capítulo 12

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Naruto

Era noite quando Naruto acordou, mas um brilho fraco das lâmpadas da rua entrava pela janela do apartamento, mesmo no
meio da noite. Ele nunca viveu intencionalmente em um lugar onde as noites ofereciam uma escuridão pura e negra. Não por vontade própria, pelo menos.
— Hina? — ele disse com dificuldade, tentando não se mexer.
— Estou aqui — disse ela, e os olhos dele focaram nela, de pé à mesa de jantar e atravessando a sala descalça.
Ela era linda.
Tão linda que fazia seus olhos arderem.
Ela tirou a blusa de moletom. Vestia apenas uma calça jeans e uma camiseta branca de gola canoa. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, e ele não sabia se ela estava maquiada ou se era
deslumbrante por natureza, mas apostava na segunda opção. Ela era alta e magra, mas deve ter parado de crescer em algum
momento, pois, era alguns centímetros mais baixa do que o seu um metro e oitenta de altura. Mesmo assim, era uma garota esbelta. E, agora, as leves curvas adolescentes que o haviam intrigado uma
década atrás estavam cheias e femininas – o volume dos seios, a curva suave dos quadris. Mesmo com quatro facadas, três costelas feridas, os olhos roxos, o nariz quebrado, uma bochecha fraturada e
uma concussão, o corpo de Naruto reagiu. Seu pênis endureceu, mesmo sem pensar em Hinata dessa maneira antes.
Ela se agachou ao lado do sofá, com o rosto a alguns centímetros do dele. Ele podia sentir o cheiro fresco e limpo – como sabão ou amaciante para roupas – que se agarrava à pele dela, e sabia que se fechasse os olhos para morrer, aquela seria a última lembrança que teria: o doce cheiro de Hinata na noite em que descobriu que ela ainda estava viva.
— Como você está? — ela perguntou, seu tom baixo e gentil, enquanto lhe oferecia um copo d’água.
Ele se sentou com dificuldade.
— Bem. É, estou melhor.
Ela levou o copo aos lábios dele, e ele tomou vários goles antes de se deitar com um gemido suave.
— Naruto... — disse ela, lançando-lhe um olhar.
— Tudo dói pra cacete — ele admitiu, estremecendo. Mas era impossível não sorrir ao olhar para ela. — Exceto meu coração — ele parou, fascinado, ao vê-la tão perto. — Mas até meu coração dói um
pouco.
Seus olhos se voltaram para os lábios dela, que se contraíram um pouco.
— Como assim?
— Porque eu perdi tudo isso. Perdi dez anos de... Você... é tão
linda.
— Ah, olha quem virou um galanteador. — Ela riu baixinho, colocando o copo no chão. Ele sabia que se o quarto estivesse mais claro teria visto suas bochechas ficarem ruborizadas.
— Odeio dizer isso — ela continuou, ainda sorrindo para ele. —,mas você não está nada bem.
— Bem... Eu não sabia que você apareceria. Não tive tempo de me arrumar.
— Você faz isso sempre?
— Isso o quê?
— Lutar daquele jeito.
Ele ouviu a censura em seu tom e desviou o olhar para o teto, encolhendo os ombros defensivamente.
— De vez em quando.
— Pensei que você já estivesse cansado de apanhar — disse ela, pegando o copo.
— Não faço isso para apanhar. Faço para vencer — ele murmurou.
Ela suspirou, voltando para a cozinha com o copo vazio, e Naruto a observou: o balançar manso de seus quadris, o toque
silencioso de seus pequenos pés sobre o tapete. A última vez que viu aqueles pés, eles estavam cortados e sangrando, enquanto o Shenandoah os lavava.
— Quer comer alguma coisa? — ela perguntou.
— Não tenho muita coisa.
— Você tem o básico — disse ela. —Minha avó costumava dizer...
— ...salsichas, maçãs, leite, cereal. Café da manhã, almoço e jantar.
Ela apoiou os cotovelos no balcão da cozinha. 
— Eu me perguntei se você se lembrava disso.
— Eu lembro — ele disse suavemente. Lembro de tudo. Vivo de lembranças suas há dez anos.
— Então, o que você quer?
Ele se mexeu no sofá, a pontada de dor no ferimento do tórax fazendo-o estremecer.
— Também tenho sopa? No armário?
— Sim — disse ela sem verificar. 
— Tomate ou frango?
— Tanto faz. Se importa em esquentar?
