Era uma tarde de domingo, com o céu nublado e algumas nuvens que ameaçavam chover, a paisagem da França era escura e fria, e no meio de um bosque, o anjo fazia força para desprender um cervo preso em uma armadilha de urso. Aziraphele estava meio atrasado, o anjo precisava ir até a cidade e dar uma olhada em Luis XIV, que ainda era um bebê na barriga da rainha. Aparentemente ele daria trabalho, um trabalho que não poderia ser impedido pelo anjo, não agora na verdade. Mas Aziraphele precisava se infiltrar na sociedade. Entretanto, ele não via problema em salvar o cervo.
Resmungou fazendo força nas mãos.
- Aziraphele?
- ah! - Aziraphele se assustou, olhando para trás, vendo Crowley o olhar confuso. Deu um pequeno sorriso.
- Oque você está fazendo?
- Você me assustou, Crowley! - Aziraphele reclamou.
- Desculpa, anjo. Mas falando sério, que merda você está fazendo? - perguntou olhando para Aziraphele, que voltou a tentar tirar a armadilha de urso da pata do cervo.
- Não é óbvio? - Respondeu.
- eh, não é mais fácil usar milagre? - Crowley se agachou perto do anjo.
- Oh, eu não posso! Me chamaram a atenção por estar usando muito milagres para coisas desnecessárias, só porque eu usei milagre para pegar uma toalha que eu havia esquecido! - Reclamou Aziraphele.
- hm - deu uma risada.
- Não tem graça! Isso é ridículo se quer saber. - Aziraphele o repreendeu.
Crowley apenas continuou a olhar o anjo tentando usar toda a sua força para abrir a armadilha.
- Anjo, olhe para ele, ele não vai sobreviver, já perdeu muito sangue.
- O que? É claro que vai, ele é forte. - Aziraphele disse confiante.
- anjo, esquece, ele já está parando de respirar, e você não pode salvar todos os animais que ver pela frente. - aconselhou
- É claro que posso! - olhou para Crowley um tanto desesperado. - me ajuda... Por favor. - Aziraphele implorou.
- Tsk, nunca mais me peça algo. - Crowley o afastou, colocando as mãos na armadilha, quebrando ela.
- Um milagre demoníaco para você, satisfeito?
Silêncio.
Aziraphele olhava triste para o cervo agora morto.
- Eu te disse. - Crowley disse.
- É, você disse. - Aziraphele se ajeitou, colocando a cabeça do cervo em seu colo, acariciando seu pelo.
- Não fique assim anjo, é algo normal que acontece! - Crowley sentou ao seu lado, se encostou em uma árvore, tentando acolher o anjo.
- sim, sim. - Aziraphele disse
Crowley suspirou um tanto preocupado.
- suas mãos estão machucadas? - Crowley viu as mãos de Aziraphele sangrando um pouco.
- Um pouco, mas não tem problema. - Aziraphele respondeu.
- Anjo, vamos lá, não fique assim! - Crowley pediu.
Aziraphele o olhou com um semblante triste.
- Tem razão, acontece, eu vou indo então. - Aziraphele iria se levantar mas, Crowley o segurou o fazendo continuar ali.
Aziraphele o olhou confuso.
- Não, fica, eu sei que você só vai se afogar de tanto chorar.
- eu não sou um bebê Crowley! - Aziraphele reclamou.
- mas parece um. - retrucou crowley.
Aziraphele desviou o olhar, totalmente frustrado.
- urgh, que merda ein anjo. Vão me questionar sobre isso depois. - Crowley colocou a mão no cervo, o fazendo voltar a respirar. Aziraphele fica surpreso, mas pelo animal estar assustado, o mesmo acabou dando um coice no rosto de Aziraphele, que colocou a mão no rosto imediatamente.
- Aziraphele! - Crowley se desesperou. - Veado filho de uma puta! - Crowley xingou o cervo que já estava longe. - Aziraphele! Desculpa! Não foi minhas intenção, você está bem?? - Crowley se desesperou, segurando os pulsos de Aziraphele, abaixando suas mãos para ver o estado de seu rosto.
O rosto de Aziraphele estava vermelho, e o seu nariz sangrando. Mas ele sorria feliz.
- Obrigado Crowley, você é tão gentil! - Aziraphele agradeceu feliz.
- Vá a merda Aziraphele! Você acabou de levar um coice! - Crowley se desesperou.
- Ta tudo bem! Eu estou perfeitamente bem, só doi um pouco... - Aziraphele riu sem jeito.
Crowley soltou seus pulsos, e coçou a cabeça um tanto angustiado, desviou o olhar.
Aziraphele o olhou preocupado.
- Eu fiz algo?
Crowley o olhou de canto de olho, suspirou.
- Claro que não, eu fiz. Olha desculpa, tá legal? Eu não tive a intenção, eu juro. - Crowley se desculpou ainda angustiado.
- oh querido, não se preocupe, ele estava assustado, e se quer saber, eu estou incrivelmente feliz e agradecido por ter feito isso por mim! - Aziraphele sorriu genuinamente.
Crowley desviou o olhar imediatamente, aquele sorriso de Aziraphele o deixava com um sentimento confuso.
- Tsk, está tudo bem, só estou te pagando pela vez que você me ajudou e foi até aquela colônia por mim, eu realmente não queria fazer aquele trabalho, eu não sou muito fã dos portugueses.
- E quem é? - Aziraphele riu.
Os dois ficaram em silêncio, já não havia muito assunto para ser tratado, e os dois estavam meio confusos um com o outro, na verdade, eles sempre estavam.
Crowley olhou o rosto de Aziraphele, um tanto acabado, enquanto o mesmo fazia algumas expressões de dor. Ele sabia que Aziraphele não podia usar seus milagres para coisas " bobas " e Crowley não poderia usar mais um milagre de cura.
- Eu posso fazer algo?
- Hum? - Aziraphele perguntou.
- eu posso fazer algo para ajudar na sua dor?
- oh querido, não se preocupe, eu posso dar um jeito nisso mais tarde. - Disse meigo.
- Ah, tudo bem.
E novamente, o silêncio, mas em pouco tempo, Alguns bingos de chuva começaram a cair.
Os dois olharam para o céu, apenas observando as gotas caírem em seu rosto.
Aziraphele sorriu, ele realmente gostava da chuva. Enquanto Crowley se distraia com alguma nuvem qualquer, Aziraphele abriu suas asas, o cobrindo.
Crowley o olhou um tanto surpreso, mas Aziraphele não o olhou novamente, apenas mantinha seu olhar em outra coisa aleatória.
O demônio suspirou baixinho, e abriu suas asas, passando elas sob as asas de Aziraphele, também o cobrindo.
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Casulo Angelical ( good omens )
RomanceAziraphele sabia o que estava fazendo, ele queria pela primeira vez retribuir tudo que Crowley o fez, ele só queria o proteger, era essa a forma de demonstrar aquele amor que ficou guardado a tanto tempo. Ele iria voltar, mas só quando tivesse certe...