Bright Red || Charles Leclerc

looks like we've agreed on something this time

Olívia Giaffone Barrichello.
Melbourne, GP da Austrália.

— Uau, você não acha que está sendo um pouco duro com ele? — Drugovich aparece de repente, sua presença me surpreende. Ele deve ter ouvido minha discussão com Charles.

— Estou tentando manter as coisas estritamente profissionais. — Eu contesto, tentando justificar minha postura.

— Então, isso significa que não há espaço para algo mais... pessoal entre você e o Charles? — Drugovich indaga, curioso.

— Aquele capítulo já está encerrado. — Digo, fechando o assunto.

— Que tal me fazer companhia para jantar, então? Na última vez que estive aqui, descobri um meat pie simplesmente incrível. — Felipe propõe, mudando o tema.

— Parece ótimo, estou dentro! — Aceito, animada pela mudança de planos.

Deixamos o Paddock e Drugovich pega um dos carros fornecidos pela AM para nos levar ao restaurante. Chegando lá, somos acomodados em uma mesa aconchegante.

A noite avança entre pedidos deliciosos, risadas compartilhadas e conversas sobre os mais variados temas. No entanto, percebo o olhar de Felipe sobre mim, carregado de uma intensidade nova.

— Pronta para ir? Posso te levar de volta ao hotel. — Ele oferece, estendendo a mão, ao final do jantar.

— Vamos. — Concordo.

O caminho de volta é curto, mas aproveitamos para cantar juntos algumas músicas, tornando o momento agradável e leve.

— Obrigada por esta noite, Drugo. — Agradeço, ao chegarmos no hotel.

— Passar tempo com você é algo que realmente aprecio, Liv. — Drugovich confessa, aproximando-se de maneira um tanto ousada.

Num impulso, ele me beija. Sou pega de surpresa, mas rapidamente coloco um espaço entre nós.

...

Miami, Grand Prix.

Já se passaram longos trinta e poucos dias desde aquele intenso GP da Austrália, marcando a decisão firme em meu coração: entre mim e Charles, só restaria o profissionalismo. Mas esse mês não foi apenas um vazio de sentimentos; foi uma jornada repleta de emoções, vivida em Madrid ao lado dos meus irmãos, torcendo por Fefo em suas corridas, e alguns dias preciosos com meu pai em Mônaco, procurando conforto em atividades simples como o tênis e caminhadas solitárias na praia.

Um mês também desde aquele beijo inesperado do meu melhor amigo de infância, um momento que, se fosse em nossa juventude, teria provocado risadas e incredulidade. Agora, porém, somos adultos, e nossas ações carregam peso e intenção. Ele jurou que foi apenas uma faísca de diversão, sem sentimentos mais profundos envolvidos, e por um breve período, mergulhamos nessa aventura, rindo e compartilhando momentos que a todos pareciam pintar o quadro de um casal apaixonado. Mas no fundo, sempre soubemos que nossa força residia na amizade, uma verdade que nos guiou de volta à nossa essência, redefinindo os limites de nossa conexão: amigos, apenas.

Enquanto isso, Charles parece ter seguido adiante, sua vida colorida por encontros em Mônaco e Maranello ao lado de Alexandra, sua "amiga". As redes sociais dos seus fãs são testemunhas desses momentos, cutucando levemente minha paz de espírito com uma ponta de incômodo, um sentimento que, eu não queria sentir.

O GP do Azerbaijão veio e se foi sem minha presença, uma ausência forçada por obrigações acadêmicas que me trouxeram antecipadamente a Miami. E aqui estou, hospedada num hotel escolhido pela equipe, após uma decisão impulsiva de vender meu apartamento. A verdade é que Miami já não ressoa como lar, uma realização que me empurra cada vez mais para Mônaco, prometendo ao meu pai que tentaria fazer daquela cidade minha nova morada.