pode esperar no sofá.

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