Capítulo 12 - Where every soul has a color and every tear has your name

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Música: Ovunque Sarai - Irama

As mãos de Yunho tremiam tanto por baixo da mesa, enquanto se agarravam ao tecido grosso de suas roupas, que não era difícil para Mingi notar de seu lugar, o quanto o mais alto estava se segurando e o quanto estava tentando ser forte diante dos pais. Em seu colo, Dasom alheia a tudo a sua volta, pela pouca idade e compreensão de sentimentos complexos, puxava a pequena pelúcia de cachorrinho que Yunho lhe dera em seu primeiro encontro com a bebê, no que parecia ter sido muito tempo atrás, mas que em fato não havia completado nem seis meses.
O que Mingi nem Dasom sabiam, entretanto, foi o motivo de Yunho ter seguido tão catatônico a ideia repentina de voar até Incheon depois das inúmeras ligações dos agentes do governo: O silêncio que encontrara na resposta dos pais ao seu desespero por entender o porquê eles não pareciam se importar com Yeonhwa.

"Seus pais não podem atender agora"- respondera a governanta da casa, depois das inúmeras tentativas de comunicação com os pais naquele dia - "estão organizando um evento beneficente para a holding. Não espere a atenção deles, jovem Jeong. Não querem ser incomodados neste período tão delicado da empresa"

"Você sabe que é um momento mais delicado para a família, não é?" - A voz de Yunho naquela ligação não demonstrava sequer uma emoção. Seguia quase monótona, e se Yunho tentasse recordar a sensação, talvez nunca mais fosse capaz de reproduzi-la. - "Minha irmã foi morta! Ela morreu! Eles não receberam esta notícia?"

"Sinto muito, Yunho. Preciso desligar agora."
Silêncio.
Nenhuma ligação.
Meses se passaram em um turbilhão de novas dores e memórias, enquanto Yunho tentava recordar de alguma lembrança da infância e só lembrava de paredes bem decoradas, roupas caríssimas e sorrisos falsos.
Enquanto Yunho tentava aprender a ser uma pessoa diferente daquelas que o criaram, e que por sorte aprendeu junto de pessoas que jamais passariam pelos percalços que ele enfrentou, mas que aprendiam a curar suas próprias feridas junto daqueles que estavam abertos a ajudá-lo a se curar também.

Suas mãos tremiam, e o tecido de suas roupas já não tinha uma textura diferente das próprias mãos, de tanto que o apertara. Entregar Dasom aos seus pais seria resignar diante da própria fraqueza, seria aceitar a troca pela felicidade da bebê por luxos que no final não valeriam de nada. Ele não estava disposto a isto. Dasom merecia um destino feliz, uma infância com sorrisos, como os que ela dava animada ao ver Mingi na cafeteria, como ela reagia ao ver Wooyoung tentando afastar suas mãozinhas gordinhas de seus cabelos longos, como ela deu naquele dia que celebraram seus dez meses de vida.
Dasom merecia poder olhar para o céu em um dia frio de muita neve e, apontando para os pequenos flocos, chamar seus pais.

- Vocês não vão levar Dasom. - Concluiu, olhando diretamente nos olhos de seu pai. - Ela não é uim prêmio, tampouco uma moeda de troca. - Ajeitando a postura na cadeira, ganhou alguns centímetros a mais que Mingi ao seu lado com a bebê no colo. Olhando fixamente nos olhos de seu pai, pôde perceber pela primeira vez que, embora fossem iguais aos seus, faltavam neles um brilho que Yunho havia encontrado para si naquele período. - Dasom tem uma família, Dasom tem tios que se a gente deixar, entopem a pequena de presentes toda a semana. Dasom pode não ter agora os luxos em dinheiro que eu tive, mas ela tem e eu garanto a vocês, ela sempre terá, algo que eu jamais imaginei que vocês fossem capaz de me dar.

Do outro lado de Mingi, o advogado remexia em papéis dentro da pasta sobre o caso, conferindo documentos e reorganizando-os novamente, buscando alguma documentação em específico.

- Com licença - Pediu a palavra. - Aqui estão os documentos referentes a renda familiar de meus clientes. - Levantando-se, entregou a pasta para a mediadora, que logo a abriu para analisar. - Ambos têm empregos estáveis e abriram uma poupança de investimentos conjunta para Song Dasom, como apresentado na página quatro. Seus bens imóveis próprios também estão evidenciados e, embora a cafeteria ainda não tenha sido reaberta, sua prospecção de lucro também foi estimada, conforme apontado na página seguinte.
- Eu... Hm... - Mingi pigarreou. - Educação também não é uma questão a qual se preocupar, se esta for uma questão. Sendo alumno da Universidade de Seul, e graduado com honras, Dasom como minha dependente direta não terá problemas com taxas de matrícula e curso. Ela não está desamparada, se esta for a única preocupação de vocês.

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