Capítulo 13: O funeral

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A morte não me é estranha, muitas pessoas próximas a mim já morreram, minha mãe, meu pai, meu avô. Entendo que todos vamos morrer um dia mas o luto sempre permanece ali... te lembrando da pessoa que se foi, acredito que com o tempo as lembranças param de doer como antes.

Com a morte vem a paz, mas a dor é o preço de quem vive, como o amor... é assim que sabemos que estamos vivos. Acredito que as almas gêmeas não necessariamente são casais pode aparecer em amizades muitas das vezes e eu perdi minha alma gêmea, eu acho que a gente se apaixona pelos nossos amigos, tem pessoas na vida que a gente esbarra e tem pessoas na vida que a gente encontra, Harwin Strong na minha vida foi definitivamente um encontro e agora ele se foi.

Estar no enterro de Laena para mim não faz sentido, não a conhecia tão bem quanto o resto das pessoas aqui mas Cregan insistiu que toda a família viesse para prestar um luto que não existe, não tenho nada contra a mãe das minhas sobrinhas mas não a conhecia o suficiente para isso. Queria estar em casa chorando no meu quarto mas a vida não me permite isso, não posso deixar de viver só porque meu melhor amigo morreu.

Uma corda foi puxada e a sepultura de Laena foi jogada na água, viro meu rosto para minha prima Rheanys e ela está desolada. Por um instante me sinto culpada, minha prima perdeu sua filha e eu nem queria vir até aqui prestar uma homenagem.

— Estamos aqui reunidos na Sede do Mar para entregar Lady Laena da casa Velaryon — Sir Vaemond diz do alto de uma pedra de frente para o mar — às águas eternas, o domínio do Rei Bacalhau, onde ele a guardará por todos os dias que virão

Não consigo tirar os olhos de minha prima que está agarrada a uma das netas, olhando para o horizonte a sua frente.

— Conforme adentra o mar para sua última viagem, a Lady Laena deixa duas filhas legítimas na costa. — Vaemond enfatiza o legítimas — Embora a mãe não retornará desta viagem, elas permanecerão unidas pelo sangue. O sal corre pelo sangue dos Velaryon. — ele diz encarando os filhos de Rhaenyra sem o menor pudor — Pelo grosso sangue. Pelo sangue verdadeiro. Que nunca se diluirá. — a risada de Daemon chama a minha atenção, o idiota está rindo no velório da esposa.

Todos o encaram como se estivesse com um problema, é claro que meu irmão tem um problema já que ele nasceu sem o cérebro. Não sei o que é pior, o ataque de Vaemond aos filhos de Rhaenyra ou o Daemon rindo disso.

— Minha gentil sobrinha, que os seus ventos sejam tão fortes quanto suas costas. Que seu mar seja tão calmo quanto seu espírito, e suas redes sejam tão cheias quanto seu coração. Do mar viemos e para o mar retornaremos.

Ele termina seu discurso e eu finalmente volto a olhar para o mar, o lugar onde Laena está neste momento. Seus últimos suspiros foram de dor mas ela está em paz agora.

...

Três grandes casas unidas por uma única tragédia, após o velório o clima continua o mesmo. Cada um está preso no próprio universo nesse momento, não consegui nem tirar um tempo para falar com Rhaenys ainda pois meus filhos estão tomando todo o meu tempo.

— Por que não vão falar com suas primas? Elas acabaram de perder a mãe — digo a eles

De uma coisa que eu tenho certeza, ser mãe é um dos trabalhos mais complicados que eu já tive.

— Acho que não sei fazer isso, nunca tive que falar com ninguém que perdeu a mãe — reclama Saera que recebe uma repreensão em forma de beliscão da irmã Daenys

— Se comporte Saera! — Daenys reclama e Viserra revira os olhos

— E só falar que sente muito, pode não lidar com pessoas de luto mas ainda é um ser humano — Rheagar reclama e leva um tapa da irmã

Winter of fire Onde histórias criam vida. Descubra agora