Elara
— Está tão tranquila assim em deixar tudo? -ele questiona cauteloso.
— Quem disse que estou tranquila? -enfio roupas em minha bolsa, comida.
Eu paro.
— Estou deixando tudo o que protegi por achar algo errado. -digo.
— E?
— E que eu não quero ser um pássaro de asas cortadas. -digo.
Ele parou, sentindo o impacto da própria fase que havia me dito na noite anterior.
— Está na hora de voar. -murmuro.
Eu fecho a bolsa.
— Só irei conseguir nos atravessar daqui até os limites das terras, será necessário muito esforço e poder, então seguiremos o percurso a pé. -falo.
Eu paro diante de Lady, acariciando sua juba sedosa.
— Cindi vai cuidar de você na floresta de Selvaire. —digo— quando tudo isso acabar eu voltarei para te buscar.
Ela me olhou triste.
— Não se preocupe, vou ficar bem..-beijo sua testa.
Ela lambeu o meu rosto, se esfregando em meu corpo enquanto eu abraçava seu pescoço.
Poderia ser a última vez que nos veríamos.
Eu não tinha sete vidas.
Cindi surgiu.
— Vamos? Lady.
Lady olhou para a fada e a seguiu, ela no meio do caminho se esfregou nas pernas de Adrik.
— Até logo, bola de pelos. -ele acariciou suas orelhas.
Ela ronronou, olhou uma última vez para nós antes de sumir com Cindi.
Afasto a ardência em meus olhos e o aperto no peito, eu não iria chorar, talvez depois quando ninguém estivesse olhando.
— Pronto? -questiono.
Olho em volta para a minha casa uma última vez, ainda era a minha casa por pouco tempo.
Embanhei Luminífera em minhas costas e olhei para o grande homem.
Ele assentiu sério e eu segurei em sua mão, um choque e nós atravessamos, peneirando no espaço tempo até cairmos na grama alta da divisa das terras.
Eu respiro fundo dando o primeiro passo, e aquilo era o veredito final.
Ao longe, muito ao longe fumaça negra subiu ao céu e Adrik se virou para ver.
Eu havia deixado magia a espreita dentro da minha casa, para ao primeiro sinal dos inimigos ela tomasse conta.
E a essa hora a minha casa e as capangas sagradas de Seraphina haviam explodido em fogo.
— Vamos logo. -digo.
A jornada a pé até as terras das facções exiladas se iniciava sob o manto da noite estrelada em Matrizía.
Decidida a alcançar os territórios proibidos, caminhamos por trilhas ocultas entre as sombras das árvores antigas.
O chão, coberto por uma fina camada de orvalho, ecoa suavemente nossos passos determinados.
O percurso leva nos leva por vastas planícies e bosques densos, onde as sombras dançam ao ritmo suave da brisa noturna.
O som distante de riachos sussurrantes e a cantiga noturna dos grilos acompanham a caminhada solitária.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Sombras E Chamas ~O Despertar De Matrizía.
FantasyEm um mundo governado exclusivamente por mulheres, a extinção misteriosa dos homens torna-se o epicentro de uma trama envolvente. Quando Elara encontra Adrik, o último homem, a busca por respostas a conduz por terras mágicas, traições políticas e se...