César caminhou lentamente em direção à pista, sua mão entrelaçada com a de Joui, que estava lhe seguindo calmamente, mesmo que seu coração errasse as batidas pelo toque. A música estava alta, alguma coisa genérica que ouviam em todas festas adolescentes que passaram, nenhum dos dois realmente se importando com aquilo.
Cohen parou em frente ao Joui, seus olhos escuros brilhando levemente pelas luzes da discoteca improvisada. As bochechas do japonês ganharam um leve rubor com o olhar intenso do garoto, nem ele sabia que tinha tanto controle do outro com algo tão bobo.
- Eu não sei dançar. - Cohen resmunga, soltando um riso baixo enquanto apoiava as mãos no ombro do Joui, mantendo, com dificuldade, a troca de olhar.
- Apenas relaxe e siga meus movimentos. - Joui instrui, suas mãos rodopiando no quadril e cintura dele. Era estranho tocar César, até trazia pequenas memórias do início do ano. Deuses, ele poderia reconhecer o corpo de Cohen de olhos fechados se quisesse.
César relaxou contra o toque do asiático e apenas se deixou levar pela dança simples e calma que compartilhavam. Seus olhos brigavam entre si como se fosse uma batalha de poder ou algo do tipo e ambos pareciam gostar disso.
- Seus olhos são bonitos. - Joui murmura com um sorriso singelo nos lábios, suas mãos apertando a cintura de César inconscientemente.
- Cala boca, idiota. - Resmunga enquanto desvia o olhar envergonhado, seu rosto ficando levemente avermelhado mas logo sendo tapado pela máscara que usava. - Você é muito irritante. - Ri pouco, voltando a olhar para Joui com calma.
- Diz isso mas não costumava falar muito quando vinha pedir minha "ajuda." - Joui murmura contra o ouvido de César. Seu halito quente contra a pela fria do moreno era quase uma tortura pequena para Cohen, seu corpo estremecendo contra as palavras.
- Você sempre falou de mais, não é? - O moreno fala enquanto puxa o corpo de Joui para mais perto de si, quase ignorando todos à sua volta, por mais que ninguém realmente se importasse com o que os dois estivessem fazendo. - Prefiro quando você apenas faz... Menos barulho. - Ele ri baixo, seu tom levemente malicioso.
Joui ficou em silêncio, seu rosto avermelhado e envergonhado, fazendo um sorriso pequeno surgir nos lábios de César. Por alguns segundos tudo parecia tão calmo, os toques simples mas que causavam formigamentos e borboletas no estômago deles. Todo passado parecia ter desaparecido neste momento compartilhado.
- Eu não entendo por que você foi embora. - Joui murmura, vendo o moreno perdido em seus próprios pensamentos. O japonês nunca entendeu o motivo do término deles e não é como se Cohen quisesse explicar algo para ele.
- Não vamos falar sobre isso, tá? - O cabeludo falou levemente irritado, afastando um pouco o Joui de si, observando aquela cara de culpa. - Eu preciso ir no banheiro. - Ele avisa e então se afasta, sem esperar nenhuma resposta.
Ele cambaleia em direção do banheiro, suas asas aveludadas dificultando sua passagem, consequentemente fazendo-o esbarrar em diversas pessoas no trajeto, mas sua mente estava pensando em diversas coisas naquele momento e nenhuma delas envolvia a empatia pelas pessoas a sua volta. Ao finalmente chegar no banheiro, segurou a maçaneta com força e abriu a porta, se trancando rapidamente lá dentro, como se estivesse tirando um peso das costas.
- Porra, Joui.. - Ele gemeu baixinho, cobrindo o rosto com as mãos, sua mente fervilhando em pensamento negativos, como pequenos monstros revividos em sua cabeça.
Ele caminha lentamente até a pia do banheiro, seu rosto estava pálido e suas mãos tremendo, provavelmente mais uma crise de pânico. César nunca soube reagir a lugares cheios, principalmente quando ele era o entro das atenções, então essa noite estava muito complicada para o garoto. Seu corpo estava pesado, então se acomodou no chão, como um cachorro abandonado. Escondido no banheiro, no meio da festa. Oh não, de novo não...
