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Soraya T. Batista…

-é só uma febre, logo passa…-

-tenta dormir, Soraya…cê tá fervendo.- suas mãos tocaram minha testa, e depois minhas mãos.

-cuida de Bernardo pra mim?- falei já fechando meus olhos.

-sempre!- ainda senti seu beijo em meus cabelos, e então eu forcei a dormir.

Com alguns dias de resguardo, recebi tristemente a notícia de que meu pai havia falecido, e o pior foi saber que ele veio a óbito no mesmo dia em que eu dei á luz! Isso me destabilizou, de alguma forma ele era meu pai. Venho tendo uma febre alta nesses dois últimos dias.

Também não devo esquecer do momento em que eu ouvi, da boca de César um "eu amo você". Eu queria falar o mesmo, não só porque ele falou, mas sim o que eu sinto. Talvez as coisas mudem entre nós, uma nova vida?! É...talvez eu saiba.

Já estava noite. Senti o lado da cama afundar, e uma respiração meio ofegante se fez presente. Permaneci de olhos fechados, quando senti seu corpo estar confortável, fui me aproximando, tanto que joguei minhas pernas encima das suas, meus braços rodiando sua cintura.

-você tá bem geladinho…- sussurrei, mesmo que não houvesse mais ninguém no quarto.

-e você bastante quente.- César riu levemente, me fazendo rir também.

Outra coisa também mudou entre nós. Quando Bernardo nasceu, César tem dormido no mesmo quarto que eu. Por ele, ele dormiria no sofá que tem no quarto, mas fiquei com pena, e pedi para que ele dormisse junto de mim, na cama. Nem imagino como ele iria acordar, tadinho…

-eu estava pensando…- ele começou, mas ficou calado.

-o que?- o quarto estava escuro, mas ao erguer minha cabeça, notei sua expressão pensativa.

-e se você tirar um tempinho só para você?

-como assim?- perguntei, deitando de peito para cima.

-pensa comigo…- seu corpo ficou inclinado ao meu lado. -com tudo que vem acontecendo, seria bom pra você ficar um pouco afastada de todo esse caos…

-onde cê quer chegar?- o questionei.

-se acalma, não é nada disso que você está pensando…- mordi meu lábio inferior, tentando o entender. -como sua mãe vai para a fazenda, eu pensei, que tal irmos? Nós três, eu você e nosso menino?

-não sei…você não pode se ausentar por muito tempo da empresa…

-vai ser bom pra mim também, assim vou ter mais tempo pra vocês, e aliás, é a minha família, minha prioridade!!- sorriu, e acompanhei o movimento de sua mão, enrolando uma mecha de meu cabelo em seus dedos.

-é, vou pensar sobre isso.- busquei o seu olhar, que estava preso em sua "brincadeira". -mas e sua mãe? Ela comentou comigo ontem que, assim que ela conseguisse um tempo livre, viria pra cá...

-nesse outro final de semana, meu pai vai viajar pro Rio…- nos remexemos na cama, mas ficamos do mesmo jeito.

-e dona Odalí vai?- César pareceu confuso.

-certeza que sim, mamãe não iria deixá-lo viajar sozinho, ainda mais quando se trata de uma festa.- seus olhos se fixaram na parede. -a senhora sua sogra não dá o braço a torcer, principalmente quando é meu pai.

Soltei um risinho só para descontrair, e o vi sorrir, para logo após voltar seu olhar ao meu. César deitou sua cabeça na curva do meu pescoço.

Nada eu fiz para o impedir, apenas levei minha mão para os seus poucos fios de cabelo, a movimentando lentamente, de um lado para o outro, para cima e para baixo.

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