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Narrador…

-respira fundo, vai…- César sussurrou, massageando a barriga de Soraya.

-tá doendo muito, César…- a loira fechou os olhos pela milésima vez naquela noite. -acho…que não vou conseguir.

-se você ficar falando isso para si mesma, não vai conseguir mesmo!- a mão do homem era apertada, esmagada pela mão da mulher. -vai, faz mais um pouquinho de força, vai…

-tenha fé que você vai conseguir Soraya…se Deus quiser e ele á de querer!- Eliziane que dirigia para o hospital.

A mesma estava na casa de Soraya, tinha ido visitá-la com sua companheira Leila, que foi para o hospital no seu carro, era médica. César não estava em condições de dirigir, estava mais nervoso do que a própria Soraya, mas tinha motivos, seu filho iria nascer.

-porque dói tanto?!- gritou Soraya dentro daquele carro.

-minha esposa sabe do que faz Soso…se der algo de errado, Leila irá fazer uma cesárea.- dizia Eliziane calmamente, e suspirou aliviada quando parou o carro em frente ao hospital, vendo sua loira alí, com alguns enfermeiros e uma maca.

César ajudou Soraya a sair do carro, e a pegou nos braços deitando sua esposa naquela maca. Se direcionaram para dentro do hospital, César não deixando de soltar a mão de Soraya em nenhum instante, e sempre dizendo palavras positivas.

-calma Soraya, está tudo sob controle.- falou firmemente Leila, já dentro da sala de parto. -o senhor vai ter que se retirar da sala.

-mas doutora, ela é minha…- César foi interrompido pela médica vulgo Leila.

-por favor…-

Ele respirou fundo, deixando um beijo na testa suada da esposa, antes de sair daquela sala raivosamente. Sentia seu celular vibrar instantaneamente, até que o pegou, se dirigindo para fora do hospital. Era sua sogra, dona Martha, mãe de Soraya.

-Carlos…o Antônio ele…- suas palavras saíam embargadas, pelo choro.

-o que aconteceu?- ele até o momento não tinha tido remorso algum, apesar de já ter uma ideia do que tivesse acontecido.

-ele…ele piorou e…faleceu!- César suspirou, tendo em conta o estado de Soraya ser muito mais importante. -cadê minha filha?

-ela está…ela está em trabalho de parto…- novamente voltou para a sala de espera.

-ai meu Deus! Em qual hospital ela tá?- do outro lado da linha, a mãe de Soraya enxugava as lágrimas de alegria que agora faziam questão de rolar em seu rosto.

Quando encerrada a ligação, César então se deu conta de que, se o pai de Soraya havia falecido, ele teria que dar a ela o divórcio, como prometeu, e sabia que a mesma iria querer, mas…sabia mesmo?

Durante os três últimos meses da gravidez da loira, a relação de ambos fora de bem para melhor, chegaram em um certo ponto em que, existiam apenas Soraya e Carlos naquele casamento, sem todas aquelas fachadas, e o motivo real de estarem casados, sumia.

Nas noites de enjôos, nos desejos inesperados da madrugada, era sempre César que estava alí ao lado de Soraya, segurando sua mão, a admirando comer o que estava com desejo e soltando sorrisos bobos ao conectar dos olhos de ambos. Ele amava aquela mulher, mais do que era possível imaginar e falar, mas o medo falava mais alto quando estava prestes a dizer um "eu te amo".

Muitos diriam que aquele medo era bobagem, que se César realmente estivesse apaixonado pela loira, ele já tinha dito há muito tempo. Mas não é assim que funciona, se você não sentir as pernas fraquejarem, a timidez falar mais alto e sem contar o medo de falar um simples "Oi" ou começar um assunto para falar com a pessoa amada, sinto muito, mas você não está apaixonado(a).

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