Capítulo 28 - A carta

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Pela manhã, Anny continuou as suas tarefas diárias mesmo sem ter dormido mais do que duas horas. As cartas enviadas pelo Imperador chegavam a cada dois dias, ou seja, no próximo dia seria o tempo perfeito para que agissem, seria o fim.

Ao nascer do sol, Anny iniciou os preparativos. Seu alvo chegaria antes do meio-dia e seria entregue ao mordomo nos jardins. Por isso, a mercenária fez questão de pegar todas as tarefas relacionadas a parte externa da casa.

Como esperado, no mesmo horário recorrente, a tão esperada carta foi entregue nas mãos do velho. Os eventos posteriores foram rápidos o suficiente para que qualquer um sequer pensasse na nova e desastrada empregada como uma suspeita.

Em questão de minutos, uma nuvem de fumaça cobriu toda a mansão. Empregados e guardas correram o mais rápido que puderam até a fonte do incêndio, permitir com que o fogo se espalhasse seria imperdoável.

Em um dos momentos de distração de todos, Anny correu até alcançar o mordomo.

"Senhor!" Gritou Anny, parando o homem de cabelos brancos.

"Emma, você está bem? Há algo errado?" Pergunto, preocupando-se com o desespero eminente na expressão da empregada.

Diferentemente da fria governanta, o mordomo era gentil e sempre se preocupava com os outros. Ele, em parte, parecia o tipo de pessoa altruísta o suficiente para colocar sua mão no fogo por companheiros. Anny quase sentiu pena em usar um velhinho gentil dessa forma.

"O anexo está em chamas!"

Em resposta, os olhos do mordomo se arregalaram.

"Preste atenção, essa é uma carta imperial que deve ser entregue diretamente ao Duque. Não questione, somente o faça e o avise sobre o que está acontecendo!"

Com uma enorme felicidade interior, Anny aceitou a importante tarefa com um sorriso em seu rosto enquanto pensava que, enfim, após dezessete longos dias retornaria para casa.

Como ainda desejava manter uma aparência educada, mesmo em meio ao caos, Anny bateu levemente na porta, se dando tempo para entrar no personagem.

"Você demorou." Declarou de dentro do seu escritório.

Assim que abriu a porta, Anny se encontrou com um olhar confuso de Caleb.

"Emma, o que faz aqui? Onde está o mordomo e por que está com isso?"  Caleb direcionou o olhar afiado e questionador em direção a carta.

"O anexo está em chamas, Vossa Graça." Anny admirou sua própria capacidade de construir uma personagem frágil e assustada enquanto deixava a carta sobre a mesa, "O mordomo pediu para que eu trouxesse. "

Assim como as outras casas, onde a família governante dominava uma especialidade em magia, a casa Marina regia o elemento água. Sendo o mais poderoso em toda a história, Caleb. Levando em consideração a situação, o d
Duque Marina pensou que poderia resolver facilmente a situação problemática se fosse por ele mesmo. Assim, deixou seu escritório para rapidamente controlar as chamas que poderiam se espalhar ao prédio principal, tendo potencial para um estrago dezenas de vezes maior.

Deixada para trás e aproveitando a distração, Anny correu com pequenos pulos de felicidade à mesa do duque. Ela estava tão perto, mas assim que aproximou os seus dedos da carta, uma longa flecha rompeu a janela de vidro a sua frente cravando-se no seu ombro.

A dor sentida foi excruciante e em poucos segundos, a visão de Anny escureceu completamente. A última coisa que a mercenária pode ver antes de perder a consciência foi um vulto pegando a carta do imperador para si.

[...]

Ao chegar à fonte do incêndio, Caleb observou a fumaça subir a metros de distancia no céu azul enquanto o anexo era completamente tomado por chamas. Irritado com a situação, agiu sem pensar muito.

Caleb levantou a sua mão direita, em resposta, às gotículas de água que cobriam o chão, plantas e gramas, flutuaram seguindo o movimento. Quando elas se tornaram incontáveis e nenhuma restava em seu lugar original, repentinamente, se moveram, caindo sobre as labaredas. Na medida em que evaporavam, eram novamente transformadas em gotas. Assim, o processo se repetiu por não mais de dez minutos até que o fogo fosse extinto.

