Capítulo 1

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Aos sonhadores que nunca deixam cortar suas asas e as todos que cruzam as pernas lendo certos capítulos, seus pervertidos.

~Autora.


Elara

Naquela manhã a luz do Sol atingia os altos picos das torres da Ordem, se derramando em um manto dourado que escorria pelos telhados das casas como água, lhes dando uma imagem divina.

Ao acordar naquela manhã proferi as seguintes palavras as quais havia me acostumado a vida inteira (Seja corajosa quando sentir medo e seja mais corajosa ainda quando não o sentir) e eu segui para mais um dia.

Observo as ruas pelas quais eu caminho, o chão ladrilhado de pedra opala e as casas de tijolos brancos e telhados marfim.

A Ordem Das Chamas Purificadoras, a facção onde vivo, vejo mulheres caminhando para lá e para cá, inúmeras.

Era uma imagem comum para mim, vivemos em Matrízia, um mundo habitado apenas por mulheres.

Ah mas e os homens? Não existem, na verdade existiram há milênios atrás mas foram extintos, rumores de que os Deuses os repudiram e os rebaixaram, que eles não mereciam conviver com nós, que não eram dignos de nós mulheres, pelo menos é o que a alta sacerdotisa, Seraphina.

Ela diz que eram criaturas odiosas e cruéis, que não pensariam duas vezes antes de cravar uma adaga em nosso peito, que eram traiçoeiros e seres maléficos cuspidos de algo abaixo do chão. O tal inferno.

Isso é o que é ditado nos dias de adoração nos quais ela dita.

Desde a extinção dos homens as mulheres tomaram conta desse mundo, o dividindo em facções, há inúmeras facções mas as principais são: A Ordem Das Chamas Purificadoras, A Irmandade Da Ascenção Elemental e Os Renegados Do Crepúsculo, o restante são facções inferiores mas que não deixam de ter certa importância em Matrízia, mas não tanta importância como essas quatro.

Estão espalhados em territórios diferentes neste mundo, a nossa está no coração de Lúmena.

Me aproximo da torre imperial onde há o concelho capital de Matrízia, onde os quatro mestres das facões se reúnem. Não havia nenhuma reunião ou algo de importante hoje, mas a torre imperial possui o lugar onde passo uma boa parte dos meus tempos de paz. A Biblioteca Arcana.

— Bom dia, General. -Maryn me saudou.

— Bom dia, já disse para me chamar de Elara, Maryn, nos conhecemos há quantos anos? -inclino a cabeça.

Ela sorriu, os cabelos ruivos cacheados como pequenas molas balançaram.

— Bastante tempo. -seus olhos verdes cintilam.

Eu assenti.

— Não precisa de formalidades, não é uma das minhas guerreiras. -abano a mão.

Seu olhar vai para a espada em minhas costas.

Luminífera cintilou com a luz que atravessava os vitrais.

— Vai para a biblioteca? -pergunta.

— Sim. -aceno me afastando.

— Bem, devo lhe alertar que a alta sacerdotisa deseja vê-la ao meio dia. -disse ela.

— Seraphina quer mesmo interromper meu almoço? -abro a porta me deparando com escadas.

Maryn riu.

— Se fosse só o seu que ela interrompe, gene... Elara, era muito bom. -ela disse.

Bufo um riso.

Entre Sombras E Chamas ~O Despertar De Matrizía.Onde histórias criam vida. Descubra agora