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Soraya T. Batista...

Estava sentada no sofá lendo um livro, quando porta de abre e meu marido vem até mim. Ainda era estranho o fato de o lhe referir assim entre cinco anos, mas apenas na minha mente.

O percebi tenso, quando ele deixou um beijo casto na minha cabeça, nem me surpreendi, sempre era assim, e eu gostava de receber seus beijos no meu cabelo, na testa, nas mãos. César se sentou ao meu lado, parecia estar espantado.

-aconteceu alguma coisa, César?- resolvi perguntar, deixando o livro de lado.

-nossos pais...querem conversar com nós dois.- suspirei, fechando os olhos por breves segundos.

Fazia tempo que eu não ouvia isso, confesso que era tão bom não receber ordens dos dois, o que com certeza agora é.

-agora?

-sim...- e a porta foi batida. -não vou fazer nada com você.

Disse quando já estávamos de pés, no mesmo instante que deixou um beijo na minha testa. Confusa pela sua fala, fui até a porta, e a abri. Era meus pais e os pais de César.

Os quatro entraram, e recebi um daqueles abraços calorosos de minha mãe, a abracei, bem forte.

-como você está, meu amor?- perguntou dona Martha.

-bem mãe.- era a verdade, o "casamento" era tranquilo, porém o fato de eu não fazer faculdade ainda me dói.

-Soraya minha querida.- Odalí também era contra essa fachada, mas nunca contestou, como minha mãe. -como está?

-bem senhora.- ela me abraçou.

-precisamos falar com vocês dois!- disse Milton apontando para o filho.

-vamos no escritório.- falou César, e fomos, deixando mamãe e dona Odalí na sala.

Papai e o senhor Milton se sentaram nas duas cadeiras de frente a principal, enquanto eu peguei uma e coloquei ao lado da de meu marido.

A cada palavra que saía da boca dos dois, eu ficava ainda mais desacreditada e surpresa. Não era possível que eles estavam querendo isso.

-isso é inadmissível!- exclamei me levantando.

-não estamos pedindo, estamos mandando, então senta aí!- de forma grosseira, falou o homem que chamo de pai. -já não tenho muitos anos de vida por causa dessa doença maldita, e quem me garante que vocês vão continuar juntos depois da minha morte?

-pensem bem...um filho de vocês é o que nós precisamos, irá fazer bem tanto pra imagem, quanto pra empresa também!- pontuou Milton.

-papai por favor...não quero ser mãe!- pedi, tentando ter calma.

-mas vai querer! Um filho não é coisa difícil.

-falou o senhor que quase não participou da minha infância!- nesse momento meu pai se levantou.

-olha como você fala comigo...- quando percebeu que papai iria vir pra cima de mim, César interferiu se levantando e segurando a mão de meu pai.

-por favor, vamos sentar e resolver isso!- e assim fizemos. -papai, senhor Antônio...isso não vai acontecer, tanto eu quanto Soraya não estamos dispostos a isso.

-não perguntamos se estão ou não dispostos...estamos mandando, e se ela não engravidar de você ainda nesse final de ano, vai ser bem pior pra todos.

-nós não queremos nos relacionar!- só queria chorar, mas não iria fazer isso na frente dos dois.

-pois tratem de mudar isso!- os dois se levantaram, e saíram.

Segurei meu rosto entre as duas mãos, e não teve mais como, chorei. Segundos depois, meu corpo foi abraçado por ele, eu o abracei de volta.

Minutos depois, acalmei a respiração, o choro e me levantei. Saí indo para a sala, não encontrando mais ninguém alí. Subi para o quarto, entrei no banheiro e me olhei no espelho.

-caramba...porque é difícil eles entenderem um não?- perguntei.

Tirei minha roupa, entrei no box, e liguei o chuveiro. Se esse casamento não tivesse acontecido, eu com certeza estaria formada, vivendo a vida que eu quis.

Fiquei longos minutos debaixo do chuveiro, pensando no que faria para não ir para a cama com César, apesar de não ser a pior coisa do mundo, mas...não sei, será minha primeira vez se acontecer.

Me enrolei na toalha e saí do banheiro, indo para o closet. Vesti apenas um vestido soltinho, as peças íntimas e desci para a cozinha, o encontrando sentado na mesa, segurando o garfo com a mão apoiada na mesa.

Sorri, ele sempre fazia o jantar quando chegava cedo, contrário de mim que mal sei colocar uma água para ferver. Depois que nos casamos, a empresa cresceu bastante, graças a ele.

-fiz o jantar.- disse ele, sorrindo se levantando para me servir.

-como sempre!- soltei um riso, acompanhado dele.

Me sentei, comi a quantidade que ele colocou para mim, não estava com muita fome. Logo aquele clima pesado voltou novamente, e o silêncio começava a ficar constrangedor.

-o que vamos fazer?- perguntei, quebrando o silêncio.

-eu...realmente não sei Soraya...- o vi abaixar a cabeça.

-eu não quero ser mãe, ainda!- gosto de crianças, mas ser mãe ainda me pega de surpresa.

-não quer ser mãe, ou não quer se relacionar comigo?- me pegou de surpresa. -eu sei...não me ama, e essa confusão toda complica mais ainda.

-também César, eu...é minha primeira vez, poxa.- tentei não me importar com o que ele falou.

-a minha também...- ficamos envergonhados.

-eles não vão querer saber disso.- sussurrei.

-o jeito é fazer o que eles mandam.- sorri sem mostrar os dentes.

Talvez não fosse tão ruim assim. Conversamos um pouquinho mais, até mudarmos de assunto, soltamos algumas risadas.

-boa noite César...- falei ao avisá-lo que iria subir para dormir.

-boa noite Soraya.- antes recebi seu delicioso beijo na testa.

Ainda pasma com o que temos de fazer, não pude deixar de me sentir ansiosa, um friozinho na barriga...

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Oiiii voltei cedoooo! Mas vou sumir e amanhã talvez apareço aqui com mais um e tbm pra desejar feliz ano novo pra vcs!

❤️😸

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