Não me deixe

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Não me deixe... Eu preciso de você.

Aziraphele abriu os olhos, se levantou e se espreguiçou. Ele se sentia mais forte do que nos primeiros dias de volta à terra. Olhou para o lado na esperança de ver Crowley, mas não havia  ninguém no quarto além de si mesmo.
Ficou confuso, óbvio, Crowley sempre estava lá. Suspirou um pouco preocupado, mas se aliviou ao sentir a presença do demônio na livraria.
Levantou-se se espreguiçando. Saiu do quarto à procura de Crowley, e quando chegou nas escadas o gritou, sem resposta.
No momento, Muriel saiu de seu quarto, o encarando.
- Bom dia Muriel! - Aziraphele sorriu meigo.
- Bom dia Sr Fell... - Muriel disse desconfortável.
- Algo de errado? - Aziraphele perguntou.
- Não é nada. - Muriel desceu as escadas deixando Aziraphele sozinho.
Aziraphele ficou confuso, oque havia acontecido enquanto o mesmo dormia?
Gritou mais uma vez o nome de Crowley, sem respostas novamente.
Aziraphele desistiu de tentar chamar o demônio, e resolveu apenas se vestir.
Adentrou o quarto novamente, e abrindo o guarda roupa, pegou um suéter de frio, já que a temperatura estava baixa, e uma calça moletom, junto de seu casaco cinza que o mesmo costumava usar quando estava na livraria. O anjo não era muito fã da calça moletom, mas ele podia abrir uma exceção já que ela era quente e perfeita para um dia frio. Abriu a porta do quarto, e sem mais nem menos desceu as escadas.
Aziraphele nunca sentiu tanta falta de sua livraria antes. Ela parecia limpa, mas um pouco largada.
Caminhou até o salão principal da livraria, encontrando Crowley deitado no sofá lendo um jornal.
Aziraphele se aproximou de Crowley que nem ao menos o olhou.
- Bom dia querido! - Aziraphele sorriu - você não estava no quarto, então pensei que talvez eu pudesse descer para te encontrar.
- Hm, dahora. - Crowley o respondeu.
Aziraphele ficou surpreso pelo tom de voz do amante, e como sempre tentou analisar o que estava acontecendo. Crowley quando estava bravo, sempre tentava ao mínimo agir gentilmente com o anjo, ainda mais se o mesmo não tivesse culpa de sua raiva.
Ele estava bravo com Aziraphele?
- Crowley...?
Suspirou - Que?
- Eu fiz algo?
- Será que você fez? - Crowley levantou deixando o jornal no sofá, saindo do local.
- Crowley... - Aziraphele se surpreendeu pela atitude.
Seu coração acelerou incrivelmente, junto de sua respiração, suas mãos ficaram frias e trêmulas, começando a formigar. A famosa crise de ansiedade? Oh céus, até anjos sofrem com isso? Na verdade não, anjos não podiam ter ansiedade, mas Aziraphele convivia com os humanos.
Respirou fundo, tentando se acalmar.
Mas oque ele havia feito? No dia anterior tudo estava bem, passaram o dia todo deitados na cama, nenhuma palavra foi dita, nada havia acontecido.
Aziraphele iria atrás de Crowley, mas às vezes, Crowley só estava estressado. Então resolveu apenas o deixar ir, depois ele conversaria com Crowley.
Aziraphele suspirou se sentindo culpado, mesmo sem ter feito nada, e resolveu apenas ir fazer o seu próprio chá, na esperança de tentar esquecer aquilo um pouco.
Foi até a cozinha, procurou por um pequeno sachê de chá, mas não tinha nada além de pó de café. Café não iria o acalmar.
- hurgh! - Aziraphele sentou no chão da cozinha, colocando as mãos no rosto.
Muriel entrou na cozinha, e encarou no chão.
Aziraphele levemente inclinou o rosto para fora de suas mãos, olhando tristemente Muriel.
- Você... Sabe oque eu fiz? - perguntou.
Muriel não disse nada, apenas deu um olhar de reprovação e saiu da cozinha.
Aziraphele quase não conseguia segurar as lágrimas, mas prometeu não chorar sem saber oque estava acontecendo.
Suspirou fundo olhando para cima, enxugando os olhos encharcados, seu peito doía, muito, preferia naquele momento não ser tão perfeccionista ao ponto de criar um coração para si.
- Eu acho que posso pular o café da manhã e ler um livro! - tentou um sorriso, mas não conseguiu.
Aziraphele levantou, iria andar claro, mas suas pernas estavam bambas, sentia que se ele desce um paço iria cair no chão.
Se sentou no chão novamente, e com um pequeno milagre, fez um pequeno sachê de chá aparecer em suas mãos, um chá de camomila, para acalmar.
Aziraphele pensou em comer um pãozinho ou biscoitinho, mas era impossível, nem isso ele conseguia.
Fez o seu chá o mais rápido possível.

Casulo Angelical ( good omens ) Onde histórias criam vida. Descubra agora