A gravidez inexistente.

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Debaixo no chuveiro, derramei todas as lágrimas que poderia derramar e tentei limpar as marcas e toques os quais o presidente Ok deixou, pois mesmo eu dando permissão, ainda me sentia suja. Talvez não fosse fácil seguir com aquela máscara de mulher que pode suportar qualquer coisa — eu estava tão cansada.

Permaneci dentro do banheiro por uma hora e fui deitar ainda chorando, até que pegasse totalmente no sono. Toda aquela choradeira me custou os olhos inchados logo de manhã e um atraso, pois não havia uma maquiagem no mundo que escondesse minha miséria, então nem tentei esconder.

Naquele dia decidi evitar Minjun, para ele não fazer perguntas, principalmente na frente do presidente, pois aquele me usou e sumiu como fumaça. Se pudesse evitar qualquer homem faria e até cogitei em voltar para casa, mas já estava na portaria da empresa e não podia voltar atrás.

Dentro do elevador, cruzei os braços sobre o peito e abaixei a cabeça com os olhos fechados — um pouco de meditação me faria bem.

— O que houve com seu rosto?

Acabou a meditação!

— Como estamos sozinhos aqui, isso não é da sua conta — respondi.

— Sua grosseria me encanta! — dei de ombros. — Ainda é surpreendente saber que alguém tão rude quanto você, foi uma das damas mais encantadoras.

— Pois é, né?! Não se conhece as pessoas.

Houve um silêncio agradável para mim, então as portas do elevador se abriram no andar da presidência e abri os olhos, infelizmente acabei encontrando a figura do presidente e do secretário Kim atrás dele. Minjun me encarou confuso — meu estado não era o dos melhores e o presidente Ok franziu o cenho.

De repente senti náuseas e o médico deixou claro serem efeitos colaterais do remédio atacando o câncer. Corri para fora do elevador, empurrando os homens do meio e ao alcançar a lixeira mais próxima, me ajoelhei vomitando. Uma água azeda saiu com força e minhas mãos tremiam com aquele gosto horrível na boca — sem fazer a mínima questão de ter os três homens me olhando fazer uma cena ridícula.

— Você está grávida? — Ergui a cabeça e limpei a boca com os dedos, virando-a para eles.

— Isso não é possível, vice-presidente — Minjun respondeu e caminhou até mim. — Algo que comeu te fez mal, assistente Souza. — Ele se ajoelhou ao meu lado, dando tapinhas leves nas minhas costas.

— Se recomponha, assistente Souza! — o presidente disse firme. — Vamos, secretário Kim!

— Mas senhor...

— Não se preocupe com ela, meu irmão resolve — bateu no ombro do mais novo que arregalou os olhos.

— Hyung...

Ele não disse mais nada, arrastou Minjun para longe de mim, mas antes que as portas se fechassem, vi seu cenho se franzir me encarando. Aquela situação só podia ser uma pegadinha, aquilo acontecer naquele momento, tão inoportuno.

Park ChanYeol me puxou pelo braço para ficar de pé. Aquele vômito me deixou fraca, eu não tinha comido nada naquela manhã, pois estava tão transtornada, que só ignorei a fome. Fui sentada na minha cadeira e me servido um copo d'água; estranhamente o vice-presidente estava sendo gentil, mas eu sabia bem o motivo.

— A resposta é não, eu não estou grávida — falei sem encará-lo, porém aquilo não pareceu lhe convencer.

— O seu ciclo é regular? — soltei um suspiro e tomando a água tentei ignorar aquele absurdo.

— Se está tão preocupado que eu possa ter engravidado do senhor, não se preocupe, porque não estou... não sou burra a esse ponto.

Claro que minhas palavras de nada serviram, pois o vice-presidente tirou aquele dia para me rondar, observando se eu dava qualquer indício dos sintomas de gravidez. Meu enjôo tinha um nome e nunca diria em voz alta.

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