— Não — disse ela, puxando a panela do escorredor. Como Naruto nunca deixava nada na pia e ela estava familiarizada com o pequeno estoque de comida em seus armários, ele presumiu que ela também havia tomado sopa.
— Por quanto tempo eu dormi?
Ela abriu o armário ao lado do fogão e pegou uma lata de sopa, puxando o anel de metal para abri-la.
— Hmm, algumas horas. Três ou quatro?
— Você comeu?
— Sim. Espero que não se importe.
— O que é meu é seu, Hina.
Ela olhou para ele por um momento, depois, virou as costas, despejando a sopa na panela. Ele estava com fome, mas queria que ela não se preocupasse com isso naquele momento.
— Vem conversar comigo enquanto a sopa cozinha.
Ela deu uma última mexida, depois, se virou, atravessando a sala e parando atrás da poltrona em frente a ele, que ainda parecia estar muito longe.
Ela mordeu o lábio inferior, olhando para ele como se estivesse tentando decidir alguma coisa. Por fim, disse:
— Enquanto você dormia, a sua... hmm... a sua namorada, Hotaru, passou aqui.
— É mesmo?
Caralho.
— Uhum. Ela ficou... hmm... aborrecida ao me ver. Pediu para você ligar para ela porque vocês precisam conver...
— H- Hina, ouça...
— Naruto — disse ela, com os olhos tristes —, não quero atrapalhar sua vida.
Bem, eu quero que você atrapalhe. Minha vida era uma merda algumas horas atrás. Meu coração voltou a bater quando vi você subindo as escadas em minha direção.
Arriscando sentir dor ao se sentar, mas querendo encará-la, ele se apoiou no cotovelo, colocando os pés no chão com cuidado, depois, se encostou no sofá tentando manter o tórax e o estômago
eretos.
Ela rapidamente contornou a poltrona e sentou-se ao lado dele no sofá. Se soubesse antes que ela correria para perto dele, tentaria se sentar assim que abrisse os olhos.
— Você está bem? Vá devagar — ela disse, colocando a mão no braço dele.
Ele ofegou levemente com a dor, virando a cabeça para olhá-la e colocando a mão sobre a dela. Ela estava sentada a alguns
centímetros, de joelhos, de frente para ele, seu perfume tão puro e agradável que quase o deixava tonto.
— Seu cheiro é gostoso — disse ele, olhando em seus olhos lilases.
Ela se encolheu, os olhos se voltando para o pescoço dele por um momento antes de retornar para o seu rosto. Olhou para os lábios dele – apenas por uma fração de segundo – mas ele percebeu, e isso o deixou sem ar, uma onda de calor tomando seu corpo, seguida por arrepios.
Essa garota. Essa garota. Deus, o que ela faz comigo apenas com um olhar. O pensamento fez sua cabeça girar, parando apenas quando lembrou que ela já tinha alguém que fazia mais do que olhar
– ele a tocava, ficava com ela, lhe dava prazer. Os lábios de Naruto se contraíram.
— C- com quem você estava ontem à noite?
Ela mordeu o lábio inferior novamente, prendendo-o entre os dentes enquanto olhava para ele. Não se lembrava dela fazendo isso quando eram crianças, mas isso o distraía totalmente. Rezou para
que ela não olhasse para o colo dele, onde seu pênis se contraía e intumescia.
— Hmm. Tonari.
— E quem é Toneri? Colega da faculdade? N- namorado?
— Nós moramos juntos — disse ela, olhando nos olhos dele, mas afastando a mão.
Bem, se ele precisava de algo para esfriar as coisas, descobrir que ela morava com o idiota do Toneri era praticamente um balde de água fria.
— Casados?
— Não — ela disse rapidamente.
— Noivos? — ele desviou os olhos para os dedos dela.
— Não — disse ela, balançando a cabeça para enfatizar.
 — Não é nada disso. Nós apenas moramos juntos. Ele não foi para a
faculdade. E, francamente... Não sei se ele ainda é meu namorado.
Ele ergueu os olhos de volta para os dela, observando perifericamente a maneira como seus seios se moviam para cima e
para baixo com suas respirações curtas e leves, e tentando não abaixar os olhos para vê-los.
— Por que não?
Ela olhou nos olhos dele, examinando-os cuidadosamente, como se procurasse respostas para perguntas não feitas. Abriu a boca, mas a sopa ferveu subitamente, sibilando e transbordando, e ela se
levantou para cuidar disso sem responder à pergunta dele.

Nunca deixado para trás - NaruHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora