Capítulo 5

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Elara


Na mesa de jantar, por um momento ele estava focado apenas em atacar a sua comida no prato, então passou a me observar, eu que comia com calma uma hora ou outra o olhava de esguelha, lembrando da conversa na cachoeira, do que vi.

Balanço a cabeça afastando os pensamentos.

— Tenho uma pergunta.

— Outra? -questiono quando ele quebra o silêncio.

Ele sorriu felino, os olhos espertos.

— Fui o primeiro que você viu?

Eu suspiro pesadamente deixando o talher no prato.

— Primeiro o que?

— Fui o primeiro homem que você viu?

— Sim. -respondo.

Ele assente.

— E aí? O que achou? -ele abana as sobrancelhas.

Eu faço cara feia e ele sorriu de canto.

— Comum.

— Comum como se nunca viu um até me ver?

— Vi desenhos, você parecia um pouco.

Eu tomo um gole do vinho e ponho  taça na mesa.

— Nada impressionante. -menti.

Uma sombra se enroscou em seu ouvido e ele semicerrou os olhos para mim.

— Mentirosa. -ele disse apontando com o garfo para mim.

— Pense o que quiser. -meu poder crepitou e ascendeu as tochas nas sacadas, dando mais luminosidade.

Suas sombras vibraram em resposta ao fogo, tremendo nos ombros do homem como gatos raivosos.

— Você tem magia.. -ele observa.

— Todos tem. -não dou importância, mexendo no purê de batatas.

— Mas o seu é diferente, eu senti o poder de todas aquelas mulheres quando acordei, são fracas, mas você...

Ele me olha estranho.

— Você é bem forte.

— Mais um motivo para não dar uma de esperto. -ergo os olhos.

— Eu já disse que não vou fugir.

— Devo acreditar nas palavras de um homem?

Ele leva a mão ao peito de forma ofendida.

— Nem todos são iguais, mas considerando que sou o único que você conheceu, eu sou diferente. -falou.

— Acredito. -ironizo.

— Estou falando sério, quais as chances de eu ser um cafajeste cruel como vocês pensam? -ele pergunta.

— Quer que eu minta ou responda verdadeiramente? -rebato.

Ele fechou a cara.

— Engraçadinha, não pensei que tivesse senso de humor. -ele ironiza.

— Se você fosse viver por muito tempo eu diria que você iria descobrir mais cedo ou mais tarde o meu humor ácido e quebrado. —dou de ombros— mas como não vai, vou deixar você às cegas.

— Que tocante, amor. -ele disse.

— Não sou seu amor. -digo calmamente.

— É sim, a donzela que me libertou.

Entre Sombras E Chamas ~O Despertar De Matrizía.Onde histórias criam vida. Descubra agora