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Os primeiros sopros gélidos do norte anunciavam a chegada do outono. As folhas das árvores resistiam bravamente à queda, enquanto o ronco imponente do conversível preto ecoava pelas ruas desertas. Ao volante, Jonathan dirigia com os olhos semicerrados, combatendo uma dor de cabeça avassaladora causada pela bebedeira da noite anterior, o que só piorava seu já humor azedo.

Apesar do mal-estar, Jonathan precisava comparecer à assembleia, a pedido do austero diretor regional, que seria realizada em seu escritório naquela manhã. Sua respiração era lenta e pesada, um péssimo presságio.

Estacionando o carro, ele ajustou os óculos escuros e ativou o alarme. No hall de entrada, dirigiu-se ao elevador, apertando o botão do décimo quinto andar. Antes de sair, ajeitou a gravata de seda e alisou o terno de alta costura, tentando exalar uma compostura que contrastava com seu estado interior.

Ao abrir a porta, franziu o cenho ao ver o diretor regional sentado com outro homem imponente e calvo, Gregory Anderson. Com seus 1,70m de altura, Gregory trazia uma expressão severa no rosto. Ao notar Jonathan, ele se levantou e caminhou em sua direção com um largo sorriso, estendendo a mão em cumprimento.

— Que bom tê-lo conosco, meu caro — disse Gregory, apertando a mão de Jonathan com firmeza. — Espero que compreenda meu atraso — respondeu Jonathan, tentando soar o mais natural possível. — Por favor, sigam-me.

Ao passar pelo balcão da recepção, Jonathan acenou para a secretária com um gesto rápido e seguiu em direção à sala de reuniões no final do corredor. Ao abrir a porta, uma nova surpresa o aguardava: Adam estava sentado na outra ponta da mesa. Rapidamente, Adam se levantou para cumprimentá-los, deixando de lado os papéis que examinava.

— Creio que podemos dar início à nossa discussão — anunciou Gregory, tomando assento à mesa. Jonathan assentiu, e o diretor colocou os óculos e pegou os documentos. Adam foi o primeiro a falar, sua voz carregada de preocupação:

— Os preços que alguns empresários questionam são os da taxa de exportação, que tiveram um aumento de quase 5% desde o final do ano passado.

Gregory fixou o olhar em Adam, sua expressão inalterada.

— Não vejo motivo para tanta apreensão por causa desses cinco por cento. O aumento está dentro das normas estabelecidas pelo instituto.

A tensão pairava no ar, e Jonathan, ainda abalado pela ressaca e pelo clima hostil, se perguntava como aquela reunião se desenrolaria.

— Essa porcentagem pode desvalorizar drasticamente nossos preços — interveio Jonathan, encarando Gregory com firmeza.

Gregory cochichou algo para o outro homem, seus olhares atentos captando a conversa.

— Poderíamos talvez reduzir um por cento, mas o impacto seria mínimo — disse Gregory, tamborilando a caneta na mesa.

— Um por cento? Isso é ridículo, Gregory! — questionou Adam, franzindo o cenho em frustração.

Gregory se ajeitou na cadeira e lançou um olhar fulminante para Adam.

— Não podemos ceder mais. As quedas na bolsa de valores estão em queda livre, o barril de petróleo está estimado em US$75, e estamos em alerta máximo para um declínio ainda maior.

Jonathan balançou a cabeça em discordância, mas permitiu que Adam continuasse a discussão.

— É o máximo que podemos oferecer aos fornecedores, um desconto de um por cento — interveio o outro homem, sob o olhar vigilante de Gregory. — A queda de quase 25% foi recorde, e não temos alternativas.

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