Posteriormente a garantir que todos os seus empregados estavam em segurança, Caleb ordenou ao mordomo para que calculasse os gastos e iniciasse imediatamente os reparos necessários. Por sorte, não houveram feridos.

Pensando que tudo havia acabado, ele retornou ao seu escritório, mas foi surpreendido com o corpo da mais nova contratada empregada caído sobre uma poça de sangue. Abaixando para verificar a respiração, Caleb pode concluir a morte da jovem.

A janela estava quebrada, era claro o que havia acontecido com ela, mas por que? Não muito após a pergunta, repentinamente, Caleb se lembrou do possível motivo. Tremendo, Marina correu até sua mesa revirando todos os papéis na busca da carta do imperador, mas completamente sem sucesso.

Quando a governanta foi chamada ao escritório, o seu estômago se revirou com a cena. Apesar de desastrada, ela realmente havia criado carinho por Emma.

"Vossa graça, o que aconteceu?"

"As chamas foram distração, mas levaram a carta do imperador. Emma foi pega no fogo cruzado seja de quem fosse. Chame alguém que possa entregar o corpo dela a sua família, também leve papéis e tinta até um cômodo sem esse sangue," Caleb andou furiosamente até o corredor. "isso deve ser reportado a Vossa Majestade imediatamente."

Prontamente a governanta obedeceu às ordens do Duque e os familiares da jovem foram avisados a respeito da morte.

No dia seguinte, um velho senhor e uma criança de não mais do que quinze anos, chegaram à mansão completamente abalados por levar o corpo da sua irmã e filha, que seria enterrado ao lado do túmulo da mãe. Assim, o cadáver  foi colocado sobre a parte de trás da carroça da família sendo abraçado fortemente pela criança.

Quando a carroça desapareceu da visão de todos, o corpo da jovem foi carregado até uma taberna perto da região e deitado sobre a cama. No instante em que a flecha foi retirada do ombro pelo senhor de idade. Os olhos de Anny se abriram e ela inalou profundamente.

"Ai! Isso doeu." Declarou assim que os seus sentidos voltaram o suficiente para que falasse. "Quem teve essa maldita ideia!?"

Ashley, parada ao lado da mesa, deu um fraco soco no ombro ferido de Anny  que grunhiu.

"É claro que doeu! Você foi atingida por uma flecha!" Ashley colocou, gentilmente as mãos sobre o ferimento. "Esperava o que?"

Não muito depois, as mãos de Ashley passaram a emitir uma fraca luz brilhante. Por segundos a dor se tornou quase insuportável. A magia despertava em cada um de formas diferentes, geralmente, o gatilho se referia a um trauma psicológico ou a muito tempo de treinamento, alguns poucos magos, poderosos o suficiente simplesmente  despertavam ela de forma natural. O elemento dominado dependia de diversos fatores, certas vezes, estava ligado diretamente ao sangue como nas casa ducais, outras ligado ao caráter do indivíduo.

No caso de Ashley, Anny tinha certeza de ser a primeira, pois, um poder de cura extremamente avançado refletia a doce personalidade da garota que, apesar de fria, desejava salvar quantos pudesse.

"Eu dei o meu sangue nessa atuação." Brincou Anny, levantando-se e alongando o seu totalmente ombro curado. "Não seja tão má."

"Literalmente de seu sangue." Provocou uma voz conhecida.

Noah estava na porta, apoiado sobre o arco. Com a típica aparência arrogante, ele arremessou a carta do imperador para Anny.

"Por que está me dando isso? Já não devia ter entregue a Alexander?"

"Eu tentei, mas ele disse que você deveria ler."

Seguindo a fala, Anny abriu a carta. Ela esperava crueldade, mas não sabia que ao passar do primeiro parágrafo acabaria sendo tomada por uma fúria incessante.

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⏰ Última atualização: Feb 18 ⏰

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