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Jonathan avançava pelo corredor com passos tensos, cada respiração pesando em seu peito. Seu coração batia forte, ecoando em seus ouvidos enquanto se aproximava da porta do quarto de Ava.

Ao chegar diante dela, seu corpo congelou como se uma corrente elétrica o tivesse paralisado. Os olhos se fecharam involuntariamente, mas a imagem dos olhos castanhos de Samantha dançava diante de suas pálpebras. Ele lutou contra as lembranças, forçando-se a encarar a realidade.

Com um suspiro pesado, abriu os olhos, determinado a enfrentar o que quer que estivesse do outro lado da porta.

Segurando a maçaneta firmemente, sentiu a textura fria do metal contra a palma suada. Com um movimento lento e deliberado, girou a maçaneta, abrindo a porta para o que o aguardava além.

Dentro do quarto, Jonathan foi recebido por uma cena reconfortante e comovente. Hannah estava sentada, sua expressão suave e serena enquanto brincava com Ava.

O sorriso radiante da sobrinha iluminava o ambiente, inundando o quarto com uma energia calorosa.

Jonathan tentou mover-se silenciosamente, mas um pequeno descuido resultou em um baque quando seu cotovelo acidentalmente encontrou a porta. O som quebrou a tranquilidade do momento, atraindo os olhares de Hannah e Ava. Ele forçou um sorriso constrangido, envergonhado por sua falta de habilidade em se mover silenciosamente, e se aproximou das duas com passos hesitantes.

— Está tudo bem? — perguntou Hannah, encarando-o atentamente.

Ele apenas assentiu em resposta, desviando o olhar para Ava, cuja inocência contrastava com suas próprias preocupações.

Contudo, seus olhos foram atraídos pela janela entreaberta, onde a brisa suave acariciava as cortinas, provocando um balé delicado. Com passos determinados, Jonathan dirigiu-se até a janela e a abriu completamente, deixando o ar fresco e o iminente cheiro de chuva invadirem o ambiente.

O céu, que há pouco exibia azul sereno com nuvens brancas, agora se transformava em uma paisagem cinzenta, anunciando a tempestade iminente.

Encostando-se na janela, fechou os olhos por um instante, permitindo-se perder-se na fragrância leve e envolvente que flutuava no ar, um eco sutil do perfume de Samantha.

Essa associação despertou uma série de pensamentos inquietantes em sua mente sobre a presença dela em sua vida cotidiana, especialmente na mansão. A ideia o perturbava e, ao mesmo tempo, o excitava de uma forma desconcertante.

Antes que pudesse explorar essas reflexões, uma sensação inesperada de algo tocando seu ombro o fez sobressaltar-se. Abrindo os olhos, deparou-se com a expressão confusa de Hannah, que o observava com curiosidade e preocupação.

— Tem certeza de que nada aconteceu? — A voz de Hannah carregava um tom de preocupação genuína enquanto fitava Jonathan com um olhar penetrante, como se tentasse decifrar segredos ocultos por trás de sua expressão.

Um aperto desconfortável constrangeu o peito de Jonathan diante da intensidade penetrante do olhar de Hannah. Esforçando-se para manter a máscara de tranquilidade, ele respirou fundo antes de responder, sua voz tingida de uma falsa calma.

— Não, querida, apenas me senti um pouco cansado. — A mentira deslizou facilmente de seus lábios, acompanhada por um sorriso forçado que buscava reforçar sua farsa.

Hannah ergueu uma sobrancelha arqueada em desconfiança, seus olhos azuis faiscando com incredulidade diante da resposta simplista de Jonathan.

Era evidente que suas palavras não a convenciam, e sua expressão analítica revelava que estava longe de aceitar tão facilmente a explicação simplória.

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