capítulo 12

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    Sem ver nenhuma razão para cooperar com essa ordem, Damen se levantou.

   Isso teve um efeito interessante sobre o guarda, que parou onde estava e virou o olhar de volta para Laurent, à procura de nova orientação. Radel também estava no quarto, e na porta havia os dois guardas em seu turno de vigia.

   Laurent estreitou os olhos diante do problema, mas não ofereceu nenhuma solução imediata.

    Damen disse:

   – Você podia trazer mais homens.

    Atrás dele estavam as almofadas jogadas e os lençóis de seda amassados, e correndo pelo chão havia a corrente ligada à algema em seu pulso, que não era nenhum impedimento ao movimento.

   – Esta noite você está mesmo cortejando o perigo – disse Laurent.

   – Estou? Achei que estivesse apelando à melhor parte de sua natureza. Ordene a punição que desejar à distância covarde do alcance da corrente. Você e Govart são iguais.

    Não foi Laurent, mas o guarda quem reagiu. Aço reluziu ao sair da bainha.

   – Cuidado com o que fala.

    Ele estava usando libré, não armadura. A ameaça era ínfima. Damen olhou com desprezo para sua espada sacada.

    – Você não é melhor, viu o que Govart estava fazendo e não fez nada para detê-lo.

    Laurent ergueu a mão, detendo o guarda antes que ele pudesse dar mais um passo com raiva.

   – O que ele estava fazendo? – perguntou Laurent.

   O guarda deu um passo para trás, em seguida deu de ombros.

   – Estuprando um dos escravos.

   Houve uma pausa, mas se Laurent teve alguma reação a essas palavras, isso não transpareceu em seu rosto. Laurent transferiu o olhar de volta para Damen e perguntou, de modo agradável:

   – Isso incomoda você? Lembro-me de que estava agindo livremente com as próprias mãos não faz muito tempo.

   – Isso foi… – Damen enrubesceu. Ele queria negar ter feito qualquer coisa desse tipo, mas se lembrou de maneira inequívoca que tinha. – Eu garanto: Govart fez muito mais do que apenas aproveitar a vista.

   – Com um escravo – disse Laurent. – A Guarda do Príncipe não interfere com a Regência. Govart pode enfiar o pau em qualquer coisa de meu tio, se ele quiser.

    Damen emitiu um som de repulsa.

   – Com sua aprovação?

   – Por que não? – disse Laurent. Sua voz estava adocicada. – Ele sem dúvida tinha minha aprovação para foder você, mas preferiu levar um golpe na cabeça. Foi decepcionante, mas não posso criticar seu gosto. Mas, afinal, se você tivesse se aberto no ringue, talvez Govart não tivesse ficado tão excitado para entrar em seu amigo.

    – Isso não é nenhum esquema de seu tio – Damen disse. – Não recebo ordens de homens como Govart.

   Você está errado.

   – Errado – disse Laurent. – Sorte minha ter escravos para observar meus defeitos. O que faz você pensar que vou tolerar algo desse tipo, mesmo que eu acreditasse que o que você está dizendo seja verdade?

    – Porque pode acabar com esta conversa na hora que quiser.

   Com tanta coisa em jogo, Damen estava cansado de certo tipo de conversa; o tipo que Laurent preferia e saboreava, e no qual era bom. O jogo de palavras por si só; palavras que construíam armadilhas. Nada disso fazia sentido.

Livro: Príncipe cativo 1 ( O Escravo )Onde histórias criam vida. Descubra agora