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Jonathan permanecia sentado à beira da janela, perdido em pensamentos enquanto observava a rua ser varrida pela chuva fina. Figuras com guarda-chuvas de cores neutras se apressavam sob o céu cinzento, criando uma atmosfera melancólica que refletia seu estado de espírito. Consultou o relógio de pulso, impaciente com a demora de Hannah, sua noiva, que deveria ter chegado para o almoço.

Na noite anterior, Hannah avisara por telefone que precisava discutir algo importante. Jonathan voltou seu olhar para a rua chuvosa, seus pensamentos girando em torno da conversa que os aguardava.

Ela se aproximou com um sorriso radiante, pedindo desculpas pelo atraso e depositando um beijo rápido em seus lábios antes de se sentar à sua frente. Por um momento, Jonathan a admirou em silêncio, fascinado por sua beleza e elegância. Em seu íntimo, ele desejava que todas as mulheres fossem como ela.

Sem perder tempo, Hannah indagou sobre o assunto "importante" que ele havia mencionado. Jonathan coçou o queixo, pensativo, antes de relatar a conversa que tivera com Adam, seu amigo, na tarde anterior. Eles haviam debatido a situação delicada com Samantha e, a partir dessa conversa, surgiu uma proposta inusitada.

— Adam sugeriu que eu fizesse uma proposta a Samantha — disse Jonathan, encarando Hannah com seriedade. — Ele propôs que ela viesse morar conosco, na minha casa, junto com Ava.

Hannah o fitou, incrédula, sem conseguir formular palavras. Tossiu levemente, como se precisasse de um momento para assimilar a informação. A proposta de Jonathan era ousada e inesperada, e ela precisaria de tempo para processar tudo aquilo.

A chuva continuava a cair lá fora, criando uma trilha sonora suave para a tensa conversa entre o casal. Jonathan aguardava ansiosamente pela reação de Hannah, ciente de que essa decisão poderia mudar suas vidas completamente. Agora, era questão de esperar e ver como ela reagiria.

— Morar com você em sua casa? De jeito nenhum! Você deve ter entendido errado, porque seria um absurdo levar uma completa estranha para dentro de sua casa... Esse seu amigo Adam é um lunático — exclamou Hannah, com a voz carregada de indignação.

Jonathan já esperava essa reação. Olhou nos olhos de Hannah e explicou calmamente:

— Calma! Estou fazendo isso pela Ava, minha sobrinha. Ela tem mais afinidade com você, por terem vivido próximas por um bom tempo.

Hannah inclinou a cabeça para o lado e encarou Jonathan com frustração. Movendo-se desconfortavelmente na macia cadeira, emitiu um leve gemido de desaprovação.

— Jonathan Blackwell, isso é completamente fora do senso e você nem sequer deve considerar essa possibilidade — disse Hannah, lançando-lhe um olhar fuzilante.

Jonathan não pôde conter uma risada nervosa diante da resposta de Hannah. Era evidente que ela estava morrendo de ciúmes por dentro. Bastava observar os detalhes: os braços cruzados, a expressão ríspida no rosto, o olhar carregado de reprovação. Sua risada apenas intensificou a tensão palpável entre os dois.

— Não vejo graça nenhuma — rebateu Hannah, descruzando os braços e apoiando as mãos sobre a mesa com força. — Acha mesmo que vou permitir que você leve uma completa estranha para sua casa e fique contente com essa maluquice? Pelo amor de Deus, Jonathan!

Ele balançou a cabeça e segurou suavemente a mão dela.

— Claro que imaginei que você não gostaria nem um pouco dessa ideia. Estamos juntos há quase seis anos e nunca escondi nada de você — disse Jonathan, com sinceridade em sua voz.

Hannah refletiu sobre as palavras de Jonathan. Era verdade, ele sempre fora honesto e transparente em seu relacionamento. Jamais a enganara ou omitira informações importantes.

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