Tiros ecoavam sua cabeça enquanto seu corpo tremia. Tiros e gritos... Tantos gritos..?! Mãe?
- Isso não é real... Calma, isso não é... - Cohen repetia com as mãos tapando seus ouvidos, mas era de dentro que os barulhos vinham. Seus olhos se fechando com força enquanto sua mente se embaralhava.
- César!? - Cláudia grita, abrindo a porta do banheiro com força, vendo Cohen e Thiago sentados no chão frio e úmido do banheiro, segurando um baseado em suas mãos. - Vocês dois, a gente precis... - Sem tempo para respostas, um som de tiro ecoou pelo banheiro enquanto o corpo dela caia lentamente no chão.
César largou a maconha e correu em direção do corpo da sua mãe, gritando pelo seu nome como se fosse acorda-la. Mas havia muito sangue em suas mãos agora, em todo seu corpo e chão. O sangue de sua própria mãe contra seu corpo. Os olhos escuros dela estavam sem brilhos, quase sem cores, assim como sua pele ficando lentamente mais pálida que o normal. Só enxergava o vermelho carmesim pintando toda sua vista.
- Não, não... Mãe, por favor! Mãe! - Ele gritou em prantos, seus olhos brilhando em lágrimas, quase impossível enxergar algo. Segurou o corpo dela com força contra seu peitoral, sujando todo seu corpo de sangue enquanto Thiago observava a situação em choque.
Seus olhos se voltaram em direção da sala, mesmo com dificuldade, seus olhos se esforçaram para procurar o responsável por aquilo, logo vendo um vislumbre de diversos homens encapuzados e armados, atirando e segurando sacolas com pertencem valiosos. No meio deles estava Joui, segurando uma arma, reagindo ao que parecia ser um assalto, mas seu corpo está congelado enquanto observava a cena que César estava passando. Ele atirou contra sua mãe!? Mas Cohen não conseguiu ver muito, pois logo foi puxado por Thiago em direção da janela do banheiro. Sem conseguir resistir pela incapacidade corporal do momento, apenas viu seu corpo sendo arrastado para longe do de sua mãe, suas mãos trêmulas e sujas de sangue enquanto corria junto de Thiago em direção da delegacia.
- Não... Não, por favor, não! - César gritou, abrindo os olhos novamente, se vendo naquele banheiro vazio com as mãos limpas e sem gritos. - Mãe... - Ele olhou envolta, estava alucinando de novo com aquela maldita noite, a noite em que viu sua mãe morrer em seus próprio braços. Aquilo era mais recorrente do que Cohen queria, a imagem dela sem vida contra seu peitoral.
Novamente, se via confuso no chão, suas mãos subindo para conter as lágrimas que escapavam de seus olhos sem aviso prévio de quando iriam parar e a dor iria se cessar. Cohen nunca soube quem matou sua mãe, só se sabe que ocorreu um tiroteio durante aquela noite enquanto alguns bandidos invadiam a casa de Joui. Mas César viu Joui segurando aquela arma, observando o corpo de sua mãe no chão com os olhos aterrorizados. Mas nunca teve certeza de quem atirou contra Cláudia, mas nunca quis saber também, apenas cortou qualquer laço com Joui, tudo era culpa dele, afinal das contas, foi na casa dele com a arma dele, não?
César não sabia o que pensar, apenas se encolheu no chão, tentando acalmar sua mente e coração, mesmo que ambos parecessem correr mais rápido do que Cohen pudesse alcançar e parar...
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Notas: rapaziada, eu tinha desinstalado o wpd, então me perdoem por ter largado essa fic aqui sem rumo, sabe? Eu fui reler ontem e fiquei "tá doido, essa história ainda tá muito boa!", então decidi continuar, na medida do possível, claro. Espero que tenham gostado desse cap que tá bem curtinho e é isso, não me matem prfv 🤧🤧
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Sim... Eu te amo // Joesar
FanficCésar Cohen estuda na Escola Nostradamus de Ensino Médio, um aluno nada dedicado que só fica de recuperação e detenção, mas nunca sozinho, sempre junto de seus amigos Thiago Fritz, Arthur Cervero e Dante Portinari. Mas durante seu ultimo ano letivo...