capítulo 8

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Antes que a venda fosse presa no lugar, Damen viu que os homens que o estavam devolvendo a seu quarto eram os mesmos dois que, na véspera, haviam aplicado a surra. Ele não sabia o nome do mais alto, mas ouvindo conversas, descobrira que o mais baixo se chamava Jord. Dois homens - era a menor escolta desde sua prisão. Mas vendado e amarrado firmemente, sem falar na exaustão,
ele não tinha como tirar vantagem disso. Os grilhões não foram removidos até que ele estivesse outra vez de volta em seu quarto, acorrentado pelo pescoço.

Os homens não saíram. Jord ficou parado, enquanto o homem mais alto fechou a porta consigo mesmo e com Jord no interior. O primeiro pensamento de Damen foi que eles tinham sido mandados para fazer uma reprise de sua performance, mas então viu que eles estavam ali por vontade própria, não seguindo ordens, isso podia ser pior. Ele esperou.

- Então você gosta de uma luta - disse o homem mais alto. Ao ouvir o tom, Damen se preparou para o fato de que ele talvez fosse encarar mais uma. - Quantos homens foram necessários para botar essa coleira em Akielos?

- Mais de dois disse Damen.

Isso não caiu bem. Não com o homem mais alto, pelo menos.

Jord segurou o seu braço e o deteve.

- Deixe - disse Jord. - Nós não devíamos nem estar aqui.

Jord, embora mais baixo, também tinha ombros mais largos. Houve um breve momento de resistência até que o homem mais alto saísse do quarto. Jord permaneceu, sua própria atenção especulativa agora sobre Damen.

- Obrigado - disse Damen com neutralidade.

Jord olhou de volta para ele, obviamente avaliando se falava ou não.

- Eu não sou amigo de Govart - disse ele por fim. Damen pensou, a princípio, que Govart fosse o outro guarda, mas entendeu que não era isso quando Jord acrescentou: - Você deve ter vontade de morrer para nocautear o Brutamontes favorito do regente.

- O que do regente? - perguntou Damen, apreensivo.


Govart. Ele foi expulso da guarda real por ser um grande filho da mãe. O regente o mantém por perto. Não tenho ideia de como o príncipe o botou no ringue, mas esse aí faria qualquer coisa para irritar o tio. - Em seguida, ao ver a expressão de Damen: - O que você não sabia quem ele era?

Não. Ele não sabia. A compreensão que Damen tinha de Laurent se rearranjou, de modo que ele pudesse despresá-lo com mais precisão. Aparentemente, caso um milagre acontecesse e seu escravo drogado conseguisse vencer o combate no ringue, Laurent obteria um prêmio de consolação, sem querer, Damen tinha conseguido para si um inimigo novo. Govart. Não apenas isso, mas derrotar Govart no ringue podia ser tomado como um insulto direto contra o regente. Laurent, ao escolher o adversário com uma malícia calculada, sabia disso, é claro.

Aquilo era Vere, Damen lembrou a si mesmo. Laurent podia falar como se tivesse sido criado no chão de um bordel, mas ele tinha a mente de um cortesão veretiano, acostumada a engodos e traições. E suas pequenas tramas eram perigosas para alguém tão sob seu poder quanto Damen.

Na manhã do dia seguinte, Radel chegou outra vez para supervisionar o transporte de Damen para os banhos.

- Você teve sucesso no ringue e até prestou um gesto de obediência ao príncipe - disse Radel. - Isso é excelente. E vejo que passou a manhã inteira sem atacar ninguém. Muito bom.

Livro: Príncipe cativo 1 ( O Escravo )Onde histórias criam vida. Descubra agora