Sacrifícios

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Gale: Chegou um pouco tarde, Tom. – ele limpava as mãos, que estavam vermelhas, com um pano de prato enquanto eu adentrava a sala de estar e sentia o corpo endurecendo de tensão.

"Vai irritando ele, eu tenho um plano." a voz dele ecoa na minha cabeça mas parou por ai. Pois é. Ele simplesmente me mete um 'eu tenho um plano' E NÃO ME CONTA A PORRA DO PLANO.

É mole viu.

Respira, TomTom, respira.

RESPIRA.

Um. Dois. Um. Dois.

Tom: Onde eles estão? – Venom entrou e me deixou completamente com o meu corpo. Gale já devia saber que Venom tomou conta da situação quando ele se foi já que seria impossível eu ter chegado até aqui em tão pouco tempo e em tão bom estado considerando o estado horrível que ele tinha me deixado há duas horas atrás.

Ninguém normal se curaria tão rápido assim.

Ninguém normal aguentaria tanto.

Gale: Acho que não foi essa a educação que a sua mãezinha te deu, foi? – passou uma ponta do pano na ponta da boca como se tivesse acabado de comer – Não vai nem me dar "oi"?

Tom: Que irônico, não? – coloquei as mãos nos bolsos e me encostei na parede enquanto analisava o espaço que tinha e a nossa distancia e tentava sentir o cheiro de algum dos que eu procurava. Tinha que fazer a luz acabar. Sabia como? Não, mas eu conhecia o lugar melhor do que ele e isso me daria uma vantagem.

Gale: Do que você está falando?

Tom: Da educação, ué. Como pretende que eu faça uma limonada suíça com gelo e uma folhinha de hortelã em cima pra você se acabou de enfiar facas em mim e me queimar com ferro em brasa? – sorrio para ele e a cabeça de Venom sai do meu ombro e paira do meu lado.

Venom: Pergunta se ele vai querer um sanduichinho também!

Tom: Por que você não pergunta? Ele ta bem ali. – aponto com a cabeça para Gale e vejo seus olhos brilharem quando ele olha para Venom que lhe olha com desprezo.

Venom: Misericórdia. Não me misturo com esse tipo de gentalha. – acabo rindo e vejo um meio sorriso de Gale.

Gale: Finalmente estou te vendo.

Venom voltou para dentro de mim.

Tom: Agora não ta mais.

Gale: Já disse que quero ele. Viu o que posso fazer com você e tenha certeza de que posso fazer pior se não me entregar essa gosma preta. – ele estava ficando irritado.

Tom: To achando que você ta precisando de um suquinho de maracujá. Que que cê acha?

Sua cara fechou e eu juro que ouvi um trovão do lado de fora da casa. Nem tava chovendo, irmão.

"Eita porra, não sabia que ele tinha o Thor enfiado no cu." Nem eu.

Gale: Não tem medo do que eu possa fazer com a sua família?

"Ele não achou eles. O sangue que ele tava limpando não tem o cheiro de nenhum deles. Eles tão na casa, mas Gale não pegou ninguém e não, eu não sei de quem é o sangue."

Aquilo me deixou muito mais tranquilo e eu senti o corpo relaxar, por mais que ainda estivesse numa situação um pouco delicada.

Tom: To doido pra ver.

Eu não tava, não.

Gale: Corajoso.

Nem tanto assim, vai.

Tom: Se você ta dizendo.

Gale: Odeio corajosos.

Ata.

"Não se mexe."

Então tá bom.

Um beijo galera. É hoje que eu vou de arrasta pra cima.

Meu corpo começou a tremer por ver que ele estava vindo pra cima de mim e o cachorro cheio de dentes dentro de mim me disse pra continuar aqui.

Sinceramente não entendi, ele quer me salvar ou me matar? Alguém consegue me esclarecer aqui por um segundinho?

Tom: Qual é, Galinha, eu sou a luz do seu dia. – Carnificina começava a tomar o seu corpo e o sorriso de Gale foi tomado por outros dentes. Uns bem perigosos por sinal.

Carnificina: Ótimo. Porque eu odeio o sol.

Quem diria que eu vou encontrar com o meu mano Deus mais cedo ein meus amigos?! Pois é, eu não diria não. Mas APARENTEMENTE...

Tom: Seria uma ótima hora pra sair correndo, cê não acha? – minhas mãos estavam nos bolsos mas não estavam paradas. Meus dedos se tocavam freneticamente, procurando um mero sinal de alívio à minha agonia.

Carnificina: Tem um ditado mas não sei se você já ouviu...

Tom: Talvez. Por que não refresca a minha memória?

Carnificina: Se correr o bicho pega...

Ele estava mais perto de mim do que eu gostaria que estivesse. E eu não gostava dele perto de mim. Na verdade estar no mesmo ambiente que ele já não era uma coisa muito agradável, saca?

Então meu corpo é tomado pela gosma preta como um raio.

Venom: E se ficar, o bicho cega.

Então um cabo de ferro vermelho é enfiado no olho do monstro na minha frente. O que tínhamos aqui em casa era prata, então se estava vermelho era porque estava na lareira acesa.

Tom: Caralho.

Venom: Eu sei.

Tom: Você foi gigante agora.

Venom: Deixa os beijinhos e as flores pro final, amorzinho.

Eu estava absorvendo o choque enquanto assistia a besta vermelha na minha frente agonizar. Se ele era como Venom, não suportava calor. E esse calor estava dentro dele e eu duvido que pudesse se curar depois disso.

Venom: Tá na hora do show, docinho. – seu braço se estendeu rápido e acertou a lâmpada acesa e logo detonou o teto e agarrou os fios que se misturavam ali e então os puxou.

Tom: Porra! Eu tinha pensado nisso!

Venom: Agora é pra valer. – a casa apagou e eu senti que o Venom sorriu e se misturou com o breu das sombras.

Carnificina: Filho da puta! Eu vou te achar! E vou fazer o mesmo com você!

Escutamos o tilintar do ferro ao cair no chão e logo um cheiro de sangue subiu. Era o sangue dele.

Eita como eu to triste com uma notícia dessas (só não solto fogos de artifício agora porque to correndo um sério risco de morte, mas guarda essa informação ein).

Assim que sentimos que ele estava longe de nós, apenas saímos de perto da parede e fomos até a porta. Nosso objetivo agora era voltar para a igreja.

Venom: Espero que tenha mais algum ditado pra mim!

Carnificina: Ah! Eu tenho! – ele berrou enquanto batia na coisas e vinha em nossa direção, estava tentando se manter de pé. Que cena maravilhosa.

Venom: To ansioso. – ele não vai falar aquela do "olho por olho", né?

Carnificina: Olho por olho!...

Eu sabia! Devia ter apostado... aff, podia ter ganhado dinheiro agora... agora to deprê, não fala comigo.

Venom: Quem mente perde o dente! – essa foi nova pra mim também, tamo no mesmo barco. Bate aqui!

Tchupeon.

Um soco foi dado e não foi na gente e logo em seguida um rosnado invadiu o local.

Tom: Então... é agora que a gente corre?

Venom: É. Com certeza.

VENOM • TOM KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora