Learning To Walk

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Antigamente, os humanos acreditavam que o coração era o centro de
todo o processo do pensamento e que o cérebro e o coração não se
comunicavam de maneira alguma.

Uso um pequeno gravador e faço anotações no notebook no decorrer da palestra que ocorre no auditório de Medicina da Universidade.

— Eles acreditavam nisso porque, quando a pessoa se sente atraída por alguém, o cérebro não reage de uma maneira perceptível para que ela passe a ter ciência dessa atração. Mas o resto do corpo faz isso.

Não estou estudando cardiologia mais essa é uma parte da Medicina e esta palestra tem a ver com a minha área, o estudo do cérebro e de como a mente humana funciona.
É fascinante e até agora ainda não me entediei, é o contrário na verdade, a cada aula e coisa que aprendo nela fico mais e mais fascinada e querendo descubrir os mistérios de nossas cabeças, quero saber como tudo funciona e se encaixa.

— É o coração que faz a pessoa perceber mais a atração física. Ele acelera. Ele começa a bater mais forte contra o peito. Ele cria uma pulsação errática toda vez que você está perto da pessoa por quem se sente atraído. — ele aponta para o coração que aparece dentro do corpo humano na enorme imagem espelhada na parede dos fundos do palco.
É um telão gigante com a imagem do corpo humano e cada órgão que o compõe, fibras, músculosos e articulações.

Ele deve está certo, porquê cada coisa que cita é exatamente o que sinto quando Jason se aproxima de mim, e sei que é atração, mais será só atração puramente física e carnal?

— Parece que a atração não se manifesta no cérebro afinal. Parece que ela acontece
bem aqui. — ele aponta com o indicador no próprio peito — Bem dentro do nosso peito, bem no centro do órgão que se
descontrola.

— Sabemos que o coração não retém nem produz emoções. O coração é apenas um mensageiro que recebe sinais diretamente do cérebro. É quem avisa ao coração quando existe alguma atração. O coração e o cérebro trabalham em sintonia por ambos serem fundamentais, e funcionam como
uma equipe.

— Quando o coração começa a morrer, o cérebro envia uma enxurrada de sinais que acaba causando a morte do coração. E, por sua vez, a falta de oxigênio no coração é o que acaba causando a morte do cérebro.

— Um orgão não sobrevive sem o outro. — Ele sorri para a platéia de alunos — Ou é o que a gente achava.

— Na palestra de hoje, estou tentando explicar que um novo estudo provou que, se a comunicação entre o coração e o cérebro for interrompida nos minutos que
antecedem a morte, o animal pode viver até três vezes mais do que aqueles cuja conexão coração-cérebro continua intacta. E se provarem que isso está mesmo certo, isso significa que, quando a conexão química é interrompida entre os dois órgãos, um não sabe imediatamente que o outro começou a morrer porque eles não conseguem se comunicar. Então... se o coração começar a morrer e o cérebro não souber disso, teremos mais tempo de salvar o coração antes que o cérebro comece a parar de funcionar.

Ou salvar o cérebro antes que o coração pare de bater.
O auditório segue em silêncio nos minutos seguintes enquanto assimilamos tudo, finalizo a gravação e guardo meus equipamentos e me levanto para aplaudir quando a multidão a minha volta irrompe em aplausos, gritos e assovios.

É uma descoberta e tanto, e se esse estudo for provado dará uma reviravolta na medicina, seria incrível e salvaria milhões de vidas, uma forma de desconectar o coração do cérebro minutos antes da morte.
Quando nos sentamos as perguntas começam e ele responde tudo calma e perfeitamente sem restarem dúvidas.
Levanto a mão quando ele termina de responder uma pergunta.