Rosé

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Eu não sou muito de datas comemorativas

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Eu não sou muito de datas comemorativas. Gosto de me reunir com a família no Natal, curtir o Ano Novo, mas sinto que, no final das contas, são somente mais uma data no calendário igual a todas as outras.

Ainda assim, lá estava eu com a clássica roupa branca, cumprindo mais um dos protocolos sociais da Virada do Ano. Passei o Natal com meus pais, que moravam no interior, mas o Ano Novo eu sempre costumava sair com amigos, ir a uma festa mais animada e etc. Esse ano estava um pouco diferente.

É que eu cometi a besteira de combinar com um contatinho de passar a Virada do Ano com ele, em um Café de Seul famoso por promover festas animadas e alternativas. A Virada do Ano naquele Café era conhecida como o “Réveillon do Amor”.

Só você, Rosé, para entrar numa roubada dessas... Cheguei sozinha no local da festa por volta de dez e meia da noite, isso depois de mandar várias mensagens para o boy e ele me ignorar solenemente.

O Café ficava num bairro tradicional de Seul e o ambiente era uma delícia. Era uma casa antiga, de tijolos aparentes e decoração bucólica, ladeada por um imenso jardim cheio de árvores frondosas. Três gigantescas
tendas brancas foram abertas no jardim para impedir a pequena chuva fina que ameaçava cair de molhar os convidados.

Eles tinham decorado o charmoso ambiente com cortinas de corações de papel brilhantes, lamparinas antigas e dezenas de
lâmpadas incandescentes, dando um ar bucólico e realmente romântico ao local com
todas aquelas luzes amareladas e indiretas.

Em um dos muros do quintal, ostensivamente destacado por luzes e refletores, um imenso mural decorado com corações gigantes e os dizeres no alto: “Desejos para o Ano Novo”.

Abaixo das letras recortadas em papel
brilhoso, centenas de papeizinhos coloridos com inúmeros pedidos, das mais
diversas caligrafias.

Alguns pediam amor, outros pediam sorte. Vi um pedido de cura para um câncer e a aprovação em um concurso público. Vi também o desenho de um bebê junto ao pedido de um teste positivo. Alguém desejava um carro novo, enquanto outra pessoa, um emprego.

Uma moça sorridente aproximou-se de mim e me entregou um pedaço de papel e uma caneta.

— Vamos fazer o pedido para o Ano Novo? — ela disse e voltou sua atenção para outras pessoas que se aproximavam do mural.

O que eu peço?

Já tenho um carro. Amo meu emprego. Tenho boa saúde. Adoro os meus amigos. Amo minha cidade. O que mais me falta?

Um companheiro... Mas que droga, Rosé! Você pede isso todo ano e só se envolve em
roubada!

Acho que está na hora de mudar o pedido.

Mulheres ao Ataque - Jirose / Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora