capítulo 4

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       - Um Akielon humilhado, de joelhos. Que apropriado.

         Em torno dele, Damen estava consciente da atenção dos cortesãos, reunidos para ver o príncipe receber seu escravo. Laurent tinha estacado no momento em que vira Damen; seu rosto ficou branco, como em reação a um tapa ou insulto. A visão de Damen, parcialmente truncada pela corrente curta em seu pescoço, foi suficiente para perceber isso. Mas a expressão de Laurent se fechou rapidamente.

         Damen compreendera que era apenas um de um carregamento maior de escravos, e os murmúrios irritantes dos dois cortesãos perto dele confirmaram isso. Os olhos de Laurent estavam passeando por ele como se observassem uma mercadoria. Damen sentiu um pequeno músculo deslizar em sua mandíbula.

       O conselheiro Guion falou:

     - Ele é destinado a ser escravo de prazer, mas não é treinado, Kastor sugeriu que o senhor talvez gostasse de dobrá-lo a seu prazer.

     - Não estou tão desesperado a ponto de me emporcalhar de sujeira - disse Laurent.

     - Sim, alteza.

       Ele pode sentir o alívio do conselheiro Guion. Tratadores foram mobilizados rapidamente para levá-lo dali. Damen imaginou que ele apresentava um desafio considerável para a diplomacia, o presente de Kastor borrava a linha entre o generoso e o revoltante.

      Os cortesãos se preparavam para partir. A farsa tinha acabado. Ele sentiu o tratador se abaixar até a argola de ferro no chão. Eles iam desacorrentá-lo para levá-lo até a cruz. Ele flexionou os dedos, se recompondo, e manteve os olhos no tratador, seu único adversário.

     - Espere - disse Laurent.

       O tratador parou e se aprumou.

       Laurent deu alguns passos à frente e parou diante de Damen, olhando pra ele com uma expressão ilegível.

     - Quero falar com ele removam a mordaça.

    - Ele tem uma boca grande - alertou o tratador.

   - Alteza se me permite a sujestão ... - começou o conselheiro Guion.

     - Remova.

        Damen passou a língua pelo inferior da boca depois que o tratador soltou o pano.

     - Qual o seu nome, querido? - perguntou Laurent, de maneira não muito agradável.

       Ele sabia que não deveria responder a nenhuma pergunta feita naquela voz açucarada. Ele ergueu os olhos para Laurent. Isso foi um erro. Eles olharam um para o outro.

    - Talvez ele seja defeituoso - sugeriu Guion.

      Olhos azuis cristalinos pousaram nos dele, Laurent repetiu a pergunta de vagar, na língua de Akielos.

      As palavras saíram antes que Damen pudesse detê-las:

   - Falo sua língua melhor do que você fala a minha, querido.

      Suas palavras, com apenas um leve traço de sotaque Akielon, foram compreendidas por todos, o que lê valeu um golpe forte do tratador. Por garantia, um dos cortesãos apertou seu rosto no chão.

   - O rei de Akielos sugeriu, se for de seu agrado, chama-lo de Damen - disse o tratador, e Damen sentiu um embrulho no estômago.

     Houve alguns murmúrios chocados dos cortesãos, a atmosfera, agitada tornou-se elétrica.

   - Eles acharam que um escravo com o apelido do falecido príncipe iriam diverti-lo. É de mal gosto. Eles são uma sociedade sem cultura - disse o conselheiro Guion.
  
      Dessa vez, o tom de Laurent não mudou.

    - Soube que o rei Akielos pode se casar com a amante, Lady jokaste, é verdade?

    - Não houve anúncio oficial, mais falou-se sobre a possibilidade,sim.

    - Então o país vai ser governado por um bastardo e uma prostituta - disse Laurent - Muito apropriado.

       Damen se sentiu reagir, mesmo preso como estava, com um puxão forte abortado pelas correntes, ele captou por um instante de autos satisfação prazerosa no rosto de Laurent. As palavras de Laurent tinham sido altas o suficiente para chegar a todos os cortesãos no aposento.

     - Devemos, levá-lo para a cruz alteza?- perguntou o tratador.

    - Não- disse Laurent - Prenda-o aqui no harém. Depois de lhe  ensinar algumas maneiras.
     

       
                     Continua...

Cap curtinho Sorry ♥️

Livro: Príncipe cativo 1 ( O Escravo )Onde histórias criam vida. Descubra agora