Capítulo 5

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***DULCE***

    Que raiva eu senti ao vê-las juntas! Maite e Anahí sempre pareciam inseparáveis, como se tivessem seu próprio mundo à parte. Era como se eu estivesse sempre do lado de fora, olhando para dentro de uma bolha de amizade da qual eu estava excluída.

    O simples pensamento de ter que suportar aquela cena durante toda a noite já me enchia de fúria. Eu sabia que não devia deixar isso me afetar tanto, mas era difícil não sentir uma pontada de ciúmes e ressentimento.

  Passei por elas, minha expressão era uma mistura de frustração e irritação, incapaz de esconder o turbilhão de emoções que fervilhava dentro de mim. Meus olhos, carregados de raiva contida, encontraram os delas por um breve momento. Eu sabia que não podia deixar que essa raiva me consumisse, mas, naquele instante, tudo o que eu conseguia sentir era a intensidade da minha própria frustração, a sensação de estar sempre do lado de fora.

    Escondida atrás de uma máscara de sorriso, fiz o show como se nada tivesse acontecido. Por fora, eu irradiava alegria e energia, entregando-me à música e à performance com uma intensidade renovada. Mas por dentro, a tempestade continuava a rugir, ameaçando consumir-me por completo. Sob a fachada de alegria e confiança, as chamas da minha própria angústia ardiam mais intensamente do que nunca, uma torrente de emoções que ameaçava me engolir a qualquer momento.

    Enquanto eu trocava de roupa após o show, ouvi batidas na porta do camarim. Reconheci a voz de Anahí do outro lado e hesitei por um momento. Apesar de toda a turbulência emocional que havia acontecido entre nós, ela ainda era minha amiga, e uma parte de mim desejava encontrar conforto em sua presença.

    - Posso entrar, amiga? - Sua voz soou suave e cheia de preocupação.

  Respirei fundo, tentando encontrar a calma dentro de mim, antes de responder. 

   - Sim, Any. Pode entrar. - disse, minha voz soando mais firme do que eu me sentia por dentro.

   Ela entrou no camarim e parou diante de mim, sua expressão carregada de constrangimento. Seus olhos encontraram os meus, cheios de preocupação e incerteza, como se ela não soubesse por onde começar.

- A Maite falou que você não estava muito bem... - suas palavras saíram como um sussurro. Era evidente que Anahí estava lutando para encontrar as palavras certas, assim como eu.

   Balancei a cabeça em um gesto de concordância, sem saber ao certo como responder. A presença de Anahí ali, diante de mim, era ao mesmo tempo reconfortante e desconcertante. 

   - O que você viu especificamente? - ela me perguntou.

 A pergunta de Anahí me pegou de surpresa, e eu levantei uma sobrancelha em confusão. 

- Do que você está falando? - perguntei, tentando entender onde ela queria chegar.

Ela pareceu hesitar por um momento antes de continuar. 

- Do Poncho... Você está triste porque viu ele beijando alguém. Não foi?

 Soltei uma risada involuntária. Eu já tinha até esquecido da mentira que eu havia contado para Maite.

- Sim, foi o que aconteceu...- murmurei, desviando o olhar para evitar encará-la diretamente.

Então veio a próxima pergunta, e mais uma vez me vi perplexa com a linha de questionamento de Anahí. 

- E você viu quem era a pessoa? 

- Não, ela estava de costas -  respondi rapidamente por não saber o que dizer.

Nunca fomos amigas - SAVIRRONIOnde histórias criam vida. Descubra agora