Irmãozinho

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Tom: Vai de moto! Quero escrever uma coisa pro Bill.

Estávamos na lateral externa da casa, nas sombras, para continuarmos escondidos de Gale e do bicho feio que tava com ele.

A gente gosta de bater e se afastar pra não apanhar, tendeu?

Quem gosta de apanhar, irmão?!

Eu ein, credo.

Bando de masoquista safado.

Venom: Você nem sabe onde ele ta, para de ser doido.

Tom: Acho que ele pode ta no porão.

Venom: A gente não tem um porão.

Tom: Tem, sim.

Venom: A gente tem um porão?!

Tom: Tem.

Venom: Desde quando?!

Tom: Vai mesmo querer falar sobre isso agora?!

Venom: É claro! Eu não sabia desse porão!

Tom: É só um porão.

Venom: Não é "só" um porão! – ele disse como se estivesse indignado.

Tá de sacanagem.

Tom: Tá bom, idai que a gente tem um porão? – sim, eu desisti.

Venom: Eu amo porões! – cada dia mais estranho... o que eu fiz pra merecer ele?

Tom: Ah, nem... você aparece com cada uma viu...

Venom: Por que a gente não se muda pro seu porão?! – não é possível um negócio desses.

Tom: Que ideia de girico, ein. Você já teve momentos melhores... lá tem muito mofo, ta legal?

Venom: Pô! Problema resolvido! Eu tiro!

Tom: Você não vai tirar se eu não for, você ta em mim, e eu não vou.

Venom: Você é todo mariquinha também, né? Posso fazer nada nesse lugar... aff...

Um estrondo foi soado e ouvimos vidro ser quebrado, seguido de um rugido muito alto praticamente do nosso lado.

Venom: Já era pra gente ta bem longe agora, mas NÃO! A gente nem sabe onde o Bibo ta! – ele sussurrava do modo mais agressivo que eu já tinha ouvido.

Então sentimos alguém dar dois toquinhos nas costas do Venom e eu juro que eu senti que sufoquei quando meu coração foi pra garganta.

Venom se virou devagar (aparentemente não era só eu que tava com o cú na mão, senhoras e senhores) e assim que vimos Bill a minha barriga esfriou e meu coração voltou pro lugar.

Venom: Ih rapaz, ele ta aqui.

Bill: Cadê ele?! – ele tinha os olhos brilhando com o reflexo de um dos postes que tinha a luz fraca, mas ainda acesa, e sabíamos que eram lágrimas. Então Venom entra e eu diminuo de tamanho, já que eu tenho 1,86 e ele tem somente 2 METROS, e sinto a brisa fria bater no meu tronco nu – Por Deus.

Suas lágrimas caíram e eu também senti vontade de chorar, ele parecia ter medo de me tocar. Certo que eu não estava tão limpo assim, mas não era pra tanto vai.

Bill: Eu to com medo de encostar em você... como tá o seu co-

Ouvir sua voz tão baixa para que ele não nos achasse fez meu corpo doer. Fechei os olhos tão forte para conter o choro que eu acho que teria dificuldade em abri-los de novo. O agarrei como um leão faminto faria com a sua presa. Meus braços lhe rodearam com força e ele fez o mesmo comigo.

VENOM • TOM KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora