capítulo 5

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         Os dois homens a qual a tarefa fora confiada empenharam-se nela com uma brutalidade metódica e trivial. Mas eles tinham uma relutância natural em machucar Damen totalmente além da possibilidade de conserto, já que ele era propriedade do príncipe.

         Damen estava ciente do homem com os anéis dando uma série de instruções antes de partir.Mantenham o escravo preso aqui no harém. Ordens do príncipe. Ninguém entra nem sai do aposento. Ordens do príncipe. Não o solte da corrente. Ordens do príncipe.

         Embora os dois homens permanecessem ali, parecia que os golpes tinham parado. Damen se ergueu lentamente, apoiado sobre as mãos e os joelhos. Com tenacidade realista, avaliou positivamente a situação: suas ideias, pelo menos , agora estavam perfeitamente claras.

         Pior que o espancamento fora á visita. Ele ficara muito mais abalado por ela do que admitiria. Se a corrente da coleira não fosse tão curta e tão impossívelmente forte, ele talvez não tivesse resistido, apesar da determinação inicial. Ele conhecia a arrogância dessa nação. Sabia oque os veretianos pensavam de seu povo. Bárbaros. Escravos. Damen juntara todas as suas boas intenções e suportará toda aquela exposição.

         Mas o príncipe - com a sua combinação particular de arrogância mimada e despeito mesquinho - tinha sido insuportável.

     - Ele não parece muito um escravo de estimação - disse o mais alto dos dois homens.

     - Você ouviu - disse o outro. - Ele é um escravo de alcova de Akielos.

     - Você acha que o príncipe come ele? - perguntou o primeiro, cético.

     - Acho que é mais o contrário.

     - Ordens bem agradáveis para um escravo de alcova - A mente do mais alto se fixou no assunto enquanto o outro grunhiu evasivamente em resposta - Imagine como seria transar com o príncipe.

         Imagino que seria muito parecido com se deitar com uma cobra venenosa, pensou Damen, mas guardou o pensamento para si.

         Assim que os homens sairam, Damen revisou sua situação escapar ainda não era possível. Suas mãos tinham sido desamarradas outra vez e a corrente da coleira fora estendida, mas era grossa demais para ser separada do elo de ferro no chão. Tampouco a coleira podia ser aberta. Era de ouro, tecnicamente um metal macio, mas também grossa demais para ser manipulada, um peso grande e constante em torno de seu pescoço. Ele achou ridículo prender um escravo com uma coleira de ouro. As algemas de ouro eram ainda mais tolas. Elas seriam armas numa luta corpo a corpo, e moeda na jornada de volta a Akielos.

        Se ele permanece alerta enquanto fingia obedecer, a oportunidade surgiria. Havia folga suficiente na corrente para lhe permitir talvez três passos em todas as direções. Havia um jarro de madeira com água bem ao seu alcance. Ele também podia se deitar com conforto nas almofadas e até se aliviar em um penico de cobre dourado. Não tinha sido drogado - nem espancado até ficar inconsciente -, como acontecera em Akielos. Só haviam dois guardas na porta. Uma janela sem tranca.

        A liberdade era atingível, se não agora , então em breve.

        Tinha de ser em breve. O tempo não estava do seu lado: quanto mais tempo fosse mantido ali, mais tempo Kastor teria para consolidar seu governo. Era insuportável não saber o que estava acontecendo em seu país, com seus apoiadores e com seu povo.

Livro: Príncipe cativo 1 ( O Escravo )Onde histórias criam vida. Descubra agora