𝐃𝐎𝐍'𝐓 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐄𝐓 𝐌𝐄 - 𝐕𝐈𝐒𝐌𝐎𝐊𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐉𝐈

𝐁𝐎𝐋𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐍𝐄𝐕𝐄

KATLYN HOPE


Eu já iria adentrar ao vilarejo, quando ouço uma voz familiar de dentro da floresta.

— Droga! Aquela bruxa velha me paga...

Zoro?


Me virei em direção a aquela voz semelhante a do Zoro, e em segundos avistei ao longe uma figura um tanto familiar entre os pinheiros. Depois de alguns segundos observando, tive plena certeza de que se tratava de Zoro sem camisa andando entre as árvores com os seus braços envoltos em seu corpo. Ele estava tremendo de frio.


Vê-lo sofrendo daquela forma me deixava tão satisfeita. Ver ele pagando por ter aberto a minha ferida... Ah, não há coisa melhor do que isso. Por mim, ele poderia apodrecer no meio desse frio que eu não faria nada por ele. Ela está vindo em minha direção, provavelmente ele ainda não me viu. Que estrupício, sinceramente.

— Ah, é você... — Ele falou, desanimado.


— É bom te ver nesse estado decadente, Zoro. — Dei um sorriso ladino, de maneira forçada.

Ele fungou logo em seguida.

— Onde que tá o resto do bando? — Ele olhava para o vilarejo atrás de mim, na esperança de que Luffy e os outros já tivessem resolvido o problema com Nami e Vivi.


— Luffy e Sanji subiram a montanha para o castelo da Dra. Kureha. Usopp e eu ficamos aqui, esperando por eles. — Desviei meu olhar do espadachim. Eu estava um pouco enojada por estar ao lado dele.

Ele olhou para o castelo que estava no alto da montanha.

— Caramba, mas logo ali? Essa mulher não achou nenhuma casa pra morar aqui não, hein? — Zoro fechou a cara, enquanto resmungava.

Ignorei seu comentário, revirando os olhos. Comecei a andar em direção ao vilarejo, deixando ele aos poucos para trás.

— Ei!

Olhei para trás.

— Cadê o Usopp, Katlyn? — Seu olhar era mortal. Mesmo estando ridiculamente vulnerável no frio, ele ainda conseguia ser um tanto intimidador.

Respirei fundo.

— Ele está com Dalton, um militar desse vilarejo. — Me virei novamente para frente, para seguir meu percurso.

Zoro se calou. Mas dava para ver que ele não acreditava em mim. Logo, começamos a andar em direção ao vilarejo, um sem falar com o outro. Quem passava por nós dois percebia logo de cara de que não nos dávamos bem, dava para ver isso em nossas caras.

Até que em um certo momento, parei de andar. Zoro percebeu e parou também, desconfiado.


Foi quando joguei algo em sua cara de repente.

— Tá doida, mulher?! — Ele esbravejou, furioso. Até que se deu conta de que eu tinha jogado meu casaco para ele.

— Não enche e veste logo isso. Não aguento o olhar de reprovação dessas pessoas em mim por deixá-lo andar assim, ainda mais sem a parte de cima e tremendo de frio. — Falei secamente, enquanto voltava a andar. Eu sentia a minha ferida arder por  baixo de minha roupa, mas ignorei o ferimento.

Ele não me respondeu. Provavelmente porque viu as minhas costas naquele momento, que estava com uma mancha de sangue seca que transferiu para a minha blusa. Ouvi um farfalhar de decido e logo, Zoro estreava o meu casaco ao meu lado.

— Suas costas também possuem muitas cicatrizes. — Ele murmurou, enquanto mantinha um olhar distante.

Eu não o respondi mais depois disso.

...

Finalmente nos encontramos com o Usopp e ele nos deu uma bronca daquelas por deixá-lo sozinho por tanto tempo. Sua face estava avermelhada e com uma carranca de matar enquanto ele pisava forte na neve do vilarejo.