Capítulo 21 • Milagres

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Hey Flowers 🌷

Último capítulo de TN!

Boa leitura! 

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PRESENTE

POV Tulipa 🌷

Sua doença está pior agora do que no início, embora Becky seja diferente da maioria. Há três outros com Alzheimer aqui, e eles são a soma da minha experiência com essa doença. Ao contrário de Becky, os três estão nos estágios mais avançados dela e quase completamente perdidos. Acordam confusos e com alucinações. Eles ficam muito amargos algumas vezes, em outras, parecem crianças perdidas, tristes e sozinhas. Raramente reconhecem os funcionários ou as pessoas que os amam. É uma doença penosa, por isso é difícil para os filhos deles fazerem as visitas, e sei que é difícil para os meus. Becky, é claro, tem os próprios problemas também, que provavelmente vão piorar com o tempo. Ela fica muito assustada em algumas manhãs e chora de forma inconsolável. Vê pessoas pequenas, tipo gnomos, eu acho, a observando e grita para que vão embora. Ela não tem problemas para tomar banho, mas não come regularmente. Está magra agora, magra demais, na minha opinião, e nos dias bons faço o máximo para engordá-la um pouco. Mas é aqui que a semelhança termina. E é por isso que Becky é considerada um milagre, porque às vezes, só algumas vezes, depois que leio para ela, seu quadro não fica mais tão ruim. Não há explicação para isso. "É impossível", dizem os médicos. "Talvez não seja Alzheimer o que ela tem." Mas é. Na maioria dos dias e todas as manhãs, não há dúvidas. Nisso, todos concordam. Mas então por que com ela é diferente? Por que ela às vezes muda depois que leio? Digo aos médicos a razão, sei disso em meu coração, mas não acreditam em mim. Em vez disso, recorrem à ciência. Especialistas já foram até Parkside quatro vezes para encontrar a resposta. E quatro vezes saíram sem entender. Eu lhes digo "Vocês não podem entender baseados apenas em seu treinamento e em seus livros", mas eles balançam a cabeça e respondem: "O Alzheimer não funciona assim. No estado dela, não é possível conseguir conversar ou obter uma melhora à medida que o dia passa. Nunca." Mas isso acontece com ela. Não todos os dias, não na maioria das vezes, e definitivamente menos do que antes. Mas às vezes acontece. E tudo o que está perdido nesses dias é a sua memória, como se ela sofresse de amnésia. Mas suas emoções são normais, seus pensamentos são normais. E é nesses dias que sei que estou fazendo a coisa certa.

O jantar está à espera em seu quarto quando voltamos. Foi tudo acertado para comermos ali, como sempre fazemos em dias como aquele, e novamente eu não poderia querer mais. As pessoas aqui cuidam de tudo. Elas são boas para mim, e sou grata por isso.

Diminuíram a luz, o quarto está iluminado por duas velas na mesa em que vamos nos sentar, e há uma música suave tocando ao fundo. Os copos e pratos são de plástico e a jarra está cheia de suco de maçã, mas regras são regras, e ela não parece se importar. Ela suspira de leve ao ver tudo aquilo. Seus olhos estão arregalados.

– Você fez isso?

Faço que sim com a cabeça e ela entra no quarto.

– Está lindo.

Ofereço meu braço e a levo até a janela. Ela não o solta quando chegamos lá.

Seu toque é maravilhoso, ficamos ali de pé, juntas naquela agradável noite de primavera. A janela está um pouco aberta e sinto a brisa soprar em meu rosto. A lua está no céu e ficamos observando por longo tempo o céu noturno.

The Notebook • FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora