Se perdoe

101 11 2
                                    

Aziraphele olhava para sua xícara de chá com um semblante triste, aquilo simplesmente não saia de sua cabeça, e o anjo nem ao menos conseguia olhar para Crowley sem sentir culpa, aliás, oque ele havia feito foi horrível e maldoso. Olhou de canto de olho para Crowley, que estava sentado perto da cama o observando um pouco pensativo.
Seu coração doeu.
Aziraphele olhou para a xícara novamente.
Crowley suspirou leve, estava preocupado com seu anjo, mas não sabia oque falar, por mais de ter o perdoado, Crowley ainda sentia uma certa raiva por Aziraphele não ter o dito oque estava acontecendo antes de ir para o céu. Entretanto, ele não tinha raiva de Aziraphele, pois ele já havia se mostrado totalmente arrependido por tal ato, ele tinha raiva de suas ações, da sua teimosia.
Em meio aos seus pensamentos, Crowley teve uma ideia genial, ele poderia comprar alguns docinhos para Aziraphele, já que o mesmo estava tão deprimido. Ele adoraria alguns doces e crepes.
Crowley se levantou e foi até Aziraphele, deu um pequeno beijo no mesmo, acariciou seus cabelos e saiu do quarto, apenas dizendo que já voltava.

Aziraphele o observou sair da livraria e adentrar o carro pela janela, e assim que o carro sumiu da rua, Aziraphele se sentou novamente na cama.
Suspirou fundo, e olhou ao redor.
Nada conseguia tirar de sua cabeça a culpa, nada mesmo.
Olhou para o céu pela janela, e logo para o casaco de Crowley na sua poltrona. Lembrou-se dos dias anteriores, onde Crowley cuidou de si, não só isso, mas também o respeitou e o alegrou. Aziraphele não deveria estar parado ali se lamentando pelo que fez. Querendo ou não, nada poderia ser desfeito agora, oque ele poderia fazer era recompensar todos os seus erros.
Aziraphele teve também uma ideia.
Andou até seu guarda roupa, pegou uma muda de roupas e se trocou. Em seguida passou um simples perfume, gostava de estar cheiroso. Andou até a porta e a abriu, aquela barreira ainda estava lá, mas não poderia simplesmente desistir. Ligar para Crowley não iria funcionar, a janela estava igualmente zelada. Então resolveu ignorar aquela porcaria de barreira. Se prensou contra ela, forçando o seu corpo para fora. Com esse ato, a barreira automaticamente machucava o corpo de Aziraphele, o fazendo resmungar de dor. Prensou mais e mais seu corpo, sincronizando todo o seu poder e força, até que por fim, a barreira se quebrou.
Assim que a barreira foi desfeita, Aziraphele não teve forças o suficiente para se manter de pé. Então apenas se deixou cair no chão. Totalmente exausto.
- Oh céus. - fechou os olhos, prestes a desmaiar.

Crowley...
Eu preciso recompensar.
Eu não posso desistir.
Não agora.

Em um pique, Aziraphele sentiu sua força se restaurar instantâneamente. Deu um sorriso vitorioso e se levantou do chão.
Limpou suas roupas e desceu as escadas pela primeira vez desde que voltou.
Uma certa nostalgia o acertou em cheio, era incrível poder estar ali novamente. Muriel ao ver Aziraphele se surpreendeu.
- como? Como saiu? - Muriel perguntou abismada.
Aziraphele deu a ela um longo sorriso vitorioso.
- Não tem nada que eu não possa fazer pelo Crowley!
Antes de sair correndo do local, acariciou os cabelos de Muriel.
Ao sair da livraria, selou ela novamente, mas dessa vez para que muriel não pudesse o deter.
- Senhor Fell!!! - Muriel gritou para o mesmo, Mas ele resolveu só ignorar.

Andou pelas ruas tranquilamente, tentando ao máximo esquecer que não estava tão seguro agora. Caminhou até achar uma loja de roupas, aquela loja onde Crowley amava comprar suas roupas, ou pelo menos, se inspirar nelas, já que ele as fazia por milagre.
Adentrou a loja, e logo em seguida foi para a sessão masculina.
Viu cada peça de roupa, e imaginou Crowley em cada uma delas, só para ter uma noção do que ficaria melhor no namorado.
Entretanto, tudo ali era parecido com as roupas de Crowley, não achava nada que o mesmo já não tivesse. Até se deparar com uma blusa de inverno de gola alta e preta. Crowley tinha uma igual, mas havia contado que depois que Aziraphele foi embora, no mesmo dia ele rasgou de tanto ódio.
Deu um sorriso, e logo a pegou do cabide. Aziraphele não conseguia parar de pensar no quão atraente Crowley pode ficar de gola alta.
Levou a blusa até o balcão e entregou ao atendente, pagou, embrulhou, e foi embora da loja.
Deu um leve sorriso, mas sua missão não tinha sido completa ainda.
Caminhou até uma loja famosa de chocolate lá perto, e procurou pelos famosos chocolates alcoólicos. Procurou os de vinho, e quando achou, pegou uns três. Na mesma sessão, não conseguiu se segurar e pegou três garrafas de vinho também. Era uma boa loja pelos chocolates e vinhos deliciosos. Com isso, passou por uma última loja, na verdade, uma floricultura. Até então, Aziraphele não sabia do péssimo ato de opressão que Crowley tinha com as plantas. Comprou um lindo buquê de rosas, aquelas bem vermelhas, e com um pequeno milagre, fez a o papel que as embrulhava ser preto.

Casulo Angelical ( good omens ) Onde histórias criam vida. Descubra agora