Capítulo 2 • Fantasmas

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Olá Flowers 🌷

Mais uma atualização pra vocês!

Enjoy!

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POV Narrador — Leitura diário 📖

Sarocha se levantou às cinco da manhã e como de costume, fez sua caminhada matinal ao redor da reserva, quando terminou, vestiu sua roupa de trabalho, aqueceu alguns pãezinhos, pegou uma maçã e comeu tudo acompanhado de duas xícaras de café. O café da manhã sempre foi sua refeição favorita e como ela tinha trabalho braçal pela frente, era sempre bem reforçado.

Trabalhou mais na cerca, consertando a maioria das estacas que precisavam de reparos. O clima estava atípico para a época, a temperatura estava acima dos 26 graus, e na hora do almoço ela já estava com muito calor, cansada e feliz por fazer uma pausa.

Sarocha comeu na margem do riacho para poder observar os peixes pulando. Gostava de observar eles saltarem três ou quatro vezes e deslizar pelo ar antes de desaparecer na água. Por alguma razão, sempre ficava feliz em ver que o instinto dos animais não mudava em milhares de anos.

Algumas vezes, se perguntava se os instintos do homem haviam mudado naquele tempo e sempre concluía que também não. Pelo menos no que havia de mais básico, de mais primitivo. Até onde sabia, o homem sempre foi agressivo, sempre se esforçava para dominar, tentando controlar o mundo e tudo nele. A guerra na Europa e no Japão era prova disso.

Sarocha parou de trabalhar um pouco depois das três e andou até um pequeno galpão perto do cais. Entrou, apanhou sua vara de pescar, algumas iscas e em seguida voltou ao cais, colocou a isca no anzol e lançou sua linha. A pesca sempre a fazia refletir sobre a vida, e foi o que ela fez.

FLASHBACK

Se lembrou que quando criança, logo após a morte do pai, ela precisou ficar alguns dias na casa de outras pessoas e por alguma razão, quando voltou ela gaguejava, uma espécie de trauma pelas mudanças abruptas que haviam ocorrido, e lembrou o quanto implicavam com ela por isso, assim, passou a falar cada vez menos e, aos 5 anos, já não falava mais.

Quando iniciou os estudos, os professores acharam que ela tinha algum problema mental e recomendaram que saísse da escola.

Em vez disso, sua mãe, dona Nun, tomou as rédeas do problema. Não a tirou da escola e, ainda criança, a colocou para trabalhar com ela no café, com o intuito de que passassem mais tempos juntas e que ela tivesse contato com outras pessoas.

Sarocha lembrava com carinho desse período que passavam tanto tempo juntas, foi nessa época que sua mãe lhe contava histórias e lendas conhecidas em Chiang Mai, e que lhe ensinava sobre pássaros e outros animais, o que por fim a fez desenvolver uma paixão pela natureza.

Foi natural, dentro de alguns meses, ela já estava falando de novo.

Quando voltou a falar, ainda com certa dificuldade, sua mãe resolveu lhe ensinar a ler usando livros de poesia. "Aprenda a ler isso em voz alta e você conseguirá dizer tudo o que quiser."

A mãe tinha razão mais uma vez e, no ano seguinte, ela já havia deixado a gagueira de lado. Mas continuou a ir para o café todos os dias, apenas porque a mãe estava lá, e à noite lia as obras de Emily Dickinson em voz alta enquanto sua mãe se balançava ao seu lado. E não deixou de ler poesia desde então.

The Notebook • FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora