12. Ainda devemos existir?

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"Então, seus amigos vem me dizendo que você anda dormindo com meu suéter
E que você não consegue parar de sentir minha falta
Aposto que meus amigos vem te dizendo que eu não estou muito melhor
Porque estou sentindo falta de metade de mim
(...)
Eu sinto falta de tudo que fazíamos
Sou metade de um coração sem você"
Half a Heart, ONE DIRECTION.

)Eu sinto falta de tudo que fazíamosSou metade de um coração sem você"— Half a Heart, ONE DIRECTION

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Y E R I M

Sinto a angústia cercar meu coração.

Minhas mãos tremem, meus olhos ficam marejados e, por uma pequena fração de segundos, quase esqueço como mover minhas pernas.

Quando seus olhos cor da noite permaneceram fixos aos meus, encarando-me como se pudesse ler de meu âmago, fugir parecia a melhor solução.

Mas, para onde eu iria?

Infelizmente estou muito longe de casa. Por isso, tudo que me restou foi me esconder em um dos quartos.

Me sinto patética por me esconder dele.

Por deixá-lo me afetar, abalar as barreiras que construí, ao redor de meu coração, com tanto esforço. Quando tudo que ele merece de mim é meu desprezo. Mas, por que as lembranças boas que vivemos insiste em me atormentar?

Por que seus olhos brilham e me olham como se ainda tivéssemos dezessete anos?

Por que transborda tanto amor quando tudo que ele fez foi me destruir?

Durante muito tempo desejei que ele voltasse, que fôssemos o que eramos antes ou apenas amigos, qualquer migalha serviria, desde que ele estivesse comigo. Se isso acontecesse no passado, aquela Yerim apaixonada e com o coração partido, correria para os braços de Jungkook no instante em que seus pés pisaram na areia.

Confesso que muitas vezes imaginei o que faria quando o reencontrasse, mas, nada se compara com o que sinto agora. Não queria tratá-lo com indiferença, tampouco agir como uma idiota que não suporta a presença do ex-namorado. Porque antes de ser meu namorado, Jungkook era meu melhor amigo, mas quando o vejo, não consigo esquecer tudo que aconteceu.

Não consigo apagar aquela foto da memória.

As paredes do quarto parecem que foram feitas de isopor.

Daqui consigo escutar com clareza a voz de B.I e a batida de BTBT vindo do andar debaixo, assim como as risadas e a falação da galera.

Por uma pequena fração de segundo, cogitei em ignorar tudo que aconteceu e me juntar a eles. Mas, quando me olhei no espelho e vi meus olhos inchados, me escondi, outra vez, no calor do edredom.

E chorei.

Chorei pelo tempo perdido.

Chorei por esse sentimento que, num piscar de olhos, chegou e me deixou confusa.

Lamentei pelas perdas e por ter me perdido no meio do caminho.

E, mais uma vez, chorei por não me permitir sentir e ser quem eu costumava ser.

J U N G K O O K

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J U N G K O O K

Não consegui desviar meu olhar quando Yerim tocou o braço de Jaebum e segredou algo baixinho em seu ouvido. Tampouco consegui disfarçar minha curiosidade quando, sorrateiramente, subiu as escadas e desapareceu no corredor.

A parte mais irracional do meu ser gritava para que eu fosse atrás dela, implorasse por sua atenção, pelo seu toque. Implorasse por uma explicação. Somente uma resposta e eu poderia enterrar esse sentimento sem me sentir culpado.

— Você não vai falar com ela? — perguntou Jimin, mesmo sem ter sido convidado, invadiu minha bolha ao se sentar na cadeira vazia do meu lado. Me observou com aqueles olhos brilhantes, parecidos com a lua, como se tentasse me ler. Maldita graduação de psicologia.

— Como, mano? Do jeito que ela me olha, parece que tenho uma doença contagiosa e, por isso, não pode respirar o mesmo ar que eu!

  Desde que chegamos, Yerim ficou no encalço de Jaebum, como se fosse um filhotinho perdido. Pareciam irmãos siameses — ou um casal siameses. 

— Taehyung me falou que a Jenn não avisou que você estava incluso no pacote da viagem, ou melhor, que nenhum de nós estaríamos.

— Ótimo! Era o que faltava para minha noite se tornar mais incrível!

Depois de não sei quantas garrafas de cerveja barata, algumas humilhações no karaokê, inclusive, espero que Ye tenha reconhecido, mesmo com minha voz embargada e a língua embolada devido ao álcool, que cantei suas músicas favoritas.

Agora, Right Now do One Direction, (outra música favorita dela) ecoa por toda a casa no volume mais alto que a caixa de som permitia.

O corredor onde fica os quartos, é um pouco escuro. A única iluminação que temos é graças as luzes do primeiro andar. Por isso, tropeço em meus pés mais vezes do que queria (malditas botas), graças a bebedeira, tudo está girando como se estivesse em câmera lenta.

Ainda sinto o gosto da vodca na ponta da língua. Estou embriagado. O álcool é quem controla o meu corpo, por isso, estou parado, descalço (joguei as botas em algum lugar, quando tropecei pela sétima vez em menos de segundos) em frente a porta do quarto dela.

— Vamos, Jungkook. Não é hora para agir como um moleque inseguro! — sussurrei, o mais baixo que podia, com medo de que ela pudesse me ouvir.

De repente, na mesma velocidade que surgiu — quando todos estavam chapados demais para perceberem que eu estava subindo as escadas numa tentativa, quase, inútil de fazê-la falar comigo —, minha coragem desapareceu.

Me sinto patético. Pequeno, menor que um grão de mostarda.

Mas, mesmo sem perceber, já havia batido na porta, duas vezes.

Em meu peito, sinto meu coração bater rápido, quase errando as batidas. Minha respiração desregulada.

Bato meu punho outra vez contra a madeira.

O breu prevalece do outro, não há uma movimentação se quer.

Aqui, comigo, fica a tristeza, a insegurança.

Sinto meus olhos arderem, a queimação na garganta.

Vejo as lembranças me destruir devagar.

E, quando percebo que a porta continua fechada, sinto a dor.

A dor com gosto de nós, de saudade. Aquela que senti quando ela desapareceu e levou meu coração junto.

A dor que sinto agora.

E a dor que sentirei para sempre.

Yerim havia feito sua escolha, talvez antes mesmo de voltar.

Por isso, recolho todo meu amor (que insistia em prevalecer), enfiando-o em algum buraco do meu coração, decidido que já é tarde demais para tentar descobrir se ainda devemos existir.

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⏰ Última atualização: Feb 25 ⏰

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