Lilith e Kaden
Uma assassina possessiva,
Um Mafioso obcecado.
Uma disputa por posse, por manter uma confiança e por manter laços formados de maneira distorcida.
Mortes, perseguições, torturas, medo... tudo isso é excitante para ela, Kaden é o sonho...
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...
"Eu costumava ouvir os gritos... na verdade, não era bem ouvir, era mais como senti-los... sentir os corpos arrastando no chão em busca de algo com as mãos trêmulas, tentando segurar em qualquer coisa que os pudesse salvar. Toda a cena parecia contaminada, clamando por piedade que nunca chegou. Homens, mulheres, crianças implorando por ajuda... era isso que diariamente ecoava nesta casa. As memórias dessas paredes talvez assustassem a todos, mas não a mim; os gritos e o sofrimento não me perturbavam, mesmo sabendo, lá no fundo da mente, que estavam ali, não só os pedidos de socorro daqueles que se foram, mas também de todas as vezes em que imploramos por clemência!"
Dobrei o papel, colocando-o de volta na caixa de cartas roubadas. As letras desalinhadas denunciavam a falta de destreza motora. As cartas que ela escreveu e já não se recorda, revelam partes ocultas de sua vida, mantidas reprimidas para conter a fera interior. No entanto, a chave dessa jaula está em minhas mãos e aos poucos irei abri-la. Minha adorável fera se alimentará da vingança sem saber quem a conduz, até que a verdade seja revelada e ela relembre sua história e todos os seus personagens.
O vento leve tocava meu rosto enquanto a observava do lado de fora, ao lado daquele maldito cão que se alegrava a cada encontro, algo repulsivo. Sua beleza é deslumbrante, mais próxima de uma entidade de contos de fadas do que da assassina que é. A falsa pureza dela se torna ainda mais clara quando está com o animal.
Seus olhos se voltaram na minha direção, sempre tão atentos. As distantes esferas esmeraldas permanecem fixas em mim enquanto eu observo seu sorriso, longe demais para distinguir, mas provavelmente irônico. Ela acena para mim, dando pulinhos como uma criança, e imediatamente fecho as cortinas.
O sol finalmente bate no meu rosto ao sair de casa; a curta caminhada até o canil não é incômoda. Ao chegar perto dela, o cachorro rosna. Um sorriso sarcástico surge em seu rosto.
— Por que decidiu nos agraciar com a graça de sua presença? — ela pergunta.
— Vim ver o seu cão, não você! — ela ri, cobrindo a boca, e não consigo deixar de sorrir também ao ver como suas bochechas ficam rosadas quando seus lábios se curvam em sorrisos.
— Com certeza dava para perceber pela expressão dele que estava morrendo de saudade de você! — zombou.
Ela ergue o olhar pensativa, seus olhos verdes revelam uma compreensão desconhecida para mim.
— Kaden Gonzalez… — sussurrou baixinho, ainda fitando o céu. Ela desliza a mão em um pequeno bolso enfeitado com renda florida no lado do vestido, tirando de lá uma pulseira com quatro sóis e pedras laranjas no centro de cada um. Levantou a mão exibindo para mim.
— Que bela pulseira. —
— Com certeza! — concordou.
— Desde quando você a tem? — Ela ri, entrando no jogo.
