Learning To Walk

3

Eu descobri que a vida é feita de fases.
Existem as fases fáceis e as fases difíceis.
Os bons e os maus momentos e em vinte anos de vida eu não soube aproveitar nenhuma dessas coisas.
Sempre fui atrás da adrenalina e vivi sim com intensidade mais agora quando passei pelo pior momento da minha vida até aqui, estou parando e olhando para o meu passado e vejo que não aproveitei as coisas como deveria.
Deveria ter aproveitado cada momento, cada segundo, cada dia com minha mãe com mais intensidade.
Quando a tinha eu não fazia idéia de que poderia perde-la a qualquer momento, e agora que não a tenho eu me vejo relembrando cada pequena memória com ela e queria poder voltar no tempo e aproveitado tudo mais um pouco.
Teria curtido o café da manhã naquele com ela e ao invés disso fiquei mexendo no celular e respondia suas perguntas e falava com ela no automático, teria a abraçado quando a vi mais cedo e tomei benção dela.

Foi nosso último café da manhã e agi horrível e tenho tanto arrependimento.
E eu nunca vou poder concertar isso.
Só estou a quatro dias sem ela e estou odiando, como posso viver o resto da minha vida sem ela? Como posso seguir em frente sabendo que nunca mais a verei, ou vou ouvir sua voz ou poder abraça-la?
Nunca senti algo assim, é tão forte e doloroso que não desejo que ninguém passe por isso.

Fico grata quando a noite chega e finalmente estou só e posso chorar minha dor sozinha.
Não que eu esteja reclamando, é incrível ter meus amigos aqui, saber que estão do meu lado no pior momento da minha vida em que estou tanto precisando da companhia e da amizade deles, é bom saber que posso contar com eles e isso me mostra que minhas amizades são reais e verdadeiras, amizades dos bons e maus momentos, amizades da vida.

Mais também não queria desmoronar na frente deles ou do meu pai, quando vi o esforço que estão fazendo para me animar, eles terem vindo aqui já é muito e sempre vou ser grata a isso.

— Isso parece ser auto-flagelação. — me assusto e me seguro na beirada do parapeito para não cair uns cem metros de altura que seriam a minha morte fatal.

O vizinho de alguma forma pulou dentro da sacada do meu quarto e agora está parado no escuro, me olhando.

— Você escuta músicas tristes porquê te fazem sofrer ou elas são só mais um incentivo?

Viro o rosto para o outro lado para que ele não veja minha dor, mesmo que esteja escuro.

— Espelham o que estou sentindo. — respondo baixinho.

— E te fazem chorar mais. — Me assusto novamente ao ouvir sua voz tão perto se nem ouvi ele se aproximando.

Ele estende a mão e segura meu braço me estabilizando no lugar.

E ele está certo.

— Você está bem? — dou de ombros.

Desde que encontrei minha mãe caída no pé daquela escadaria ninguém me perguntou isso, até agora.
Porque eles sabem que não estou bem.
Que filho estaria ao encontrar um de seus pais com o pescoço quebrado?

— Não quero ser entrometido mais Wrecked é uma para corações partidos, e superação, alguém te decepcionou?

— Você se importa? — viro o rosto e encontro seu olhar no escuro.

— Sabe, quando te vi mais cedo esbanjando com todos aqueles carros bilionários eu vi só uma riquinha filha de papai que tem tudo o que quer na mão, porra vocês compraram a maior casa do bairro.

Ee ainda não soltou meu braço.

Me seguro na coluna ao meu lado e ponho minhas pernas para o lado de dentro da sacada, fico de frente para ele.

— E também estranhei o fato de não haver nada de mudanças além dos carros e seis malas, onde está o resto? — dou de ombros — louças, objetos caros, quadros de artes milionários... Minha mãe é uma analista comportamental, e olhando para vocês eu vi três pessoas fugindo de alguma coisa, vocês deixaram tudo para trás exceto os carros e as roupas, eu me pergunto do que ou de quem estão fugindo.