Capítulo 6 - I'm tired, so tired, but I'll see you where the shadow ends

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Música: Liar - OneOkRock

Uma parte de Yunho estava chocada demais para falar, enquanto a outra se tremia de raiva ao rever o rosto dos pais na porta de seu apartamento. Foram quatro anos sem vê-los, e dois meses desde a última vez que tentara falar com eles. Não fazia sentido eles estarem ali, não fazia sentido eles terem aparecido daquela forma. Sua mão tremia enquanto segurava a maçaneta da porta, e a parte de si que tremia de raiva também queria fechar aquela porta naquele instante. Eles não arruinariam aquele momento.

Ele não permitiria.

Na sala, Mingi tinha pegado Dasom no colo e os amigos de Yunho trocaram olhares tensos, por não saber exatamente o motivo daquela reação do amigo, tampouco sentirem-se confortáveis para conversar com Mingi e seus amigos.

Todo o clima de encanto e felicidade da festa de Dasom tinha sumido, menos o sorriso da bebê.

- Não vai nos convidar para entrar, Yunho? - Sua mãe indagou, em um tom levemente ameaçador.

A mente de Yunho girava com todas as memórias que ressurgiam, e todo o ressentimento que parecia ter se dissipado veio à tona.

Naquele dia que recebera a ligação dos oficiais coreanos sobre sua irmã, o mundo de Yunho caiu e seus pés pareciam ter parado de sentir o chão sob eles. Conforme o oficial relatava o ocorrido, o fato de Yeonhwa ter ido à óbito e o fato de que Yunho só tinha sido contatado porque seus pais tinham negado a existência de Yeonhwa em seu livro de registro familiar demandaram muito esforço mental para processar todas as informações. E demandaram o esforço físico de se mover e fazer o que tinha que ser feito: Em trinta horas, Yunho precisou acordar com seus chefes do departamento de traduções um novo modelo de trabalho, por questões urgentes e demandantes na Coreia. Em trinta horas ele precisou organizar sua mala, sem saber quanto tempo ficaria na Coreia, nem o que encontraria quando chegasse. Em trinta horas, ele teve trinta ligações negadas pelos seus pais.

E ali estavam eles, dois meses depois.

Com seus olhos ameaçadores, suas expressões contidas e um sorriso cínico nos lábios.

- Não acho que vocês sejam bem vindos aqui, se me perdoem, estou ocupado no momento. - Yunho reuniu forças para falar, e enquanto fechava a porta, seu pai a segurou.

Custaram quatro anos e dois meses, a distância e a convivência com seus conhecidos para que Yunho entendesse o que tinha movido sua irmã a agir de modo tão drástico: Não tinha felicidade perto deles, não tinha como cultivá-la perto daqueles que só a massacrariam.

- Temo que não seja assim que as coisas funcionem, Jeong Yunho. - Seu pai advertiu, adentrando o apartamento sem tirar os sapatos. - Oh, vejo que a casa está cheia, por que seus pais não seriam convidados para uma comemoração?

Seonghwa olhava de Mingi para Yunho, tentando entender como agir da melhor maneira, mas os dois tios de Dasom não estavam tão amigáveis assim, mesmo Mingi segurando uma bebê de vestido e capuz de ursinho no colo. Seonghwa poderia jurar que nunca vira Mingi com tanto ódio antes, e mesmo que o amigo não lhe contasse, ele tinha toda certeza de que aquilo estava relacionado ao pouco contato que tivera com os pais de Yunho antes.

- Oh, vejo que estavam fazendo uma festinha para criança! - Sorriu a mãe de Yunho, entrando na casa logo em seguida e se aproximando de Mingi, que segurava a bebê no colo. - Imagino quem seja esta preciosidade em seu colo?

- Não acho que seja conveniente, sra. - Mingi advertiu, sua voz soando muito mais agressiva do que normalmente. Talvez pela ansiedade e a raiva acumulada pelo tempo. - Ela é minha filha e temo que a senhora não queira sujar suas mãos encostando em uma criança suja.
Seus amigos à volta e o próprio Yunho olharam arregalados para ambos.

De fato, ninguém na sala exceto Mingi sabiam sobre aquela pequena parcela da situação de seu irmão e Yeonhwa.

Certo dia, anos atrás, a mãe de Yeonhwa visitara a filha na cafeteria, oferecendo-lhe palácios e joias para abandonar Jiwon e a família Song. Jiwon saíra para fazer algumas entregas no bairro, e Mingi estava na cozinha finalizando algumas sobremesas. Pelo horário, a cafeteria estava vazia, portanto era fácil ouvir o que se passava lá fora.

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