13.

10 3 0
                                    


Enquanto Samantha se virava abruptamente para encará-lo, um turbilhão de emoções a invadiu. Seus olhos, antes perdidos na paisagem além da janela, agora se estreitavam com uma mistura de surpresa e desconfiança. O estrondo do objeto caindo sobre a mesa ecoou no refeitório, amplificando a tensão palpável entre eles.

Seu corpo tenso, os dedos ainda tocando levemente a borda do copo, ela estudou o rosto de Jonathan. Seus traços eram arrogantes, uma expressão de autoconfiança que facilmente poderia ser confundida com presunção. Seus olhos, frios e penetrantes, pareciam desafiar qualquer fraqueza que ela pudesse demonstrar. Um sorriso de canto de boca se formou em seus lábios, como se ele estivesse se deleitando com a reação dela.

Samantha apertou os lábios, resistindo ao impulso de responder imediatamente. Ela conhecia bem esse tipo de atitude, esse ar de superioridade que mascarava inseguranças profundas. Era como se ele estivesse tentando provar algo para si mesmo, usando-a como um meio para alcançar isso.

Com um suspiro contido, ela se endireitou na cadeira, desviando o olhar por um instante antes de retornar o contato visual. Se havia algo que aprendeu nos últimos tempos, era a arte da paciência e da calma diante das tempestades. E naquele momento, ela estava determinada a não deixar que ele perturbasse sua serenidade.

— Quanto você quer para simplesmente desaparecer? Posso te dar a quantia que quiser — anunciou ele com a maior tranquilidade do mundo.

Samantha sentiu o rosto ferver de raiva. Ele a estava ofendendo com aquela proposta. Com um sorriso irônico, ela rebateu:

— É assim que trata as pessoas, Mr. Blackwell, comprando-as?

Jonathan ajeitou o terno e permaneceu encarando-a de forma analítica. Estava começando a se arrepender da tal proposta. Rapidamente, tentou manipular outra abordagem para escapar da lição de moral que estava prestes a receber, julgando pelo olhar de Samantha.

— Em certas ocasiões, pode-se dizer que sim. Mas vejo que está mesmo disposta a enfrentar o tribunal — rosnou ele enquanto curvava o corpo para frente, apoiando-o com ambas as mãos sobre a mesa. — Sabe que levará tempo e apenas Ava irá sofrer com todo esse constrangimento. Estou tentando ser um bom samaritano e poupá-la de tudo isso. Posso dar uma boa educação a ela e uma vida tranquila.

Samantha o encarou com desdém.

— Confesso que por um segundo cogitei entrarmos em um acordo, mas olha pra você — disse ela, gesticulando na direção dele. — Um cara patético que acha que só porque está em cima da carne seca pode mandar e desmandar nas pessoas. Não sou uma qualquer, se é isso que está tentando se referir, meu caro. Tenho um emprego fixo, posso até não ganhar um mar de dinheiro, mas francamente, prefiro ser jogada aos leões do que ficar debatendo os absurdos que saem de sua boca.

Levantando-se com firmeza, Samantha o encarou perplexa, balançando a cabeça para tentar manter o autocontrole e evitar socar aquele indivíduo arrogante. Tentou controlar sua respiração enquanto continuava a caminhar, mas sentiu a mão de Jonathan segurar seu delicado braço com força, apertando-o como se fossem duas barras de aço. A jovem virou-se para protestar, mas ao olhar nos olhos azuis dele, viu pura raiva.

— Acabou de arrumar um inimigo. Irei fazer de tudo para quebrar essa sua pose de durona. E guarde bem minhas palavras, você virá rastejando para me pedir perdão.

As palavras de Jonathan ecoaram no refeitório, carregadas de veneno e ameaça. Samantha lutou contra as lágrimas que teimavam em subir aos seus olhos, determinada a não lhe dar a satisfação de vê-la chorar.

— Não tenho medo das suas ameaças — retrucou ela, com a voz firme, apesar do tremor que a percorria por dentro.

Enquanto Jonathan soltava seu braço com força, um olhar de culpa fugaz cruzou seus olhos ao perceber a vermelhidão que havia causado em sua pele. Antes que pudesse se desculpar, Samantha apertou os olhos com força, como se tentasse conter a tempestade de emoções que a invadia.

O BlackwellOnde histórias criam vida. Descubra agora