Já havia dois dias que Aziraphele havia voltado, e havia dois dias que Crowley não dormia. O demônio realmente havia preferido ficar todas as noites de olhos bem abertos, observando seu anjo descansar. Era óbvio que Aziraphele estava exausto, era bem visível seus olhos cansados e expressão sonolenta a todo momento.
Crowley não via problema em passar horas só olhando o anjo dormir, e isso não o incomodava nem um pouco, era um tipo de terapia para ele, por mais de Crowley preferir interagir com Aziraphele, de todas as maneiras possíveis, ele tinha o conhecimento de que seu anjo estava cansado, bem cansado.
Por outro lado, Aziraphele tentava ao máximo se manter firme acordado, para interagir ao máximo com Crowley principalmente. Mas as vezes suas costas doíam, e o único alívio rápido, era fechar os olhos e dormir, e era isso que ele fazia nesse exato momento.
Aziraphele já havia pegado no sono, enrolado nas cobertas grossas e fofas. E do lado da cama, Crowley o assistia dormir, novamente, em uma poltrona. A vontade do ruivo, era se deitar com Aziraphele, e ficar lá até tudo ficar bem, mas ele tentava ao máximo respeitar o espaço de Aziraphele, pois ainda sim, pequenos movimentos imprevisíveis costumavam assutar o anjo, não ao ponto de um grito ou algo do tipo, mas ao ponto de um pequeno pulinho e olhos levemente arregalados.
Mas se fosse para ser sincero, estava sendo um tanto difícil para Crowley se controlar, ele queria agarrar o anjo, o encher de beijos, fazer tudo que o anjo lhe dê direito, mas por enquanto, ele conseguia se contentar em apenas admirar a beleza delicada do anjo.
Aziraphele se remexeu na cama, soltando alguns resmungos, e Crowley curioso, se aproximou um pouco para ver se tudo estava bem, e aparentemente estava, ele suspirou fundo e voltou para sua poltrona, apenas voltando a o observar. Depois de se remexer de novo e novo, um grunhido um tanto mais alto foi escutado por Crowley.
- Porra anjo! - Crowley foi rápido novamente até a cama, colocando a mão em seus cabelos, analisando toda a situação. Percebendo o corpo de seu anjo tremer levemente, Crowley decidiu olhar mais a fundo nesse provável sonho. Ele entrou no sonho de Aziraphele, e o cenário mudou para um lugar bem familiar, o céu.Crowley estava no primeiro andar, isso era fácil de se notar pelo número um enorme dourado em uma das colunas do local. Ele se amargou instantâneamente.
- Aziraphele! Onde você está?! - Crowley saiu gritando pelo local estranhamente vazio.
A cada passo ele se sentia mais angustiado, as diversas memórias emergiam em sua mente. O debate que aconteceu em uma das salas que fez o mesmo e vários outros anjos caírem, todas as palavras de mal gosto, todas as arrogâncias, toda a raiva que o lugar transmitia só fazia Crowley se perguntar se anjos realmente eram todos assim, será que Deus só acertou em Aziraphele e Muriel? Ou será que os anjos aprenderam a se comportar daquele jeito? Questões malditas sem respostas. Ele queria sair dali.
Em meio a pensamentos raivosos e desconfortáveis, ele conseguiu ver uma silhueta angelical ao longe. Ele andou mais rápido, apertando os punhos de tanta raiva.
- Ei você! - ele gritou para o anjo que o olhou confuso.
- Quem é você? E que roupas são essas? - o anjo perguntou arrogante.
- isso não interessa seu putinho, cadê o anjo Aziraphele!? - Crowley se aproximou do anjo, tirando seus óculos, o encarando profundamente.
- Você é um demônio!
O anjo arregalou os olhos se sentindo enojado.
- você não deveria ser tão persistente sendo a porra de uma alucinação! - aumentou a voz segurando o colarinho do anjo. - responda a minha pergunta.
Ao ouvir a pergunta, o anjo deu um leve sorriso sarcástico.
- O Aziraphele? Aquela bixa vadia? - o anjo riu maldosamente.
Crowley não deu muitos segundos para o anjo antes de o levantar pelo pescoço e o jogar no chão de costas, subindo em cima de si.
- Vamos ver quem vai ser a bixa vadia então!
Crowley rasgou a blusa social simples do anjo, deixando suas costas expostas.
- O-oque estão fazendo seu verme!
O demônio arranhou as costas do anjo, fazendo suas asas aparecerem instantâneamente, um mecanismo fraco dos anjos que faziam suas asas aparecer facilmente, mas Crowley preferiu deixar mais doloroso rasgando suas costas.
- URGH!
O anjo reclamou quando sentiu as botas de Crowley em sua asa esquerda, e sua mão na asa direita, bem no comecinho, a apertando e puxando contra o seu corpo.
- AAH!
O anjo gritava desesperadamente pela dor agonizante, o mesmo apertava as unhas no chão do local, mas a dor não podia ser parada, muito menos os gritos de dor.
- QUEM É A BIXINHA AGORA? QUEM ESTÁ GRITANDO QUE NEM UMA BIXA AGORA!? - Crowley continuou puxando a asa do anjo juntamente de sua pele, fazendo a mesma levemente se esticar e soltar sangue por toda a parte.
Quando Crowley puxou e puxou mais forte, se inclinando para trás enquanto abaixava o corpo do anjo com os pés, ele arrancou a asa do anjo, que se encolheu abraçando as próprias costas.
Com a asa em mão, ele caminhou até o anjo novamente, o levantando pelos cabelos, o olhando nos olhos.
- Se você não falar onde o meu anjo está, eu vou arrancar a outra.
-Ele está no terceiro andar! - o anjo respondeu falhadamente, gritar havia quase arrebentado suas cordas vocais.
- ótimo. - ele jogou o anjo no chão, e antes de ir, virou-se de volta para o anjo. - eu vou voltar aqui, e só vou sair com asas de anjos nas mãos... Se eu pelo menos souber, se eu pelo menos deduzir, que você disse realmente essas coisas, que você participou de tudo isso, eu vou arrancar suas cordas vocais, e levarei as suas asas. - Crowley não esperou uma resposta, só correu para o terceiro andar, escutando alguns gritos abafados e familiar, que derrepente, se calaram. Crowley correu mais rápido, abrindo a porta das escadas com tudo.
Ele paralisou ao ver seu anjo no chão, ajoelhado de costas, com as roupas da parte de trás das costas rasgadas, com sangue escorrendo pelos cortes feitos por chicotes.
Ele estava sozinho na sala, encolhido, abraçando a si mesmo.
- Aziraphele! - ele correu depressa para seu anjo.
Ao quase tocar o seu anjo, Aziraphele se afastou levemente assutado.
- C-Crowley! - Aziraphele se surpreendeu
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Casulo Angelical ( good omens )
RomanceAziraphele sabia o que estava fazendo, ele queria pela primeira vez retribuir tudo que Crowley o fez, ele só queria o proteger, era essa a forma de demonstrar aquele amor que ficou guardado a tanto tempo. Ele iria voltar, mas só quando tivesse certe...